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Ilustração por Maressa Roberts.
Música

26 álbuns essenciais que você pode ter perdido em 2020

De Anz a Yaya Bey, esses lançamentos que voaram abaixo do radar merecem mais atenção do que ganharam.
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ilustração por Maressa Roberts
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Traduzido por Marina Schnoor

Todo mundo tinham grandes planos para 2020. Mas em vez de encontrar amigos e assistir shows ao vivo, você está no sofá de casa assistindo Frasier de novo, experimentando novos hobbies estranhos, e comendo salsicha demais.

As coisas estão tensas, mas não podemos perder as esperanças. Música ainda está acontecendo enquanto o mundo parece ter parado. Sem a comunidade física de música dos shows, ensaios de banda e sessões de gravação regulares, as pessoas estão tentando encontrar conexão em espaços digitais através de lives, campanhas para levantar fundos e apoiando artistas diretamente. Música ao vivo está mesmo num hiato, então esse é um jeito de seguir em frente.

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A lista abaixo destaca alguns dos lançamentos que voaram abaixo do radar e merecem mais atenção. Essas recomendações não são uma visão geral definitiva, mas um ponto de partida para sua própria descoberta de músicas novas. Se alguns desses artistas te der conforto com suas músicas, considere devolver o favor fazendo doações no Bandcamp ou na sua loja de discos local, e acalme suas ansiedades de pandemia com esses lançamentos incríveis.


Anz, spring/summer dubs 2020

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O quinto lançamento da série de mixtapes da DJ/produtora do Reino Unido Anz de suas próprias produções, como ela escreveu na sua página no Soundcloud, foi “forjado na turbulência”. Presa em casa, sem perspectivas das baladas abrirem tão cedo para tocar seu set, ela temia perder a motivação para trabalhar em sua música, um cenário “se uma árvore cai na floresta e ninguém ouve”, ela disse a Mixmag. Então ela estabeleceu um objetivo alcançável de, durante os meses da quarentena, não importando como, fazer 40 faixas, para ter um projeto tangível para trabalhar em seu período fora da cena que ela chama de lar.

Segundo as avaliações recentes, ela já dobrou a meta, e a maioria dessas faixas está em spring/summer dubs 2020, um coleção borbulhante de dance music que você poderia ouvir em qualquer ano, ainda mais em um tão perturbador e incerto como este. Alegre e otimista no geral, mas ainda tendo textura e complexidade, esse é um testemunho do poder desse tipo de música para imaginar mundos melhores, e um lembrete de que mesmo nos tempos mais sombrios, você sempre pode dançar. – Colin Joyce / OUÇA AQUI

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Bacchae, Pleasure Vision

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O quarteto Bacchae de Washington D.C. é responsável por uma das justaposições mais interessantes de 2020: raiva punk cheia de razão misturada com significantes power-pop leves. “Hammer” é uma joia ensolarada pop, enquanto a primeira música do disco, “Leave Town”, é um scream-punk ameaçador e dirigido. Essa banda domina nos dois extremos. O verdadeiro destaque é o delirante hino chiclete “Stop Looking”. O verso “I wish everybody’d stop looking at me!” não vai sair da sua cabeça da próxima vez que você sentir ansiedade social. – Josh Terry / OUÇA AQUI

Elah Hale, Room 206

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A as letras de Elah Hale ficam bem na beirada entre a adolescência e a vida adulta. Room 206, que era o quarto do dormitório dela na faculdade, é uma introdução climática para a cantora de Nova York. Às vezes ela está se divertindo na solidão como em “ITPA”, onde ela é consumida por seus pensamentos sozinha numa festa. Outras vezes, como em “One Star Rating”, ela usa viagens de Uber como uma metáfora para relacionamentos. Mas a incrível “My House” é prova de que nem toda música é uma montanha-russa emocional. Às vezes o remédio é encontrar alguém disposto a dividir uma garrafa de vinho barato com você. – Kristin Corry / OUÇA AQUI

