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Como tecnólogos usam realidade aumentada para recuperar arte roubada

Ladrões roubaram mais de 500 milhões de dólares em arte do Museu Isabella Stewart Gardner há 28 anos. Agora pessoas usam o ARKit da Apple para reaver virtualmente as pinturas.

Por volta da meia-noite há pouco mais de 28 anos, uma dupla de ladrões invadiu o Isabella Stewart Gardner Museum em Boston, Massachusetts, nos EUA, sob o manto da escuridão. Os intrusos, disfarçados de policiais, imobilizaram os seguranças do museu e usaram estiletes para levarem as telas. Saíram do local com 500 milhões de dólares em arte arrancada das paredes do museu.

Entre as peças roubadas estavam três telas do artista barroco holandês Rembrandt e cinco do impressionista francês Degas. Até hoje, o caso segue como um dos maiores roubos não-solucionados de arte da história, em que nenhuma prisão foi feita. O espaço de onde cada uma das 13 peças estava, segue vazio.

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Por mais que nunca venhamos a saber a localização das pinturas de fato, um grupo de tecnólogos está usando realidade aumentada para que possamos ver, mesmo que virtualmente, tais obras.

Utilizando o ARKit da Apple, uma equipe composta por nove tecnólogos da Cuseum— grupo que ajuda a trazer experiências de RA para museus – recriou “Dama e Cavalheiro em Negro” e “Tempestade no Mar da Galileia – duas das 13 pinturas roubadas. O grupo se refere ao projeto, que não conta com sanção do museu, de Hacking the Heist.

“Uma empreitada dessas não seria tecnologicamente possível há um ano, mas agora com os avanços recentes na funcionalidade de RA, o aparelho é capaz de reconhecer superfícies verticais e reagir com base nisso”, disse Brendan Ciecko, um dos tecnólogos da Cuseum. “Me liguei de que muita gente nem sabia como eram as pinturas que foram roubadas.”

A versão do Apple ARKit de Ciecko roda com base no último iOS disponibilizado para desenvolvedores. Assim que esta versão vier a público, todos poderão baixar um app e ver as pinturas restauradas digitalmente em seus aparelhos. Até lá, os responsáveis esperam poder emprestar alguns iPads para o museu de forma que seus visitantes possam apreciar as obras mesmo sem acesso ao aplicativo.

No momento, o trabalho da equipe está na fase de prova de conceito, mas de acordo com Ciecko, sua intenção é trabalhar junto ao museu para criar um projeto aberto ao público no futuro.

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Tecnologias de realidade aumentada tem ganho espaço comercial ao longo do ano que se passou. “Antes, a realidade aumentada era bem instável”, disse Ciecko. “Você escaneava algum tipo de marcador e surgia um vídeo, mas nada funcionava muito bem porque não era possível fazê-lo com alta fidelidade.”

O ARKit da Apple usa a câmera de um iPhone ou iPad para detectar superfícies e não exige nenhum tipo de marcador ou QR code para posicionar objetos tridimensionais no ambiente. No caso das obras do Gardner Museum, tais avanços são essenciais porque o espaço onde as obras deveriam estar se encontra vazio.

Em vez de depender de um marcador, Ciecko e sua equipe tiveram que detectar as telas adjacentes às pinturas: a equipe então usou as pinturas no entorno como âncoras em vez da abordagem tradicional de sobrepor imagens.

Como o trabalho desenvolvido até então não conta com qualquer autorização do museu, Ciecko e seus parceiros quase tiveram problemas com a segurança no começo do projeto. De acordo com Ciecko, após passar 45 minutos diante de um dos quadros para testar a tecnologia, o guarda achou o movimento suspeito e acionou um de seus supervisores.

Turistas no local viam imagens dos quadros nos iPads dos tecnólogos enquanto testavam seu app e muitas vezes faziam perguntas e tiravam fotos, de acordo com Ciecko. Ao pensar no futuro, o tecnólogo afirma ter esperanças de que a empreitada inspire mais pessoas a usarem RA na criação de experiências culturais e educativas.

“No caso desta instituição em específico, 13 obras foram roubadas”, disse. “É um ato vil e terrível roubar uma instituição aberta ao público, então queríamos deixar clara a forma como nos sentimos em relação a isso enquanto tecnólogos e especialmente como artistas e cidadãos de Boston.”

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