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Música

Mussi Alça Voo Solo e Estreia a Festa Dûsk, no Skol Beats Factory

Papeamos com a DJ sobre a nova fase de sua carreira e a proposta da balada que acontece sob sua curadoria, no próximo dia 28/6.
Foto: Samuel Esteves

Até outro dia mesmo, o nome da Amanda, aka Mussi, seguia vinculado ao coletivo Metanol.fm. Ela fez parte do lance desde que o Metanol virou um coletivo, de fato, depois que os caras decidiram expandir o trabalho que já vinham fazendo com a rádio on-line e começaram a promover suas conhecidas festas ao ar livre e em locações inusitadas. Por que a mina decidiu trilhar caminho solo, enquanto a Metanol vive uma de suas fases mais interessantes, é o que uma galera teima em questionar. Mas a razão apontada não é lá tão entrópica assim. Ela tomou a decisão pensando em ter mais tempo para tocar seus demais projetos e, assim, direcionar seu som para outro tipo de performance, focada em sets mais longos: "Quero poder desenvolver melhor a história que eu estou contando. Foi uma decisão com objetivo de valorizar minha identidade musical. Acho que todo mundo que trabalha com isso passa por muitas mudanças (e deve!), e no meu caso foi reflexo de uma transformação pela qual passei", disse.

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Filha de pai multiinstrumentista e mãe compositora, já era de se esperar que ela quisesse desenvolver seus sets de modo cada vez mais pessoal. Recentemente, inclusive, abrimos a versão brasileira da coluna Mixed By com uma mix dela, que ilustra bem a pegada UK funky-bass-garage que pontua seu estilo. O próximo passo é dedicar empenho a suas próprias festas. E o primeiro evento organizado sob a curadoria da Mussi vai rolar no próximo dia 28/6, sábado, no Lounge do Skol Beats Factory. Será a estreia do projeto Dûsk. À ocasião, a moça divide line-up com o Thiago Salvioni, do Soul One, Ney Faustini e intervenções visuais do dmtr.org. Pegamos o gancho e conversamos com ela sobre essa nova fase e, em especial, a proposta da balada:

Thump: Bem, essa vai ser a primeira edição da sua festa, a Dûsk, né? De que forma o nome da festa traduz a vibe que você pretende imprimir nesse projeto?
Mussi: O nome, em inglês, quer dizer "crepúsculo", ou, "o cair do dia", e surgiu enquanto eu conversava com uma amiga, que me ajudou a escolher esse nome. A ideia é convidar os amigos e DJs para curtir o fim de tarde e o começo da noite. Como tudo que eu faço, gráfica e musicalmente [Nota: a Amanda trampa fazendo umas artes também], tem sempre uma conotação das galáxias, achei perfeito por se tratar de um momento em que o céu escurece.

Depois desse evento, a sua ideia é fazer com que o projeto continue, seja de modo itinerante ou residente, em outros picos, locações?
Inicialmente eu criei o projeto apenas para o Skol Beats Factory. Como o espaço é um projeto especial, penso que o evento também deveria ser. Mas acredito que nada impede que aconteçam outras edições, vai depender da repercussão dessa primeira. E se rolar, o conceito vai ser o mesmo: festa no fim de tarde. Logo a ideia de levar para algum club já foge um pouco da proposta. Mas seria ótimo poder fazer mais vezes, estão rolando vários eventos em horários mais cedo, e não menos divertidos do que ir a um club. Eu gosto muito desse modelo de festa, assim dá para aproveitar o dia seguinte melhor. Para clubs, estou bolando outra proposta por enquanto.

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Em que tipo de som especificamente você gostaria de focar os line-ups das suas festas, caso este ou outros projetos sigam adiante?
Acho que tudo vai ser meio UK funky, house, techno, garage ou vertentes disso, sempre focando em ritmos mais modernos mesmo. Acho que tem muita coisa boa e nova precisando ser tocada. Gostaria de poder diversificar os line-ups, mas sem fugir disso, gosto que o evento tenha uma identidade própria.

