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Música

Leonard Cohen morre aos 82 anos

A morte do icônico cantor foi confirmada em sua página do Facebook pela gravadora Sony Music Canada.

​O cantor, compositor e autor pioneiro Leonard Cohen morreu aos 82 anos. A notícia foi anunciada na página do Facebook oficial de Cohen na noite de quinta através de sua gravadora, a Sony Music Canada.

"É com profundo pesar que informamos que o lendário poeta, compositor e artista Leonard Cohen faleceu. Perdemos um dos visionários mais reverenciados e prolíficos da música", dizia a mensagem. "Um memorial vai acontecer em Los Angeles numa data futura. A família pede privacidade durante o luto." Nenhuma causa da morte foi divulgada, mas Cohen vinha sofrendo de vários problemas de saúde e falou em se preparar para a morte num perfil extenso divulgado antes do lançamento de seu disco final,  You Want It Darker, em outubro. Ouça o áudio da entrevista dele aqui.

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"Meu pai faleceu pacificamente em sua casa em Los Angeles, sabendo que tinha completado o que sentiu ser seu maior disco", escreveu Adam, filho de Cohen. "Ele estava escrevendo até seus últimos momentos com sua marca pessoal de humor."

"Incomparável em sua criatividade, perspicácia e franqueza, Leonard Cohen era um verdadeiro visionário, cuja perda será severamente sentida", disse seu empresário, Robert Kory, numa declaração. "Fui abençoado por poder chamá-lo de amigo, e servir seu espírito artístico em primeira mão foi um privilégio e um grande presente. Ele deixa um legado de trabalho que vai trazer inspiração e cura para muitas gerações."

"Para muitos de nós, Leonard Cohen foi o maior compositor de todos", Nick Cave escreveu numa postagem no Facebook. "Absolutamente único e impossível de imitar não importa quanto você tente. Sua perda será profundamente sentida por muitos."

Nascido em Westmount, Quebec, em 21 de setembro de 1932, Cohen emergiu nos anos 60 e começo dos 70 com os colegas músicos e poetas Bob Dylan e Joni Mitchell. Um artista com uma paixão incansável, melancolia e sagacidade que marcariam uma obra incrivelmente influente de cinco décadas.

Cohen começou sua carreira como escritor publicando vários livros de poesia e dois romances,  O Jogo Favorito e  Belos Perdedores; uma vez ele escreveu para seu editor que queria alcançar "adolescentes internos, amantes em todos os graus de angústia, platônicos desapontados, leitores de pornografia, monges de mão peluda e papistas".

Frustrado com a falta de sucesso financeiro como escritor, Cohen se mudou para Nova York em 1966, aos 31 anos, para explorar a nova cena do folk rock da cidade. Apesar de ter continuado trabalhando como poeta e romancista durante a vida, Cohen lançou seu disco de estreia,  Songs of Leonard Cohen, em 1967, com seu primeiro sucesso "Suzanne". Mesmo nunca tendo desfrutado da mesma popularidade mainstream que seus contemporâneos, a melancolia sensual e introspecção de faixas de Cohen como "Suzanne", "Bird on the Wire", "Sisters of Mercy" e a sempre reinterpretada "Hallelujah" se incorporaram à narrativa cultural do rock e estabeleceram Cohen como um trovador dark. Suas composições ofereciam uma alternativa crua e sombria, definida tanto por sua voz rouca e melodias evocativas como pela linguagem meticulosa e graça reverente com a qual ele confrontou as polaridades e contradições da condição humana.

"Estou pronto para morrer", disse Cohen. "Espero que não seja muito desconfortável."

No começo do ano, Cohen chegou às manchetes com uma nota pessoal mandada para sua musa e amiga Marianne Ihlen dois dias antes da morte dela. "Bom, Marianne, chegou um tempo em que nossos corpos estão muito velhos e desmoronando, e acho que vou te seguir muito em breve. Saiba que estarei tão próximo que se você esticar sua mão, acho que conseguirá alcançar a minha". Numa entrevista subsequente, Cohen retirou o que disse, explicando: "Sempre gostei de dramatizar. Pretendo viver para sempre… Pretendo ficar por aqui até os 120."

Tradução: Marina Schnoor