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A Inês Meneses e o André Soares (Señor Pelota) vão estar hoje no 5.ª à Avenida

Festa, hoje, a partir das 19 horas.

Depois da muito animada sessão de estreia, o

prossegue já hoje na sua missão de trazer até aos Quiosques da Liberdade (coração de Lisboa) uma fartazana de excelente música, entre as 19 e as 2 da manhã. A garantia é de que a melhor descompressão pós-laboral (ou prolongamento de dia de férias, para os mais sortudos) acontece aqui.

Desta vez os discos que passam no 5.ª à Avenida são escolhas da Inês Meneses e do André Soares, que, na manga, trarão certamente uma cartada à Van Gaal. A Inês Meneses há muito que é uma das mais bem-dispostas figuras da nossa comunicação. Além disso, a sua experiência em rádio ajuda a que esteja sempre pronta para gerir o astral dos presentes em tempo real. Alto astral será também um dos principais ingredientes na mistura de André Soares — ele que é mais conhecido por Señor Pelota e por passar discos desde que a serra de Sintra recebia raves ilegais, nos anos 90. Falámos um pouco com os dois, em amigável compasso de espera para o 5ª à Avenida.

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VICE: Olá, Inês. Numa situação em que estás principalmente dedicada a passar discos, não te apetece por vezes ter um microfone por perto para falar entre uma e outra canção?

Inês Meneses:

Se fosse masoquista sim, mas eu gosto muito — cada vez mais — do silêncio. Preciso é de ouvir música sem pressões de espécie alguma. Por isso deixemos o microfone para quem precisa de tempo de antena. Eu não.

Tens alguma canção que escutes recorrentemente naqueles dias em que é preciso "mandar a bola para a frente"?

A "Get ready for love" do Nick Cave, por exemplo. Tem um arranque que faz milagres sem precisarmos de ir a Fátima. Mas podem ser os Strokes (uma

Strokalhada

como eu gosto de dizer na rádio). Na verdade, também podem ser os A-ha com a "Take on Me". Uma das melhores canções de todo o sempre.

Hoje parece haver um público jovem que se recusa quase por completo a ver cinema a preto-e-branco ou um filme feito antes de 2000. Tens alguma estratégia ou conselho para dar volta a isso?

Tenho: o Lolocausto, para pessoas que resumem tudo a um Lol e não param para pensar, nem para ver para além do óbvio. Vamos cortar a internet a essas pessoas. E a mim também, já agora.

O que estás a pensar levar ao 5.a à Avenida?

Só a música que eu gosto.

VICE: Olá, André. Que tipo de coisas trarás na mala para o Cutty Cocktails da Avenida?

André Soares:

Vou tentar cumprir o objectivo do desafio, ou seja: o Pelota fica em casa e deixar ser o André a levar os discos. Não vai haver a preocupação do costume em fazer as pessoas dançar, provavelmente vai haver algum psicadelismo mas as idas ao baú são sempre uma incognita…

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Suponho que o progresso de um DJ passe também pelas várias pequenas obsessões que vai alimentando como melómano. Existe nesta altura algum catálogo ou período que te interesse especialmente?

Como coleccionador, acima de tudo, interessa-me o formato vinyl. Estou completamente focado na cena dos edits, muitos deles

bootlegs

, de temas obscuros que podem ir do disco Turco, funk da Etiopia, psicadelismo anglo-saxónico ou kraut Alemão. O House e o Techno Detroit/Chicago são paixões com quase 20 anos e a base dos meus sets; como estou muito longe de ter tudo o que acho essencial penso que vão fazer parte da missão como

digger

por muitos mais anos.

Para alguém que já anda nisto há uns 40 anos, que qualidades do espírito de 98 achas que fazem alguma falta na Lisboa de hoje?

Nos 90's em Lisboa tinhas dois ou três sitios onde havia club culture de vanguarda, mas era a sério! Agora com esta massificação da "dance music" todos clubes, discotecas, bares, esplanadas têm dj's e existem festas com grandes linup's todos os fins-de-semana. Ser DJ é muito cool e está acessível a qualquer pessoa com um laptop com internet. Pena é que a musica deixou de ser a principal razão para as pessoas se dedicarem a essa arte.

Señor Pelota parece-nos que convida o pessoal a ir tirando roupa aos poucos. Já te ocorreu alguma situação em que esse despir começou a acontecer descontroladamente, enquanto passavas música?

Já vi muito amor nas minhas pistas de dança, mas tirar roupa é coisa que normalmente (infelizmente) só acontece naquelas festas mais privadas de final de noite. Mas fica o mote.