Então, quais os sons que não podem faltar num set/mix ou festa sua?
Eu amo misturar batidas mais quebradas ao house mais limpo, e ultimamente tenho pesquisado muito uma vertente do house que intitularam de "bass house". Não fico me atrelando aos gêneros, pois gera muita polêmica desnecessária, então para ficar mais simples eu prefiro citar os artistas que eu sempre toco: Martyn, Makes No Sense, Mosca, Boddika, SBTRKT, Mak & Pasteman, Claude VonStroke, Kry Wolf…

Há quanto tempo você discoteca, como foram as primeiras experiências? E, o que te fez tomar gosto pela coisa?
Faz uns quatro anos mais ou menos. As primeiras experiências foram em festas de hip hop e música jamaicana. Eu tocava com a Mats, uma das minhas melhores amigas. Fazíamos uma dupla e era bem despretensioso, a gente só queria se divertir tocando nossas seleções. Eu sempre curti música eletrônica e sempre pesquisei, pois desde muito nova convivi com DJs, produtores e músicos, aí comecei a criar um estilo próprio. Primeiro eu tocava muito beat music, mais experimental, e coisas que ainda conversavam com o hip hop. Ainda toco uma coisa ou outra nesse estilo quando vou fazer um warm-up ou tocar em algum evento dentro desse segmento, mas acho que os beats 4x4 falaram mais alto, e foi por aí que desenvolvi o gosto do que toco hoje em dia. Além de amar ver as pessoas dançando loucamente, pois eu sou uma dessas pessoas que ama dançar uma boa música. Então o feedback da pista é muito gratificante. Adoro fazer as pessoas se divertirem e eu descobria muita música que não ouvia em nenhuma pista. Foi mais ou menos isso que me fez seguir em frente.

Saquei. Mas o que te atraiu especialmente para o tipo de som que você propaga atualmente? Porque, pela sua vivência, poderia ter enveredado pelo house ou o techno mais tradicional…
É que essa mistura do UK funky com house carrega aquela coisa da maloqueiragem dos beats mais tortos com a finesse do house, que é o que engrossa esse caldo. Eu sempre curti dualidades, gosto de juntar as coisas e ver no que dá. E curto surpreender os ouvidos mais exigentes também. Pessoas que estão acostumadas a ouvir só 4x4 e long sets de house e techno acabam se identificando com meu som e achando ele moderno (risos); e gente que ouve rap e vertentes também acaba se identificando com os vocais africanos e as batidas mais tribais. É legal mostrar que é possível encontrar elementos daquilo que você gosta em estilos opostos ao que normalmente você ouve.

Além de discotecar e produzir mixes, você já pensou em ampliar a sua atuação para a produção autoral?
Sim, estou nesse processo de aprendizado. Todo mundo pergunta isso (risos), mas é um caminho longo e infinito. No caso, agora estou ainda aprendendo, não sei no que vai dar, nem quando. No momento estou tentando fazer algo que eu não sei do que chamar, mas com tantas mudanças na vida, capaz que daqui um tempo seja totalmente diferente, não tem como definir isso. Eu com certeza quero produzir minhas tracks e fazer uma performance live e não apenas discotecar minhas músicas, estou trabalhando para isso.

O que há de mais inovador acontecendo na música underground atualmente, em sua opinião?
Acho que a cena brasileira está explodindo de talentos e fazendo mais bonito do que qualquer outro lugar. Acredito que os que mais inovam são aqueles que estão produzindo e fazendo lives. Gosto muito do Manara, do Seixlack, do L_cio, do Cesrv, do Sants, todos eles tem estilos bem próprios. Claro que eles se identificam com certos gêneros, mas no todo acho bem originais. Tem meu amigo Marteaux também, que é de Buenos Aires, mas mora em São Paulo. Ele tem um live bem único. Além dessa galera, eu curto muito o M.Takara, que está se jogando mais para o eletrônico agora, mas que já usava beats programados em suas performances com bateria. Gosto muito dos projetos dele.