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Música

Música: Royal Thunder

Tipo, esta é uma crítica ao peso.

CVI
Relapse Records
8/10 A Internet, bem filtrada, é como a última cola do deserto. E, se não fosse por ela, nunca teria encontrado esta banda, nem a sua correia de transmissão.
Há dois anos, enfiei-me pelo YouTube e fui parar a umas sessões ao vivo de bandas de Atlanta e arredores, produzidas por dois tipos e alguns estudantes locais de comunicação e media. O objectivo era simples e louvável: projectar os grupos do estado no universo melómano americano, a música independente da região e estampar por aí as capacidades práticas dos estagiários.
Devo ao “indieATL” a descoberta de bandas como Dead Confederate, Busdriver, ou estes (enormes) Royal Thunder.
E o que podemos dizer sobre esta épica estreia feita por uns tipos com nome de unidade especial de exército? Várias coisas, uma delas bem sucinta: esta é uma das propostas de peso mais inspiradas e ecléticas dos últimos meses.
Um cadernão estilístico do melhor metal e derivados rock na órbita de uma voz arrebatadora, escrupulosa e nuclear. A baixista Mlny Parsonz é a potência rasgada da Laura Pleasants, a graciosidade melódica da Grace Slick e a rebeldia estridente da Kathleen Hanna. A nova divindade do rock com fama e crédito.
Há por aqui doses flexíveis de Sabbath (onde é que não há, não é?), King’s X, Skynyrd e aquele rock denso, sulista, remoto e ‘riffalhão’ que entusiasmou os bastiões da Geórgia — por exemplo, Mastodon, Baroness ou Black Tusk.
Um trabalho esventrado ao melhor metal moderno com o southern blues da “Parsonz Curse”, o sludge diluído da “Shake and Shift”, uma “Blue”, que poderia perfeitamente ser sacada ao espólio de Kylesa, ou uma viagem emotiva ao drone atmosférico dos Earth, na “Sleeping Witch”.
Enquanto esperamos pelo próximo álbum dos Spiders, saboreando o “Possessed” dos Christian Mistress, fica assim entregue a chupa-chupa para a rainha do noise do ano.