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Tecnologia

Como o Filme ‘Supercop’, do Jackie Chan, Inspirou Um Painel Solar Mais Eficiente

Os criadores do Blu-ray já haviam achado a solução que os engenheiros de energia solar estavam buscando há anos.
​Captura de tela: YouTube

Blu-rays são úteis para a pequena parcela da população que ainda não usa os serviços de streaming (ou que assiste coisas em telas maiores do que a do meu laptop) — mas parece que eles tem outro papel mais importante, ambientalmente falando, a desempenhar no futuro: a superfície de um disco Blu-ray é feita do material perfeito para a construção de células solares altamente eficientes.

Para inserir tantas informações em um disco do tamanho de um CD comum, os criadores do Blu-ray tiveram que desenvolver padrões altamente complexos e compactos para armazenar todos os dados. Esse padrão, composto de minúsculos relevos e sulcos, chamados de "poços e ilhas", é muito bom em capturar a luz quando usado em células solares. Isso ocorre porque esses poços e ilhas criam uma área de superfície maior do que a de uma célula solar padrão, dando mais espaço para a célula absorver a luz.

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Em um artigo científico publicado ontem na revista Nature Communications, Jiaxing Huang, da Universidade Northwestern, explica que os criadores do Blu-ray já haviam achado a solução que os engenheiros de energia solar estavam buscando há anos.

A célula solar com tecnologia Blu-ray é mais eficiente. Crédito: Nature Communications

"Era algo que um dos meus coautores já estava tentando fazer — fabricar esses padrões semi-aleatórios", disse-me Huang. "Mas, em primeiro lugar, não é fácil criar um padrão aleatório; além disso, esses padrões não podem ser gravados em células solares com o uso de técnicas baratas. Nós estávamos falando sobre isso e percebemos que os padrões do Blu-ray são perfeitas para o que queríamos fazer — o trabalho já havia sido feito."

Ao tentar enfiar tantas informações em um disco, seus criadores tiveram que criar algoritmos que transcreviam, automaticamente, sinais de vídeo e áudio em sequências binárias de zeros e uns.

Os pesquisadores com o Supercop. Crédito: Northwestern University

Entretanto, a programação de tolerância de falhas — que fazem com que o aparelho de Blu-ray não se sobrecarregue — é diminuída, e o limite para a sequência binária é aumentada, o que gera padrões "semi" aleatórios, explicou Huang. Ele diz que a semi-aleatoriedade é exatamente o que o seu time estava tentando criar.

"Nós apenas removemos a superfície brilhante, e, quando você faz isso, você expões os relevos e os sulcos. Nós poderíamos usá-los diretamente, mas é um pouco complicado", disse Huang. "Ao invés disso, nós recriamos esse padrão em uma espécie de carimbo e carimbamos a estrutura da célula solar."

Uma simples explicação do funcionamento da técnica. Crédito: Nature Communications

Nos resultados dos testes, as células otimizadas com os padrões do Blu-ray foram, em média, cerca de 10% mais eficientes que o restante das células solares. No mundo real, é difícil saber o quão mais eficientes elas seriam, mas Huang diz que elas certamente demonstram uma melhor absorção e eficiência do que o que existe atualmente no mercado. Ele diz que existe um potencial mercadológico para essas células, e que é muito mais fácil criar células solares com padrões de Blu-ray do que criar um novo padrão.

Imagino que você deve estar se perguntando qual filme ele codificou nas células solares. No final, não faz diferença — elas são mais ou menos igualmente superiores ao que existe. Mas, a título de curiosidade, o filme era Supercop - A Fúria do Relâmpago, estrelando Jackie Chan.

Tradução: Ananda Pieratti