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cinema

Filmes maus que eu vi: Freejack

A verdade é que o filme é muito pior do que eu imaginava.

Geoff Murphy

A minha primeira recordação do

Freejack

 remonta a um poster gigante entre os muitos que o meu pai tinha na garagem. Ficava olhar para ele e a imaginar como seria um filme de acção, cujo poster mostra o Mick Jagger no centro e o Anthony Hopkins a fumar charuto em frente a uns vitrais de igreja. Mais de 20 anos depois, o filme passou nos canais TV Cine e era irresistível perceber como era afinal

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Freejack

. Bem… A verdade é que o filme é muito pior do que eu imaginava. Aqui o Emilio Estevez faz o papel de Alex Furlong, uma espécie de Ayrton Senna cruzado com Indiana Jones, que vê o seu corpo transportado para um futuro próximo (18 anos mais tarde) na precisa altura em que está prestes a sofrer um acidente numa corrida de fórmula 1.

“Emilio, nunca mais me tragas para futuros distópicos de baixo orçamento…”

Se o argumento parece idiota, pior fica assim que Alex Furlong passa a ser um fugitivo (um

freejack

) à solta num futuro distópico, neo-noir e nada credível. Futuro esse que pretende a todo o custo aproximar-se do que vimos em

Blade Runner

, mas que acaba por ser arruinado pelos efeitos especiais bastante azeiteiros e uns carros perfeitamente horríveis, que por acaso lembram os da prova final do

Nunca Digas Banzai

 (quando é que voltam a passar essa merda?). Mas toda a foleirice de

Freejack

 só é um defeito, se quisermos, porque há muito divertimento nas suas sequências psicadélicas (de grande valor hipnagógico) e em todos os tiroteios com armas de atordoar que lançam uns raios que se espalham como a electricidade (à boa maneira de outro cagalhão chamado

Battlefield: Earth

).

Freejack

 é de 1992, mas parece ser de 1985.

Mick Jagger dois minutos após uma transfusão de sangue completa

Bem menos capaz de fazer rir é o papel de vilão assegurado por um Mick Jagger que dá sempre a sensação de estar a ler as suas frases num teleponto (como se fosse uma feminista a falar no

Tempo de Antena

). O Anthony Hopkins, por sua vez, ainda tem cabelo e fala pontualmente através de ecrãs a partir da Ásia e Austrália (até ao momento em que passamos a saber onde estava realmente o senhor). Os nostálgicos dos filmes de acção da década de 90 não podem também perder o momento em que o Emilio Estevez dispara na cara do Mick Jagger uma bojarda maravilhosa: "Well, I got a special message for you. Fuck you, asshole!". Grande momento de cinema, como devem calcular.