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Música

Por Dentro da Festinha Privada de Audição do ‘Syro’, do Aphex Twin

Um grupo de sortudos esteve na Verboten, uma boate em Nova York, para a primeira audição do disco novo de Richard D. James. O editor associado do THUMP US conta como foi.
Foto por Martyn Goodacre/Getty Images

Em uma recente tarde de verão, uma galerinha do lado de fora da Verboten (baladinha do Brooklyn nova-iorquino) chamava atenção. O grupo de pessoas estava lá para ouvir o tão aguardado álbum de retorno do Aphex Twin, o Syro. Reservado e bem-educado, o grupo não eram uma clientela habitual do clube. Os sortudos escolhidos para estarem alí eram uma perfeita representação dos tipos de cabeças que permanecem dedicadAs ao som do famoso produtor, que há anos não lança um álbum sob o pseudônimo Aphex Twin – lá se vão 13 anos, o que pode por muitos ser considerado uma dolorosa eternidade.

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Fomos arrastados para o clube, um por um, instruídos a ficar em silêncio e desligar por completo nossos celulares. Fiquei surpreso que não revistaram nossas partes íntimas à procura de dispositivos de gravação. Então depois de uma hora de espera tediosa - nada se você está esperando por este momento há 13 anos -, finalmente as luzes foram apagadas e Richard D. James, um símbolo icônico (que tem estado em todas, das calçadas a dirigíveis no céu) surge como uma mancha amarela na tela. As notas da música de abertura de Syro, "minipops 65 [120.2] [source Field mix]" começaram a encher a sala. Você quase podia ouvir as borboletas voando ao redor dos estômagos de todos.

Na verdadeira pegada  Aphex, cada faixa evolui à sua maneira sobre a totalidade da sua execução. Intercaladas entre suas experimentações de funk electro, elegantes melodias de piano, espectros dos anos 90, acid jungle e hardcore, o vocoder se transforma na própria voz do artista, além das linhas de sintetizador bem grudentas e até mesmo a inclusão de bongos, elemento que certamente me pegou de surpresa.

Ninguém é melhor para perturbar e apaziguar os seus ouvintes do que Richard D. James. Às vezes fazendo as duas coisas ao mesmo tempo e Syro segue a tradição, de abalar os conceitos, apertando os botões que muitas pessoas nem sabiam que existiam. A terceira e quarta faixa do álbum ("produk 29") e ("'4 bit 9d api+e+6") soam bastante acessíveis, com linhas de baixo meio fanhas, um enérgico acid e pedaços de vocais (possivelmente samples da esposa e filhos de James). A quinta faixa do álbum, "180db_," merece destaque, um techno bem sujo que um senhor ao meu lado (ele estava vestindo uma camiseta do Aphex e girava tendo verdadeiros espasmos enquanto ouvia as músicas, devo acrescentar) confirmou que na verdade é uma faixa que existe há dez anos e que James já tinha tocado em seus sets. Com ajuda do strobo, esta música parecia algo que poderia ser tocado no clube em que estávamos, em uma noite diferente, para um público diferente e ainda assim soando fodidamente linda.

Logo que o álbum chega ao fim, fica claro a partir dos olhares felizes em todos os rostos que Syro certamente irá matar a sede dos fãs do Aphex por material fresquinho. Agora, saber se os sons analógicos e as longas faixas irão converter fãs de música eletrônica contemporânea, mais acostumados com linhas de baixos e clímaces contínuos, é algo a ser visto. Mas independente disso, quando rola a canção de ninar no piano "aisatsana", trazendo o álbum de volta à terra é impossível negar que você está na presença de algo grande.

Siga David Garber no Twitter: @DLGarber

Tradução: Jules Sposito

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