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Tecnologia

​A Companhia Aérea que Quer Cruzar o Mundo (Pelo Espaço) em Uma Hora

Em vez de levar doze horas para atravessar um oceano, com uma rota pelo espaço você pode fazer o trajeto em apenas uma.
Crédito: autor

No começo do ano que vem, finalmente a Virgin Galactic diz que levará pessoas para o espaço em seus voos comerciais. Será uma conquista monumental. Mas, na verdade, é apenas um passo para a última missão da Virgin Galactic: transportar pessoas de um lugar da Terra para outro lugar na Terra, assim como qualquer outra linha aérea. Exceto que nessa versão, você vai viajar pelo espaço e poderá voar do Reino Unido para a Austrália em duas horas.

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A ideia aqui seria ter um sistema de lançamento similar ao lançamento aéreo que a empresa SpaceShipTwo tem atualmente. Um grande avião basicamente "joga" uma espaçonave no meio do ar e um motor de foguete híbrido acende e vai direto para o espaço (e para o seu destino).

Um sistema desse permitiria voar de Los Angeles a Tóquio em uma hora, disse o chefe executivo da Virgin Galactic, George Whitesides, no evento da empresa no Museu de História Natural de Nova York.

"Você pode imaginar um SpaceShipThree ou um SpaceShipFour indo para a atmosfera, e depois voltando para uma área urbana e pousando", disse Whitesides. "Nós não temos que aceitar o status quo. Nós podemos imaginar o veículo usando oxigênio líquido ou hidrogênio líquido para atravessar o Pacífico em uma hora. Pode-se fazer isso."

Se você tem acompanhado o que a Virgin tem feito pela última década, isso faz muito sentido: a Virgin é ousada, algumas vezes insana, e o presidente Richard Branson há muito tempo tem mantido os olhos em uma linha aérea supersônica – ele tentou comprar a Concorde da British Airways há mais de uma década ("eles cortaram as asas para impedir a venda para mim", disse Branson ontem à noite).

Ele cogitou criar um avião comercial supersônico por conta própria, mas por que investir em uma mudança incremental que, se funcionasse, ainda não seria uma mudança de paradigma tão radical como o "transporte espacial sub-orbital de ponto a ponto"?

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Há, claro, um monte de coisas a serem trabalhadas antes de você poder fazer uma viagem dos EUA para o Japão desse jeito, mas não é uma ideia completamente maluca. Na verdade, a Agência Espacial Europeia está estudando a ideia e disse que o lançamento do SpaceShipOne da Virgin Galactic (e do SpaceShipTwo) é a coisa mais promissora sobre o assunto.

Enquanto isso, o braço de pesquisa do Pentágono, a DARPA (junto com as Forças Armadas) e a Marinha dos EUA têm trabalhado faz uma década no desenvolvimento dos seus próprios foguetes para entregar suprimentos e pessoas, e a Administração Federal de Aviação do país (FAA) até soltou um relatório bem otimista em 2010 que pontuou que o "potencial para o rápido transporte global de passageiros e a rápida distribuição de bens e serviços faz com que o transporte de ponto a ponto tenha um atrativo conceito tecnológico espacial válido a ser explorado".

Se isso é tecnicamente viável – Branson e a FAA aparentemente pensam que é – a questão então é quem, exatamente, a usará?

O Concorde falhou por muitas razões, e principalmente pelo fato de que ele foi muito muito caro. Até agora, centenas de pessoas desembolsaram 250 mil dólares para pegar um rápido voo espacial com a Virgin Galactic, mas essas pessoas realmente vão querer pagar milhares de centenas de dólares para economizar 12 horas de voo pelo mundo?

"Estudos de mercado confiáveis ainda não foram feitos, ou ao menos publicados", escreveu Derek Webber, diretor executivo da Spaceport Associates, em um artigo de 2008 explorando a ideia. "O projeto técnico ideal não foi estabelecido. A estrutura térrea ainda não está no lugar."

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"Os preços ainda são incertos", ele continuou. "Não está claro ainda se os voos serão melhor classificados como turismo ou transporte; se os passageiros seriam primariamente turistas ou executivos em viagens de urgência."

Branson no evento de ontem. Crédito: autor

Ainda há muito tempo para descobrir isso. A tecnologia está em sua infância e, uma vez que chegar ao espaço ficou mais fácil e talvez vire uma rotina, as respostas a essas perguntas ficarão óbvias.

A Virgin Galactic, ao que parece, não era uma visão bilionária de uma empresa de turismo – era a visão de Whiteside para o futuro das próprias linhas aéreas.

"É complicado", ele disse. "Mas o espaço, eu acho, não é só importante para o futuro dos transportes. Também é importante para o futuro da imaginação."