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Publishers, sua conferência da E3 não é eSport

Fingir que tudo é eSports é chato e bate aquela vergonha alheia.
Imagens: EA/Divulgação

Esta matéria foi originalmente publicada no Waypoint.

A apresentação da EA nessa última E3 foi tão empolgante quanto uma reunião de negócios, apesar de todo o esforço da atriz Janina Gavankar em tentar convencer o público de que vai dar tudo certo na campanha de Star Wars Battlefront 2. A parte chata da conferência pode ser atribuída à demonstração extensa do modo multiplayer do jogo, que contou com a participação de influenciadores e narração esportiva feita por pessoas que foram treinadas para isso.

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Não tem nada de errado em tentar mostrar o multiplayer de um jogo que, tradicionalmente, sempre focou em multiplayer mesmo. Pode meter uma ação cheia de tiros a laser e robôs sendo destroçados com sabres de luz, galera! Mostre pras pessoas por que tudo isso é interessante, por que é empolgante e, especificamente para um jogo como Battlefront, mostre os momentos intenso que surgem no multiplayer e que as pessoas podem esperar quando forem jogar com os amigos.

Mas tentar enquadrar o seu jogo que nem mesmo foi lançado como um eSport já estabelecido é possivelmente uma das maneiras mais entediantes e menos efetivas de se fazer isso – e, francamente, é surpreendente que as publishers continuem promovendo os seus jogos dessa maneira. Para entender por que é errado, no entanto, a gente precisa primeiro conversar sobre o público de esportes em geral.

Em termos gerais, o público só curte um esporte como um evento para ser assistido se ele for compreendido por todos. Sem contar que é possível apreciar um esporte sem precisar entender os mínimos detalhes de como ele funciona, obviamente, da mesma forma que você não precisa saber as regras de esgrima para poder curtir uma treta de espadas. Alguns games são superficialmente dinâmicos ou empolgantes, e às vezes é melhor assistir a esses jogos sem contexto algum.

Jogos como Dota 2 e CS:GO, no entanto, exigem um certo conhecimento e contexto para fazerem sentido, visualmente ou de uma forma geral. Uma grande jogada em um MOBA é uma zona incompreensível se você não entende do mapa, dos personagens e das suas habilidades. Sim, CS:GO é um gigante dos eSports, mas assistir à um campeonato profissional do jogo significa ver um monte de jogadas idênticas de soldados tretando em galpões genéricos sem contexto algum do por quê aquilo é divertido de acompanhar.

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Basicamente, se o contexto do seu jogo não é auto-explicativo, então é melhor que seja divertido olhar para ele. Esse não é o caso da maioria dos jogos de tiro, e não foi o caso da apresentação ensaiada de Battlefront 2. Como um espectador que nunca jogou esse game ainda não lançado, eu não tenho o vocabulário necessários para compreender quais são os desafios desse modo, ou as vantagens de cada classe, ou as diferenças de cada parte do mapa etc. Tudo o que eu vejo em uma apresentação assim são cortes rápidos de cenas com robôs idênticos e naves espaciais voando uma em volta da outra.

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Veja bem, robôs e naves espaciais são incríveis, e se tivessem me mostrado um trailer eletrizante cheio de explosões e tretas com muito laser, então, sim, provavelmente eu estaria empolgadão agora. Em vez disso, me deram um prato frio feito de um vídeo confuso com comentários totalmente sem graça por cima, e ainda por cima dura um milhão de anos. Eu entendo que existe muita grana rolando em eSports agora e esse tipo de ação foi feita para agradar os investidores da empresa, mas antes de qualquer coisa, essa ações fazem com que o jogo que a empresa está tentando me vender pareça entediante e sinto vergonha alheia da narração, ou pior ainda, de toda a gritaria ensaiada da apresentação.

Por favor, galera das publishers e estúdios de games, pare de fazer isso. Esse pedido vem de alguém quer ver um jogo e ficar empolgado com ele, então, por favor, pare de tentar convencer o público que esse jogo entediante não é entediante, e faça qualquer outra coisa no lugar. Produza um trailer, me faça rir até; faça qualquer coisa, menos fingir que o público entende e tem carinho por um jogo que acabaram de me contar que vai ser lançado um dia.

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