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Na Onda do Pramil

Um taxista quarentão, solteirão, que vez ou outra comercializa uma droga ilegal do amor: "é tomar e sentar o sarrafo", garante.

Já vi taxista oferecer de tudo: revistas; pastilhinha de hortelã que dá caganeira; biscoito; roteiros turísticos que acabam na mesa de restaurante do cunhado do mano. Tem taxista que indica hotel pra levar um troco; indica igreja pra agregar mais um irmão; puteiro para os mais variados bolsos, que viram um drinquizinho e uma foda na faixa pro camarada; folha de coca; a própria danada; cigarrinho de artista e por aí vai. Uma gama de ofertas. Conselhos? Só dá catedrático no assunto.

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Mas um taxista assessor para assuntos sexuais, nunca tinha visto até encontrar o João (sem maiores informações pra não sujar a do cara). Um quarentão, solteirão, que vez ou outra comercializa uma droga ilegal do amor: "é tomar e sentar o sarrafo", garante. O cara também tira amigo da fossa e gosta de criar passarinhos (dos que cantam). Se liga no papo inesperado com o cara durante uma corrida de 15 minutos:

Quando entrei no táxi, ele falava ao telefone:
- Carlão, você ainda tem aquele rouxinol? Então, tenho um negócio bom pra você. Mas ae, vai querer a paradinha?
Opa! “Paradinha?” . Fico atento.
Ainda pelo telefone:
- Beleza, deixo mais tarde na sua goma.
- Meu amigo, acho melhor você ir pela Consolação, aviso, preocupado com a descontração do profissional ao volante.
- Claro, claro, vamos por lá. Pô, tava falando com um camarada. A gente curte uns passarinhos, sabe? Ele já me vendeu um canário dos bons.
Sei… Eu atrasado, de ressaca, com pouca vontade de falar sobre pardal. Qual é, né, amizade?
- Esse mano meu também curte uma balinha azul.
- É mesmo?, respondo ainda atrasado, de ressaca, mas na pista pra negócio.
- É, você curte?
- De vez em quando - sei lá de que porra esse maluco está falando, mas vamos ver qual é, lógico.
- Então, tenho umas aqui pra vender. Dez reais cada comprimido.
- E essa parada funciona mesmo?
- Porra. É tomar e sentar o sarrafo nas gracinhas! Ontem me ligou um. Desesperado: "Eu to num bar aqui, meu, na Vila Madalena e preciso de duas, pelo amor de deus". Era 1h da manhã. Falei: “Não dá, já estou em casa”. O cara: "Mano, arrumei duas mulheres. Quanto é a corrida? Não, seguinte: te pago cento e cinquenta conto". Beleza, fui, né?
- Era longe?
- Nada. No outro dia, o cara me liga pra agradecer e falar que, se eu pedisse, ele pagava até o dobro. Daí ele me contou a fita: tinha encontrado uma minazinha que ele já pegava há um tempinho. No meio do papo, no barzinho, ela disse que queria chamar uma prima pra brincar também. Saca o veneno?! O cara não podia fazer feio, né? Mas vitaminado não deu outra: fez bonito com as duas. Tava todo felizão.
- Deixa eu ver essa parada aí… Mas isso aqui não é Viagra?
- Não, mas é o mesmo efeito. Não faz você passar vergonha diante das minas.
- E como é que você descobriu essa parada?
- Mano, é uma longa história. Uma mina alugou um quarto nos fundos da minha casa. Uns dezoito aninhos. Puta delícia. Peitinho saliente. Bundinha feita pro amor. Fiquei louco, né? Passava o tempo todo pesando na dela. E a filha da puta só me tirando: "Pô, tiozinho, você não aguenta nada". Mano, já tinha esquecido a minazinha, quando ela me liga um dia, no meio da tarde: "Então, você ainda quer sair comigo? “Mas é claro!”, eu respondi. "Então me pega às seis, aqui no meu trabalho." Nem pensei em nada. Só anotei o endereço. De repente, me veio aquela nóia: e se eu não der no coro direito com essa mina? Pô, já não sou mais molecão, né?