Guapdad 4000, Platinum Falcon Tape, Vol. 1

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Alguns anos atrás, muita gente conheceu Guapdad 4000 com uma homenagem de aniversário pra ele mesmo que viralizou. Ele estava cercado de bichinhos de pelúcia do Pokémon, segurando uma garrafa de Hennessy enquanto notas de $100 caíam do céu. Acontece que o nativo de Oakland estava montando o palco para o que podíamos esperar da carreira de rap dele. Platinum Falcon Tape, Vol. 1 é um mundo de fantasia embriagado comandado pelo dinheiro, e Guapdad 4000 é nosso guia de turismo fanfarrão. Ao longo dos anos, ele fez falcatruas parecerem glamourosas e continua essa tradição em Platinum Falcon Tape. Em “Greedy”, Guapdad é tão ameaçador quanto a produção, dando um relato passo a passo de como sobreviver num país tão capitalista quanto os EUA. “It all started with the sidekicks, you know the swipe flick, I was snagging them fools / Upgraded to the iPods, cameras, tripods, I was grabbing em too.” Mas em outros momentos, como em “Dolce & Gabbana Dalai Lama”, ele não é tão confiante. “I'm still scared / What if my ego lying to me and I'm not it? What if I play this and nobody is astonished?” – Kristin Corry / OUÇA AQUI

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Honey Harper, Starmaker

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Honey Harper – nome artístico de William Fussell – cresceu num pântano na Geórgia, e seu pai era um imitador do Elvis; são essas memórias que moldam as canções country gentis e românticas dele. Harper as descreve como “música country celestial cósmica” ou “glam country”, mais na veia de Gram Parsons e Townes Van Zandt (só que enroladas em lamê) do que, digamos, aquele cara lá que a Gwen Stefani está namorando. O álbum de estreia dele, Starmaker, não é feito para um churrasco no estacionamento de um estádio de futebol americano ou tocar no último volume no som de uma picape; é para tomar psilocibina num acampamento no Joshua Tree, olhando as estrelas, pensando em alguém especial, e fazendo tentativas honestas de introspecção. Faixas enevoadas como “Suzuki Dreams” e “Strawberry Lite” são constelações brilhantes da Americana; elas soam como mensagens de muito tempo atrás, só agora chegando aqui depois de uma longa jornada pelo tempo e o espaço. – Hilary Pollack / OUÇA AQUI

Hum, Inlet

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Vinte anos depois de seu último álbum, Downward Is Heavenward, os reis do space rock dos anos 90 do Hum decidiram que este estranho momento de 2020 podia ser uma boa hora para lançar um novo disco. E eles estavam certos. Hum teve uma grande influência no revival de shoegaze e reverb da década passada, mas eles ainda fazem isso melhor que qualquer um de seus imitadores; logo nos portões do álbum, “Waves”, os riffs de guitarra são como lava consumindo tudo em seu caminho, abrasadores, lamacentos e brilhantes. Melhor de tudo, esse realmente parece material novo, plantado firmemente na tradição deles de rock introspectivo e grande, mas com uma produção melhor, vocais mais claros e mais peso em meditação. Mal posso esperar para ouvir os caras ao vivo com meus amigos shoegazers um dia, quando o mundo parecer grande de novo. – Hilary Pollack / OUÇA AQUI

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John Carroll Kirby, My Garden

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My Garden é o primeiro álbum solo do inovador dos bastidores do jazz John Carroll Kirby. Kirby já colaborou com gente como Harry Styles, Kali Uchis, Frank Ocean e Solange, e My Garden é seu maior corpo de trabalho solo até agora. O disco começa com “Blueberry Beads”, tirando inspiração do jazzista de computador japonês Yoshio Suzuki. Kirby passa por sons caleidoscópicos – notas gravadas através de mensagens de voz de iPhone, mellow pads e flautas sintetizadas obscuras – tirando o tempo certo para explorar a humanidade na tecnologia. My Garden canaliza Herbie Hancock dos anos 60 através de lentes experimentais contemporâneas – Jaime Silano / OUÇA AQUI

Knxwledge, 1988

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Knxwledge está fazendo música 24 horas o ano todo. Desde 1988 em abril, ele lançou 10,000 Proof e Koko EP, com mais dois projetos no Bandcamp, Musiq.PRT 2 e VGM’sPRT 1. Tem muita música saindo da cabeça do produtor de LA; parece que ele está revivendo memórias nostálgicas e momentos abruptos de precisão na forma de loops e samples afiados. Para explorar os lançamentos deste ano do beatmaker abençoado, 1988 é o lugar certo pra começar. A segunda metade do projeto – de “gangstallthetime” até a última faixa “minding my business” com Durand Bernarr e Rose Gold – são alguns dos melhores trabalhos de Knxwledge deste ano. – Jaime Silano / OUÇA AQUI

