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Tecnologia

O Que Vai Acontecer com as Lagartixas Perdidas no Espaço?

Um satélite russo com cinco répteis, uma colônia de moscas e alguns cogumelos não está mais respondendo aos comandos. E agora?
Uma lagartixa sortuda na Terra. Crédito: Wikimedia Commons/ozz13x

Recentemente, um satélite russo de pesquisas, que carregava cinco lagartixas, uma colônia de moscas-das-frutas e alguns cogumelos selecionados, foi lançado do Cosmódromo de Baikonur. Hoje, oficiais da Roscosmos confirmaram boatos de que a aeronave Foton-M4 não está mais respondendo aos comandos da missão, deixando os animais presos em órbita terrestre baixa.

"Os equipamentos […] estão operando em modo automático, e o experimento com as lagartixas, em particular, está funcionando de acordo com o programa", disse Oleg Voloshin, do Instituto de Problemas Médico-Biológicos, o grupo que organizou a experiência.

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Mas embora os sistemas de suporte de vida dos seres em órbita ainda estejam segurando as pontas (pelo meos por enquanto), a torre de controle não consegue fazer o satélite chegar à órbita permanente planejada, em maior altitude. Isso tirará as lagartixas de curso na hora da aterrisagem, marcada para daqui a cerca de dois meses.

O Foton-M4 é o primeiro de uma nova linha de satélitas de pesquisa microgravitacional, criados para testar respostas biológicas a ambientes espaciais. O satélite inaugural contém cinco lagartixas: um macho e quatro fêmeas. Pesquisadores esperavam que o quintento fizesse bastante sexo ao longo da estadia de dois meses em órbita, fornecendo novas percepções sobre o sucesso reprodutivo em microgravidade.

Mas, infelizmente, a orgia espacial de lagartixas ruma a um fim precoce. Mesmo se os sistemas de suporte de vida continuarem firmes e fortes – o que é um enorme "se" –, o satélite incomunicável precisa retornar ao curso de voo planejado, ou se perderá, de acordo com o Moscow Times. Não ficou claro se isso significa que ele irá queimar na atmosfera ou rumar em órbita indefinidamente, mas nenhum desses quadros parece bom para as lagartixas.

O Foton-M4 é apenas a mais recente pane de uma longa tradição de armadilhas mortais para animais, criadas por acidente pelo programa espacial russo. Recentemente, o satélite Bion-M, lançado no dia 19 de abril de 2013, colocou 45 ratos, 15 lagartixas e oito gerbos em órbita para uma pesquisa de um mês de duração.

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O satélite conseguiu pousar perfeitamente, mas era tarde demais para salvar a maioria da tripulação. 39 ratos morreram de fome depois que o sistema de abastecimento de alimentos quebrou (imagine o que os outros seis tiveram que fazer para sobreviver – isso sim daria um filme da Disney extremamente obscuro).

Em paralelo, os oito gerbos morreram quando a alimentação, a ventilação de oxigênio e os sistemas de iluminação desligaram simultaneamente. O boa notícia é que todas as 15 lagartixas retornaram à Terra sãs e salvas… para então passarem por uma eutanásia.

Apesar das diversas casualidades animais a bordo do Bion-M, os oficiais da missão declararam que ela foi um sucesso, enfatizando que esperavam mesmo que muitos animais falecessem no espaço.

Não restam dúvidas de que informações valiosas são obtidas por meio desses projetos, mas é impossível não ficar meio triste pelas tripulações inadvertidas dos satélites. No entanto, é preciso admitir: uma orgia no espaço não é a pior das mortes.

Tradução: Stephanie Fernandes