- E aí, João?
- Lembrei do mano que tinha os comprimidinhos e fui atrás dele. Passei a tarde inteira sem trabalhar, só na captura do maluco. Acabei falando com o irmão dele, fazendo o cara fuçar nas coisas do cara pra pegar a parada pra mim. Feito: baguio na mão, calcinha no chão, eu pensava.
-Daí rolou?
- Meu, tomei o comprimidinho meia hora antes de encontrar a mina. Minha bochecha começou a esquentar - isso é a única coisa estranha que eu vi nessa parada. Daí parei na frente do trampo da mina e ela começo a demorar. E eu já ficando no veneno. Ela aparece. Entra no carro. Eu tento dar um beijinho e ela se esquiva. Nossa, eu ali já subindo nas paredes e pensando: porra, vou ter que acabar no puteiro. Ela fala: "vamos sair logo daqui". Fiquei na encolha e sugeri um barzinho no Jaguaré. Ela me olhou e disse: "você saiu comigo pra beber?". Opa, ali eu vi vantagem. Sugeri um motelzinho. Ela falou pra gente ir logo. Achei estranho, tipo: rola um namorado no trampo ou coisa e tal. Sai andando. No meio do caminho eu já me contorcia todo no carro. E a bochecha pegando fogo. Parei no farol e tentei outro beijinho. Nada. Caralho, puteiro de novo?, eu pensava. Perguntei se ela queria passar num posto, comprar um cerveja. Ela disse não. Beleza. Na entrada do motel, tentei de novo. Nada.
- Caralho, pra qual puteiro você foi?
- Nada, vai vendo. A hora que eu fechei a porta do quarto e virei, ela me beijou. Nossa, meu, dali pra frente foi só paulada. Sentei o pau nela até a bichinha pedir pelo amor de deus pra eu parar. No outro dia, eu não conseguia nem andar direito. Uma puta dor no corpo. Minha barriga doia toda. Não podia rir, nem respirar direito que era aquela dor. Mas eu era só felicidade.
- E a mina?
- Falou que nunca mais saia comigo. Falou que eu era um anormal, um doente, que ela ficou esfolada uns dias. E foi verdade: nunca mais ela deixou eu dar uma pegadinha ali. Você é casado?
- Não.
- Namora?
- Solteiro.
- Meu, tinha um camarada ali que estava na pior. Gaiudo, morô? A mulher dele arrumou outro. Ih! Ó esse maluco achando que eu tomei uns cornos. Daí fiz que fiz até levar o cara pro puteiro. Ali na hora falei pra ele tomar a parada. O cara não queria de jeito maneira. Falei um monte pra ele até que o bicho aceitou. Fiquei feliz e disse pra ele escolher a mina que era por minha conta. Porra, o cara escolheu logo a menorzinha, mais feinha. Ele estava receoso ainda. Pô! Nessa hora você tem que pegar a mais gostosa, né não? Pra quebrar a zica.
- Pode crer.
- Mas beleza. Lá eles cobram por meia hora de foda. O puteirinho é bonzinho. O nego voltou todo animadão, achando até que tinha feito um mau negócio: “Devia ter variado: uma a cada meia hora”, ele falava.
- O cara curou ali, então?
- Meu chegado, o remedinho levantou tudo ali, até a auto-estima do camarada.
- Boa, boa…O remédio ajudou o cara e voltar a gostar do bom da vida?
- É isso aí mesmo.
- Boa. Meu, pode parar ali mesmo. Quanto foi a corrida aí?
- Trinta e cinco reais. Vou deixar uma com você e está aqui o meu cartão, caso você goste do produto.
- Beleza. Mas faz assim: completa cinqüenta e me dá duas.

Pramil é um remédio com venda proibida no Brasil, porque não é reconhecido pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária - Anvisa. Normalmente, o medicamento entra de forma clandestina pelo Paraguai. Quer saber mais? Procura no Google, depois orientações médicas. Conselhos sexuais? Consulte um taxista.

Veja aqui um vídeo esquisitão de um mano falando pra você não usar o Pramil.