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Tecnologia

O ‘Direito de Ser Esquecido’ Parece Estar Funcionando Como Esperado

"Parece que, quando propriamente implementado, o direito de ser esquecido pode não ser a ferramenta para censura desenfreada que alguns temem."
Crédito: Twin Design/Shutterstock

O último relatório de transparência do Google revela mais detalhes sobre quem tem pedido à ferramenta de busca para remover links pessoais, após a polêmica regra do "direito de ser esquecido" na Europa.

O principal de onde os links são removidos com sucesso? Facebook. Aproximadamente 500 mil endereços foram removidos do Google, 42% dos quais foram removidos dos resultados de busca. Mas a parte mais interessante do relatório é o porquê as pessoas andam afim de ter seus links "esquecidos".

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Julgando pelos sites que têm mais links removidos dos resultados de busca, parece que o direito de ser esquecido pode estar funcionando mesmo como pretendido: para resguardar aquilo que é mundano, os aspectos cotidianos da privacidade das pessoas.

Aqueles que argumentaram contra o direito de ser esquecido (incluindo o Google) normalmente levantam preocupações com a censura – eles sugerem que a lei poderia ostensivamente permitir que pessoas controlem informações desagradáveis, mas verdadeiras. Alguns casos foram suspensos logo depois que a regra começou a fazer o efeito e resultou na remoção dos links de notícias de jornais que continham informações que pareciam ser de total interesse público.

Mas a decisão da remoção desses links foi, de fato, revista um dia depois.

Alguns dos novos exemplos do Google também mostram que pedidos de remoção de informação que são de óbvio interesse público não obtêm sucesso. Um indivíduo requerer links para artigos "que se referem à sua demissão por crimes sexuais cometidos no trabalho", e um médico esperar que sumam links dos artigos sobre um procedimento errado, por exemplo, é negado.

Parece que, quando propriamente implementado, o direito de ser esquecido pode não ser a ferramenta para censura desenfreada que alguns temem. Na verdade, os pedidos mais atendidos sugerem que as pessoas estão usando esse mecanismo como uma ferramenta bem menos sinistra de privacidade.

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Nesse relatório, o Google lista os principais dez sites "mais impactados" por pedidos para a empresa remover links das buscas em nome das pessoas – isso quer dizer, os domínios de onde mais URLs foram realmente removidos dos resultados de busca. O Facebook é o líder com 3.353 URLs removidas, com o YouTube, do Google, em terceiro lugar e o Google Groups em quinto.

Crédito: relatório de transparência do Google.

Eu questionei o Facebook sobre que tipo de URLs estavam sendo removidas, mas me disseram que a empresa não estava envolvida no assunto. Um representante do Google também se recusou a compartilhar mais detalhes.

Em um post de blog, a empresa lembrou aos leitores que suas plataformas YouTube e Google Groups, ambos, oferecem opções de remover conteúdo diretamente (usando apenas o caminho do "direito de ser esquecido" apenas remove o link dos resultados de busca que incluem o nome da pessoa).

Você pode não ter ouvido falar dos domínios que sobraram na lista, mas dá pra sacar qual é: a maioria é do tipo de site que fazem um pouco além de listar recados de informação pessoal reunida em qualquer outro lugar; registros de nomes e endereços para qualquer um ver (normalmente cobrando por isso).

Aplicado a esse tipo de informação, o mecanismo do direito de ser esquecido parece ser muito mais simples do que parece. Requerimentos de usuários para remover esses links não querem importunar artigos de jornais sobre grandes delitos em prol delas mesmas, eles só querem que as pessoas parem de achar seus endereços.

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Pelo menos um deles, no Reino Unido, o site 192.com, tem os meus próprios detalhes. Quando eu joguei no Google "número de telefone Victoria Turk," apareceu como o quarto resultado. Quando eu joguei "endereço Victoria Turk," era o nono. O que me conforta é o fato de que esses dados são muito desatualizados.

Não há nenhuma razão técnica para que o site não tenha esse tipo de informação – são dados puxados de informações eleitorais – mas eu não escolheria revelar meus detalhes de contato assim. Julgando pelo número do 192.com e outros sites similares que o Google deletou dos resultados de busca, muitos dividem a minha relutância.

Enquanto a implementação do "direito de ser esquecido" do Google pode ter ajudado esses usuários a controlar algumas de suas informações pessoais, levanta-se a questão de se as pessoas deveriam recorrer a essas ferramentas para isso – e se o Google deveria estar carregando essa bucha.

Muito foi dito sobre as configurações de privacidade do Facebook, por exemplo, mas seu lugar no ranking de remoções  das buscas sugere que as pessoas ainda não estão felizes com as suas informações compartilhadas na rede social.

Depois de procurar um pouco (no Google, onde mais?), eu descobri que é aparentemente possível ter suas informações removidas do 192.com. De acordo com um formulário no site, você tem que preencher os endereços que você quer remover, assinar e enviar um fax. O formulário do Google parece o mais simpático até agora.