Lil Tjay, State of Emergency

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Nossa era de pandemia global e turbulência civil torna State of Emergency um nome muito apropriado para a última mixtape de Lil Tjay. O projeto é uma obra desafiadora que declara que algumas comunidades, como o bairro nativo dele de South Bronx, sempre viveram em um estado de emergência. Na música de abertura, “Ice Cold”, Tjay caminha por seu passado problemático, lembrando os dias em que achava que nunca chegaria a ter a idade para votar. Agora com 19 anos, Tjay pode refletir sobre essas experiências no sistema criminal juvenil através de sua música. “First time getting sentenced, I was 13 / First time ever getting knocked I was twelve.” Com colegas como Jay Critch, Sheff G, J.I the Prince of N.Y, Fivio Foreign e Pop Smoke, a cena de rap de Nova York prospera em sua habilidade de fazer festa em meio a dor. – Kristin Corry / OUÇA AQUI

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Machine Girl, U-Void Synthesizer

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Se estamos no fim dos tempos, Machine Girl é o som certo para o choro e ranger de dentes, para espumar pela boca enquanto o julgamento final cai sobre todos aqueles que merecem. De escala bíblica, mas puro sacrilégio na execução, U-Void Synthesizer é a última obra da celebração sangrenta da intersecção incestuosa entre rave, punk, metal e outros extremos da cena dos porões de Pittsburgh. Se os autoproclamados mutantes da banda ligam mesmo para moralidade no sentido tradicional é uma pergunta em aberto, mas o som rascante de U-Void Synthesizer pode ser uma punição eficiente para todos os nossos pecados, se você acredita nesse tipo de coisa. Ajoelhe e implore por misericórdia. – Colin Joyce / OUÇA AQUI

Melkbelly, Pith

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A alquimia do Melkbelly depende do ataque violento da seção de ritmo deles e da impiedade do baterista James Wetzel e do baixista Liam Winter, misturado com a sensibilidade doce da vocalista/guitarrista Miranda Winters e seu marido guitarrista Bart Winters. Em seu segundo LP Pith, os roqueiros de Chicago aperfeiçoaram sua química DIY em músicas incansáveis como a abertura “THC”. Oferendas como “Season of the Goose” mantêm a energia eletrizante sem sacrificar os ganchos. Como seus influenciadores e ex-colegas de turnê Breeders, o poder do Melkbelly vem de cavalgar com habilidade a linha entre noise e pop. – Josh Terry / OUÇA AQUI

Naeem, Startisha

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A coisa mais bonita da vida é que não há limite para o número de vezes que você pode se reinventar. Naeem Juwan, antes conhecido como Spank Rock, é uma relíquia da cena musical da internet do começo dos 00, usando o pulso da dance music de Baltimore para casar seu amor por gêneros como hip hop e house. Faz nove anos que Juwan lançou seu último álbum. Usar seu primeiro nome, não um apelido tão impactante, não significa que sua música está menor. A faixa “Let Us Rave” é a trilha sonora de escapismo induzido por drogas que a gente precisava nestes tempos sem precedentes. As restrições da quarentena, especialmente no auge do verão, já são o o suficiente para sairmos implorando por dias realmente divertidos. – Kristin Corry / OUÇA AQUI

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Navy Blue, Àdá Irin

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O álbum de estreia do rapper de Nova York Navy Blue tirou seu título da história de Ogum, um deus iorubá que usava uma espada de ferro para “abrir os caminhos”. É um bom título para essas 11 faixas cheias de memórias fragmentadas, mitos antigos e sonhos enevoados de futuro, que pairam delicadamente sobre notas de pianos e samples lascados de canções soul esquecidas. É uma linha tênue entre o aqui e o futuro, uma reflexão meditativa e mística sobre o peso do passado e as forças que o tornaram quem ele é. Como um vitral quebrado, o disco é abstrato mas cintilante, cheio de verdades para serem adivinhadas enquanto você recolhe os cacos afiados. – Colin Joyce / OUÇA AQUI

NNAMDÏ, Brat

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Os lançamentos de 2020 de NNAMDÏ provam o quanto ele é essencial. Mês passado, o artista de Chicago lançou o EP Black Plight, o disco mais vendido do Bandcamp Day de junho, e Krazy Karl, um LP de prog maluco inspirado no Looney Tunes. Seu primeiro álbum do ano, Brat, continua destacando seu trabalho recente esplêndido, um disco aventureiro que desafia gêneros, cheio de experimentalismo climático como “Glass Casket” e hip hop celestial como “Gimme Gimme”. Poucos álbuns deste ano são tão ecléticos para ter o folk esquisitão “Flowers to My Demons” e a alienígena e espalhafatosa “Price Went Up”. – Josh Terry / OUÇA AQUI

