Andrade se fez de desentendido depois que a comparação virou manchete da Agência Brasil, que teve que mudar o texto depois de circular rede afora, e falou que apenas queria usar isso como exemplo para mudar as leis trabalhistas nacionais — o que não isentou outros veículos de saírem por aí em cruzada de pelegagem jornalística para tentar baixar o barulho, alegando inclusive que as mudanças na França ocorrem para que a semana de trabalho por lá chegue a no máximo 60 horas (contando horas-extras). Esse detalhe mostra apenas que Andrade está bem despreparado para tratar de mudanças reais nas leis trabalhistas brasileiras, mas ele não é o único que quer fustigar o fiofó do peão brasileiro.Desde antes do impeachment, a equipe econômica do interino Michel Temer já apontava que uma de suas prioridades, caso conseguisse derrubar Dilma Rousseff, seria flexibilizar as leis trabalhistas. É sério, para ser mais específico, é o ponto "i" da sua Ponte para o Futuro, documento que fez circular entre empresários antes de se crescer pra cima da presidente na companhia de Cunha.Quem no momento toca a aplicação das ideias mais dolorosas da ponte é o ministro Eliseu Padilha, da Casa Civil, que tem protagonizado uma cruzada pessoal contra a CLT. Mesmo gente que deveria defender o trabalhador está empenhada em mudar o quadro atual, como é o caso ministro do Trabalho e Emprego, Ronaldo Nogueira, e Ives Gandra Martins, presidente do Tribunal Superior do Trabalho — ambos falam em "flexibilizar" as leis, mas sem entrarem em questões mais específicas que não a de que o "negociado" esteja acima do "legislado" em questões trabalhistas. Ou seja, o que importaria é o que patrão e trabalhador "acordem", por pior que seja para o último, e não o que diz a letra fria da lei.
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