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Tecnologia

A memória de cristal do Super-Homem já é uma realidade

Investigadores da Universidade de Southampton criaram uma nova forma de armazenamento de dados bastante impressionante.

O disco de armazenamento de dados 5D, aka 'memória de cristal do Super-Homem'. Fotografia cedida pela Universidade de Southampton.

Este artigo foi originalmente publicado na nossa plataforma The Creators Project.

Eis o dilema: queres guardar uma cena grande, mas grande tipo Bíblia, por, digamos, um bilião de anos. O que é que fazes? Investigadores do Optoelectronics Research Center da Universidade de Southampton, Inglaterra, têm a resposta. Criaram uma nova forma de armazenamento de dados, tão impressionante que lhe chamaram "memória de cristal do Super-Homem".

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Apesar de a ciência por trás da nova memória de cristal ser de leitura bastante intrincada, as ramificações desta descoberta são simples de entender. Ao criarem o que denominam de "5D data storage" em discos de cristal, os investigadores acreditam que podem armazenar 360 terabytes de dados (por disco), por mais de 13 biliões de anos, a 130 graus Celsius. A temperaturas estáveis, garantem, não há sequer limite de tempo.

O processo de fabricação apresentado pelo Southampton Optoelectronics Research Center. Vídeo via SORC YouTube page.

Enquanto o nome que lhe dão nos desperta de imediato a lembrança dos clássicos cristais de memória que o Super-Homem mantinha na sua Fortaleza da Solidão, não é a primeira vez que a ficção científica prevê este tipo de fenómeno. Chris Noessel, fundador do Sci-Fi Interfaces e autor de Make It So: Interaction Design Lessons from Science Fiction, especializou-se em design de interface na ficção científica. Quando se trata de identificar algo como um cristal de memória em sci-fi, explica, "tens de separar as águas entre a sua forma e a sua função. O que é que se parece e comporta como cristais de memória versus o que é que a ficção científica nos prometeu sobre armazenamento. Os nossos princípios sobre aquilo que é o armazenamento massivo continua a expandir-se, a expandir-se e a expandir-se". Noessel lembra outra aparição prematura do cristal de memória, em 1951, no clássico sci-fi "The Day the Earth Stood Still". Na cena de abertura um alien aterra no Planeta e segura um pequeno cristal metálico cilíndrico e é imediatamente abatido, deixando cair o aparelho que se parte no chão. "Esse aparelho tinha como propósito a salvaguarda do conhecimento universal e era uma oferta para os terrestres. E, claro, estragámos tudo".

Super-Homem entre as suas memórias de cristal. Frame extraído de Superman II. Distribuído pela Warner Bros., dirigido por Richard Donner.

Os cristais de memória aparecem como coisas normais do dia-a-dia em séries de televisão como Star Trek: The Next Generation, Stargate, ou Farscape. É interessante salientar que além dos cristais do Super-Homem, a ficção científica não começou a mergulhar mais na cena dos cristais de memória até que coisas como os floppy discs entrassem na consciência pública como normais. Mas, acrescente-se, já há mais de 50 anos que as referências são mais que muitas, seja em variações de "Star Wars", como os livros ou os jogos de vídeo, em que o "holocron" é um cubo de cristal que contém informações secretas Jedi, em "2001: Odisseia no Espaço", onde o HAL 9000 tem magníficos painéis de memória em vidro, ou no jogo "Halo", com o armazenamento de inteligência artificial feito em cristais.

O sistema de armazenamento da memória de cristal de HAL 9000's, de 2001: Odisseia no Espaço. Distribuído pela MGM, dirigido por Stanley Kubrick.

Mas o aparelho de armazenamento favorito de Noessel está no filme de 1956 "Forbidden Planet", em que terrestres visitam o alien Morbius. "Ele tem um pequeno aparelho na secretária, com uma espécie de farpas à volta", explica. E continua: "Ele saca uma dessas farpas, deixa-a cair sobre o aparelho e começa a ouvir-se música. Isto é uma predição absolutamente fantástica para a altura. Prever que um pedaço de metal pudesse conter música". É algo que para nós, hoje em dia é óbvio, mas em 1956…Quando lhe perguntámos que aparelho da ficção científica gostaria de ver tornado realidade hoje em dia, Noessel não hesita: "O 'tricorder' de Star Trek. Esta ideia de poderes ter algo portátil que te faz um diagnóstico e pode curar-te instantaneamente é tão poderosa que até existe um prémio para quem conseguir criar um 'tricorder' que funcione".