The Orielles, Disco Volador

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The Orielles é cheio de influências mundiais, como funk turco, smooth jazz, K-pop e até samba brasileiro, em suas músicas palatáveis de indie rock. Mesmo sendo grande no Reino Unido, onde a banda deveria ter se apresentado no Glastonburry se não fosse pelo COVID-19, as faixas dinâmicas do seu excelente segundo álbum Disco Volador merecem um público maior no resto do mundo. Se bandas como Crumb e Khruangbin estão na sua playlist da quarentena, não preciso fazer muito para te vender uma banda como esse trio. Ouça os grooves imediatos estilo Talking Heads de “Bobbi’s Second World” ou a “Stereolab para zoomers” “7th Dynamic Goo”, e você tem um belo combo no repeat. – Josh Terry / OUÇA AQUI

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patten, GLOW

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Uma das bandas mais interessantes e subestimadas vindas do estábulo da Warp Records, a mudança do patten para a independência continuou produzindo um áudio comprometido. Enquanto FLEX de 2019 veio imerso num modo diverso mas de dance music centrada no Reino Unido, o disco seguinte GLOW emancipou patten do gênero como se fosse uma troca de pele. Gravado durante o lockdown, o projeto de uma hora rejeita a batida para produzir ecos ambientais em “Lavender Crest” e shoegaze digitalmente renderizado em “Memory Place”. Com sua melodia descontrolada e turntablismo de último suspiro, “Lariat” lembra o maravilhamento extraterrestre do Oneohtrix Point Never, enquanto evita a estranheza calculada de seus antigos colegas de gravadora. Um dos muitos destaques, “Valley Commerce”, é o que Trent Reznor gostaria de estar compondo em 2020. – Gary Suarez / OUÇA AQUI

Rah Swish, WOO Forever

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Depois da morte trágica e prematura de Pop Smoke, a cena do Brooklyn ainda persevera. Apesar de insularidades e facções continuarem naturalmente, algumas mixtapes e EPs lançados nos últimos meses oferecem uma garantia de que a cena tem muitos talentos. Melhor que alguns lançamentos de grandes gravadoras, WOO Forever de Rah Swish existe como um complemento não-oficial de Shoot For The Stars Aim For The Moon. Ele presta sua homenagem em “Feel Like Pop” e tenta superar o luto através do hedonismo na faixa-título. Mesmo que dependendo de ritmos sombrios e ressonantes do Reino Unido, o destaque “We Can Do It” incorpora R&B com mais credibilidade que muitos dos colegas de Rah. – Gary Suarez / OUÇA AQUI

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R.A.P. Ferreira, Purple Moonlight Pages

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O rapper e produtor de Chicago Allen Philip Ferreira (antes conhecido como milo) coloca sua destreza impecável e habilidades de composição nos instrumentais caóticos de funk e blues de Purple Moonlight Pages. Na terceira faixa do álbum, “NONCIPHER”, o rapper descreve seu projeto como música que “soa como rap, mas é a arte de despencar”. Misturando batidas industriais macabras com letras bem pensadas e alegres, Ferreira apresenta um corpo de trabalho rico em perspectiva e quebra-cabeças. Jaime Silano / OUÇA AQUI

Ratboys, Printer’s Devil

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No começo da carreira, o Ratboys fazia música que eles chamavam carinhosamente de “pós-country”, mas com um sotaque que mascarava aspirações maiores de alt-rock que eles alcançaram no musculoso Printer’s Devil de 2020. O quarteto de Chicago está mais pesado e comandado por guitarras nesse LP, com músicas como “Look To” e “Anj”, que canalizam o rock de arena dos anos 90. Ratboys realmente brilha quando se ramifica, como na ambiciosa “Victorian Slumhouse”, uma canção cheia de referências da TV britânica, na sem pressa “Listening”, e na faixa título, que sonoramente parece uma atualização cheia de amor de “Autumn Sweater” do Yo La Tengo. – Josh Terry / OUÇA AQUI

Rookie, Rookie

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O LP de estreia do Rookie é um bom candidato para o disco de rock mais divertido e sem firulas do ano. Com uma porção bem servida de riffs estilo Thin Lizzy além de refrões barulhentos que rivalizam com os de seus ex-colegas de turnê Cheap Trick, a banda de Chicago valoriza hinos de bom coração sobre tudo mais. Com o single swagger dos anos 70 “I Can’t Have You But I Want You”, por exemplo, com ganchos amplos; ou os solos incríveis da peça central do disco ,“Ejam”, o disco tem charme de revival suficiente para manter seu poder. Mas o verdadeiro destaque é “Elementary Blues”, com harmonias chiclete que tornam a faixa contagiante. – Josh Terry / OUÇA AQUI

