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economía

Jovens formados falam sobre os altos e baixos de voltar pra casa dos pais

Morar de novo com sua mãe e seu pai geralmente significa muita comida grátis e nunca ter que pagar aluguel. Também pode te fazer sentir como se tivesse voltado pro colegial.
MS
Traduzido por Marina Schnoor
Grace Chang, Libby Collyer e Roy Rosa foram morar com os pais depois da faculdade para economizar uma grana.

Três meses depois de se formar na Universidade do Estado da Geórgia em 2016, Grace Chang decidiu voltar para a casa dos pais porque não conseguia bancar morar sozinha. Mesmo tendo conseguido um emprego assim que saiu da universidade como técnica de dados júnior, ganhando $39 mil por ano, a formada em geologia logo viu que voltar pra casa onde cresceu em Woodstock, Geórgia, “Fazia mais sentido financeiramente”, ela disse.

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“Não fazia sentido ganhar só o suficiente para sobreviver”, disse Chang, agora com 23 anos. Não só ela economizaria $800 de aluguel por mês morando com os pais, mas isso a ajudaria a começar a pagar seus $50 mil em dívidas estudantis. “Pagar a dívida estudantil já é estressante. Ter que pensar no aluguel além disso pode acabar com uma pessoa.”

Chang é uma entre milhões de jovens adultos morando com os pais depois da universidade. Quase um terço dos americanos entre 18 e 34 anos fazem isso hoje, versus apenas um quarto em 1975. E entre esse grupo, um em cada quatro não estão trabalhando ou estudando. Num exemplo recente que ficou bem conhecido, o desempregado de 30 anos Michael Rotondo se recusou a sair da casa dos pais em Nova York até que eles conseguiram despejá-lo na justiça.

Esse é um caso extremo, claro. E considerando as enormes dívidas estudantis que muitos formados americanos encaram — um estudante geralmente paga $393 por mês — não é surpresa que esse arranjo compensa uma perda de independência que vem com dormir na sua cama de infância e viver sob o olhar vigilante dos seus pais.

As vantagens de morar com os pais

Libby Collyer voltou pra casa dos pais em Dallas em 2014, quando não conseguiu entrar pra escola de medicina depois de se formar na Loyola University em Nova Orleans. Ela passou dois anos trabalhando como técnica de emergência médica na cidade natal e conseguiu economizar $12 mil, que, com ajuda dos pais, ela usou para fazer mestrado na Universidade Estadual da Carolina do Norte em Raleigh.

Libby Collyer com o pai em sua formatura em 2014.

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Para Collyer, agora com 26 anos, voltar para casa depois da faculdade “fortaleceu meu relacionamento com meus pais”. O retorno ao ninho também tinha algumas vantagens culinárias: “Em casa, eu tinha acesso a uma geladeira cheia de carnes e queijos caros, como steak e brie — era ótimo”.

Esqueça a privacidade

Collyer diz que o lado ruim de morar sob o mesmo teto que os pais era o monte de perguntas que eles faziam sobre seu novo namorado. Na primeira vez que eles saíram, ele foi buscá-la na casa da família, e quando ele bateu na porta, seus pais “correram para se intrometer”, ela diz. Enquanto o relacionamento deles progredia, “Eu não podia passar a noite na casa dele sem meu pai fazer um milhão de perguntas na manhã seguinte”, ela acrescentou.

“Sou tratado como se tivesse voltado pro colegial, mesmo depois de ser independente na faculdade”, diz Rosas.

Roy Rosas, 25 anos, teve um problema similar para colocar limites pros pais. “Sou tratado como se tivesse voltado pro colegial, mesmo depois de ser independente na faculdade”, diz Rosas. Ele diz que os pais são “muito curiosos” e sempre querem saber o que ele está fazendo quando não está em casa.

Formado em 2016 na Universidade do Wisconsin, ele mora na casa dos pais em Beloit, no mesmo estado, desde que se formou porque não conseguiu achar um emprego de tempo integral. Seus pais cobrem todas as suas despesas, incluindo $170 por mês da sua dívida estudantil de $40 mil.

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Dando pequenos passos para se mudar

Depois de ficar desempregado por alguns anos, Rosas trabalha agora meio período ganhando $8,25 por hora como especialista em redes sociais na indústria de turismo. Mas não conseguir se sustentar colocou um peso em seu relacionamento com os pais. “Às vezes eu explodo com os meus pais ou eles explodem comigo porque eles questionam meu diploma e minha ética de trabalho. Eles não veem quanto tempo passo mandando currículos só para ser rejeitado toda vez, sem nem conseguir fazer uma entrevista."

Mesmo estando empregado agora, ele não ganha o suficiente para sair da casa dos pais. “Tenho amigos falando em fundo de aposentadoria e não tenho nem poupança”, ele mencionou. “Às vezes minha situação me faz me sentir muito pra baixo.”

Roy Rosas de férias no Rio de Janeiro depois da formatura em 2016.

Apesar disso, Rosas diz que tenta se lembrar de que seu atual modo de vida é temporário. “As pessoas têm ritmos diferentes, então não tente se comparar com os outros”, ele disse. Ele espera que seu trabalho de meio período renda um emprego de tempo integral — para que ele possa finalmente morar sozinho em Chicago.

Matéria originalmente publicada na FREE US.
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