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Mais Medo, Menos Armas: ‘Alien: Isolation’ É o Jogo da Série Que Sempre Esperei

Faltava um jogo que unisse todas as tribos de Aliens. Não falta mais.
Crédito: YouTube

Em algum lugar existe uma montanha, e nela uma caverna com relíquias douradas banhadas pela luz de velas; lá, há um pergaminho infindável com todos os motivos que explicam o porquê dos jogos inspirados em filmes serem tão ruins. A maioria são apenas propagandas baratas. Por que alguém pagou pela criação de um jogo inspirado em Quanto Mais Idiota Melhor, por exemplo?

Quando bons, esse jogos são apenas exceções à regra, em especial no caso dos jogos inspirados em Riddick e The Warriors. Nossas expectativas acerca desses jogos são tão baixas que nem nos abalamos quando vimos que o jogo inspirado em Avatar, um sucesso de bilheterias, era uma merda. Na verdade, a gente já esperava isso.

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Atualmente, a indústria nem se preocupa muito com adaptações de filmes. Se alguém quiser mesmo apostar na ideia, o ideal é criar um jogo que apenas compartilhe o mesmo universo do filme e que seja uma obra à parte, como o jogo de The Walking Dead, ou o novo jogo do Batman, Arkham Asylum.

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No caso da franquia dos filmes Alien, seus jogos sempre foram um fracasso; pelo menos até agora.

'ALIEN: ISOLATION' É O PRIMEIRO JOGO DA FRANQUIA ALIEN CONSIDERADO UM JOGO DE TERROR, MESMO GÊNERO QUE O FILME ORIGINAL DOMINAVA TÃO BEM

O primeiro filme, dirigido por Ridley Scott, é um filme de terror maravilhoso: tenso, solitário, sufocante e silencioso. Aliens, dirigido por James Cameron, é um filme de ação espetacular, cheio de sequências grandiosas, armas futuristas e frases de efeito inesquecíveis. O mais importante é que os dois filmes sabem exatamente onde um começa e o outro termina; há um equilíbrio entre os dois.

Mas não podemos dizer o mesmo sobre os jogos da saga.

No período entre o lançamento do impressionante Alien: Isolation e o medíocre Aliens: Colonial Marines, no ano passado, o público debateu muito sobre a ausência de um jogo que fizesse jus à franquia Alien. Colonial Marines, a última tentativa, foi muito esperada, mas acabou sendo um fiasco.

Todos estavam ansiosos para ver o que a Gearbox, criadora do bem-sucedido Borderlands, iria fazer com a saga amaldiçoada; mas uma série de atrasos, uma qualidade gráfica medíocre, fofocas sobre o processo de criação e, consequentemente, um jogo mal-feito e entediante trouxeram mais desânimo para uma franquia que já não era muito boa.

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O resultado pareceu mais um divórcio sofrido do que um lançamento mal-sucedido — uma versão para Wii U nunca aconteceu. Desde então, a Gearbox e a Sega têm lutado na justiça.

Uma imagem do jogo Colonial Marines. Crédito: YouTube.

Por mais que Colonial Marines tenha sido uma decepção, o jogo fazia parte da safra medíocre da última década. Os xenomorfos tiveram mais sucesso nos jogos da série Alien vs Predador. A saga começou com jogos de porradaria, até se encontrar no gênero de tiro em primeira pessoa, em um jogo de 1994 para o Atari Jaguar. Na real, existem mais jogos da série Alien vs Predador do que da série Alien.

No entanto, os jogos baseados na série original nunca foram conhecidos por sua qualidade. Alien 3, um dos primeiros jogos multi-console da série lançado em 1992, lembrava mais o filme Aliens do que o filme dirigido por Fincher (o que não era algo necessariamente ruim), mas uma câmera difícil de controlar e uma jogabilidade ruim tornaram-o uma experiência frustrante.

A versão para SNES é considerada a melhor da saga; já a Alien Trilogy, criada pela Acclaim, parecia mais um mod de Doom. Eu sempre achei o Alien: Infestation um jogo decente, mas truncado; assistir aliens de duas dimensões dando pulinhos e dançando ao seu redor é mais cômico do que assustador, por mais considerado que o jogo seja. Colonial Marines não foi o único jogo da saga que demorou a ser lançado, Alien: Resurrection, de PlayStation, foi lançado três anos após o filme.

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Alien: Isolation, lançado esse ano, foi uma novidade — e não apenas por ser um jogo divertido. O jogo nos mostra o que faltava em muitos dos antigos jogos da série.

Uma imagem do jogo Alien: Isolation trailer. Crédito: YouTube

Na maioria dos jogos, o objetivo era apenas destruir alguns monstrengos espaciais, o que pode até ser divertido. No entanto, Isolation aproxima o jogo de suas raízes cinematográficas. Alien: Isolation é o primeiro jogo da franquia Alien considerado um jogo de terror, mesmo gênero que o filme original dominava tão bem.

A parte mais impressionante da sequência de Colonial Marines criada pela Sega é que o jogo só conta com um xenomorfo, que persegue o jogador por toda sua extensão. Um. No singular. A homenagem ao filme de Ridley Scott é impressionante, e estranhamente reconfortante; mas é a ausência de seres para destruir, e a presença de um para temer, que tem empolgado os jogadores.

Aqueles que elogiaram Isolation enfatizaram que esse é um jogo para se jogar no escuro. É preciso se esgueirar pela nave, tentando se livrar de um predador imprevisível — e sobreviver. Você é Amanda Ripley, filha de Ellen Ripley, e sabe muito bem que qualquer encontro com o monstro pode ser o seu fim.

O xenomorfo, criado pelo recém falecido H.R. Giger, é uma criatura aterrorizante. Uma criatura humanóide, mas terrivelmente retorcida e perturbadora, com um corpo esguio e coberto de tubos: ela nasceu para espreitar e se camuflar dentro de uma nave espacial.

Esse é o monstro contra qual lutamos há anos com milhares de armas espaciais, destruindo-o como os vermes de outros jogos de ficção científica. Os jogos de ação da série Alien já ganharam o seu lugar ao sol. Já está mais do que na hora de voltarmos a ter um puta medo desse bicho — e é exatamente isso que Alien: Isolation nos oferece.

Tradução: Ananda Pieratti