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Roy Kinsey, Kinsey: A Memoir

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Roy Kinsey trabalhou dez anos como bibliotecário, o que faz sentido considerando suas letras bem pensadas. Enquanto seu disco de 2018 Blackie: A Roy Kinsey Story navegava pelas brutalidades do racismo sistêmico, Kinsey: A Memoir é cheio de observações pessoais de sua perspectiva como um homem queer negro morando em Chicago. “Fetish” lida com uma noite de balada em Boystown, um bairro LGBTQ da cidade que atualmente está reconhecendo seu passado de racismo e transfobia. Na música ele canta: “White gays say ‘Yasss’/White men say ‘Mama’/They wanna take back the night/From the girls that look like Marsha”. – Josh Terry / OUÇA AQUI

Rum.gold, aIMless

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A voz de Rum.gold dói com o peso das palavras que não foram ditas, mas sua música expressa esses desejos mesmo assim. aIMless é tão corajoso quanto vulnerável, e a voz amanteigada do cantor só acrescenta a suas composições. Com uma produção quase de hinário, o EP de seis faixas lembra uma igreja. “Save You” é um batismo heroico de amor, desejando que suas emoções tivessem o poder de curar. “If you only knew all the love I had for you / You'd see why I wanna save you”, ele canta. – Kristin Corry / OUÇA AQUI

V.V. Lightbody, Make a Shrine or Burn It

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Embora nunca derivadas, várias das músicas do magistral Make a Shrine or Burn It de V.V. Lightbody soam tão familiar que parecem atemporais. A primeira música, “If It’s Not Me”, é uma reviravolta bem-vinda para o tropo do ciúme, aceitando a mudança e o passado com o refrão “If it’s not me, I’m happy for you”. Lightbody é excelente em navegar por melodias delicadas, como na bela “Damn Golden”, mas também atinge rajadas mais altas, como a espinhosa “Horse of Fire”. Mesmo discreto, esse é um disco que transmite charme em cada faixa. – Josh Terry / OUÇA AQUI

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Walter Martin, Common Prayers

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Ouvir Common Prayers de Walter Martin, que ele lançou em março para amenizar a deprê da quarentena, é como entrar embaixo de um cobertor pesado: Suas canções simples e reconfortantes se assentam sobre você, cada uma diminuindo sua ansiedade aos poucos. As músicas são despojadas, compostas principalmente por violão gentilmente dedilhado, um órgão que ronrona, um baixo corajoso e uma bateria tocada preguiçosamente. A voz de Martin é discreta mas rica em personagem, como um cruzamento entre as de Ray Davies e Jonathan Richman. Suas letras são potentes e poéticas, com versos que atingem forte no peito e ficam pairando na sua mente por dias. “So here we sit, I guess this is it, watchin' the world burn down on TV”, ele canta. “But if you still feel like dancing, honey I do too.” O disco captura 2020 numa casca de noz, acrescentando um toque de esperança que te faz querer continuar caminhando. – Drew Schwartz / OUÇA AQUI

Wares, Survival

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No novo LP feroz dos punks de Edmonton Wares, a narrativa corajosa da vocalista Cassia J. Hardy aumenta consistentemente as apostas emocionais, mesmo na primeira ouvida. As músicas dela lidam com trauma e resiliência, como a narrativa simpática “Jenny Says”, onde um encontro por acaso com um estranho leva a um laço muito necessário. Músicas como a bombástica “Surrender Into Waiting Arms” vão do esperançoso ao extático até o meditativo e perturbador quando chega ao clímax: “Kiss my lover in the sun / feel their heart pressed / between finger and thumb”. Nas outras, sintetizadores ensolarados obscurecem o fato de que a faixa “Surface World” lida com a morte. Tem temas bem pesados aqui, mas Hardy e seus colegas de banda os abordam com graça e o vigor do indie rock. – Josh Terry / OUÇA AQUI

Yaya Bey, Madison Tapes

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Esse disco é um fio provocador de músicas neo-soul e interlúdios falados da cantora de R&B e poeta do Brooklyn Yaya Bey, cujo projeto de 2016 The Many Alter-Egos of Trill’eta Brown foi a estreia notável de uma compositora com potencial imenso. Madison Tapes é um disco de R&B de verão cheio de lições sobre trauma, relacionamentos, verdade e perda. O projeto abraça gentilmente questões difíceis da vida: “Have you ever loved someone who didn’t have the tools to love you?” e “How long does it take to get good at love?” – Jaime Silano / OUÇA AQUI

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