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Tecnologia

​Sindicato dos Gamers Quer Maiores Premiações e Banheiros Separados do Público

A classe tá se unindo, bicho.
Crédito: Emanuel Malberg

No começo de outubro, jogadores profissionais de Dota 2 e Counter-Strike: Global Offensive deram um passo importante na proteção de seus interesses: a sindicalização.

A medida não veio do nada. O público das competições de jogos eletrônicos cresceu adoidado nos últimos anos, e o setor teve que amadurecer na mesma velocidade para acompanhar o ritmo de milhões de novos espectadores e de lucros cada vez maiores – segundo a empresa de pesquisa Newzoo, o valor chegará a US$765 milhões de dólares em 2018, vai vendo. Hoje não é raro ver jogadores virtuais faturando na casa dos seis dígitos com contratos de patrocínio, streams monetizados e prêmios.

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Acontece que, para muitos dos competidores, as verbas de premiação não são tão justas. Em uma carta enviada à ESL, ESEA, DreamHack e demais organizadores de torneios de eSports, os jogadores definiram condições para garantir que ganhem uma fatia mais recompensadora de prêmios.

A carta foi escrita por Alexander Kokhanovskyy, CEO do time de eSports ucraniano Na'vi. Outras grandes equipes como Team Liquid, Vitrus.pro, Fnatic e Ninjas in Pyjamas assinaram o texto, que foi publicado na íntegra no site e-frag.net. Kokhanovskyy não respondeu às nossas tentativas de contato.

Ulrich Schulze, vice-presidente de pro gaming da ESL, disse que a organização vê com bons olhos a sindicalização dos gamers profissionais.

"Claro que as pessoas gostam de encarar os sindicatos como algo que os impede de realizar seu trabalho", disse Schulze ao Motherboard. "Elas pensam logo nos jogadores impedidos de jogarem na NFL e NBA e tudo mais. Nós na verdade gostamos dessa ideia. Para nós é ótimo que jogadores e equipes comecem a pensar coletivamente no que querem e discutam sobre isso para que não tenhamos que abordar o tema com cada um deles."

Como explicado por Schulze, a ESL quer saber o que os jogadores esperam dos eventos da empresa e ficará mais fácil lidar com um órgão que representa todos os jogadores do que responder a cada problema individual relatado pelas redes sociais.

Crédito : Emanuel Maiberg

Schulze também disse que, com base em suas impressões iniciais, nenhum dos pedidos é absurdo.

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A carta trata de jogadores em apenas dois games, Dota 2 e Counter-Strike: Global Offensive, que pedem por um mínimo de dinheiro de premiação para participação em torneios, processo de pagamento transparente, ajuda de custo com viagens e um número máximo de partidas a serem jogadas por dia e mais.

Uma cláusula que me chamou a atenção foi a de que jogadores querem um banheiro exclusivo para não terem que compartilhar com o público.

Tenha em mente que os jogadores de eSports são em sua maioria adolescentes ou tem vinte e poucos anos

"Pode parecer pouco, mas se você tiver que ir a um banheiro público durante um grande evento e tem umas 50 pessoas pedindo autógrafos, isso atrapalha bastante", afirmou Schulze.

A carta parece ser direcionada mais a organizações que acabaram maltratando os jogadores no passado. Como exemplo, Schulze cita o evento Gaming Paradise na Eslovênia, em que os computadores não eram potentes o bastante para rodarem os jogos e os passaportes dos jogadores foram confiscados pela polícia após os organizadores não terem pago por suas acomodações.

Um sindicato organizado pode subir o nível dos organizadores a ponto de evitar tais dores de cabeça.

"Será desafiador para eles", afirmou Schulze. "Um sindicato não é só algo que se monta. Haverá um processo de aprendizado. O que eles enviaram é um começo, tem seus interesses e precisam pensar como apresentá-los."

Tenha em mente que os jogadores de eSports são em sua maioria adolescentes ou tem vinte e poucos anos com dinheiro fluindo para todos os lados. É necessário algum esforço organizado para proteger os jogadores e seus interesses.

Mesmo que esta iniciativa falhe, Schulzem afirma que algo similar a um sindicato deverá tomar forma para organizar melhor o setor de eSports. "É inevitável", disse.

Tradução: Thiago "Índio" Silva