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Música

Discos: Sons of Magdalene

Parece que este gajo deixou um gravador dentro de uma conduta de ar e depois foi dizer aos amigos que tinha feito um drone impressionante.

Move to Pain

Audraglint

Uma das certezas mais comuns nas canções de

Putas Bêbadas

(banda obscura da Cafetra, mas gigante nas Olaias) dita que quase todos os seus personagens a certa altura partam para o céu. Padres pederastas, gordos abichanados, chulos sebosos: todos vão para o céu nas letras muito impressionantes de Miguel Abras. Sobre o “céu”, no sentido de espaço simbólico para onde vão as almas, pode-se dizer quase tudo, porque nunca ninguém lá foi e voltou para contar como é aquilo.

Move to Pain

, o disco que marca a estreia de Josh Eustis (Telefon Tel Aviv) a solo com a designação de Sons of Magdalene, também é — à sua maneira — um disco que foi para o céu. Neste caso para o céu onde moram todos os discos maus que morreram a tentar dar um salto supostamente milagroso, que os transformasse nos New Order ou Depeche Mode, em apenas dez temas. As canções de Josh Eustis incluem muito mais sintetizadores desleixados do que pontos de originalidade, e, quando chegamos a “O, Death” (ó a ironia), apercebemo-nos de que estamos a flutuar numa faixa de verdadeiro techno pós-óbito (batida abafada com um efeito de paninho e voz sussurrada).

Com um disco assim, Sons of Magdalene parece excelente opção para ocupar as horas do jantar em festivais, enquanto te entreténs com italianas a mijar de cócoras e respondes que não a quem te pergunta se estás a vender droga. No final, há uma faixa sem título — indisponível no Bandcamp para efeitos de mistério — que seria muito fixe se não fosse uma chatice do caralho. Parece que este gajo deixou um gravador dentro de uma conduta de ar e depois foi dizer aos amigos que tinha feito um drone impressionante. O pior é que esse bicho ruidoso de 35 minutos é quase tão bom como o restante disco.