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Flor coisa nenhuma: o que rolou pelo Brasil no dia internacional da luta das mulheres

Dezenas de manifestações aconteceram simultaneamente no país inteiro exigindo o respeito aos diretos das mulheres.

A finada Dercy Gonçalves disse uma vez ao também finado Clodovil que odiava flores, já que não dá pra fazer nada com elas. À luz do Dia Internacional da Luta das Mulheres, ao menos, está certíssima a velha boca-suja, já que no mundo real (AKA pra muito além dos seus feeds de redes sociais) a data costuma ser uma deixa para receber brindes mal pensados e promoções na porta do quilão perto do trabalho

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Manifestação em São Paulo. Foto: Rodrigo Zaim/ R.U.A Foto Coletivo

É, só que a data sempre vai muito além disso. Este ano, por exemplo, no país inteiro, diversas cidades foram palco de manifestações e atos de trabalhadores rurais e sem-teto para gritos a favor da reforma agrária, repúdio ao agronegócio e reivindicações do reconhecimento dos direitos das mulheres. Tudo parte de uma ação chamada Jornada Nacional de Luta das Mulheres, que promete acontecer durante todo o mês de março.

Fizemos um pequeno apanhado de algumas das dezenas de manifestações que mobilizaram às ruas brasileiras. Ah, e teve treta sim, óbvio.

Grande parte das mobilizações que ocorreram no país foram organizadas por grupos de reforma agrária e favoráveis aos direitos dos trabalhadores.

Manifestação em São Paulo. Foto: Rodrigo Zaim/ R.U.A Foto Coletivo

Ceará

Cerca de 300 mulheres pertencentes ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) realizaram um protesto no Palácio da Abolição, sede do governo estadual em Fortaleza. As manifestantes exigiam uma audiência com o governador para discutir as pautas de reforma agrária, proibição de agrotóxicos, construção de escolas, mais projetos voltados aos diretos das mulheres e o fim da PM.

Os policiais que faziam a segurança do local responderam o protesto com agressões de cassetete e um deles chegou a espirrar spray de pimenta contra uma das mulheres que estava atrás das grades de proteção do palácio.

Segundo a assessoria do MST, uma grávida e uma idosa tiveram de receber atendimento médico por causa do ataque.

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Um vídeo foi publicado nas redes sociais denunciando a agressão da PM:

Minas Gerais

Na MG-129, em Catas Altas, Região Central de Minas Gerais, 1.500 mulheres do MST protestaram fortemente contra a Samarco e a Vale, responsáveis pela quebra de barragens que matou o Rio Doce e destruiu a cidade de Mariana.

As manifestantes presentes questionaram o modelo atual de mineração, considerado "predatório" e também reivindicaram pautas referentes às mulheres. O protesto aconteceu perto da mina de Fazendão, que pertence à Vale. Contou também com a mobilização do Movimento pela Soberania Popular na Mineração (MAM), que propõem um projeto social de mineração.

Manifestação em São Paulo. Foto: Rodrigo Zaim/ R.U.A Foto Coletivo

Maranhão

As obras da estrada de ferro de Carajás no Maranhão foram interrompidas pelo grupo Mulheres Sem Terra, que também se mobilizaram pela defesa da natureza, contra o agronegócio e pela memória do Massacre de Eldorado dos Carajás que completa 20 anos em 2016.

Cerca de três mil usuários do trem de Passageiros foram impedidos de viajarem na segunda e na terça. A Vale repudiou o ato. A ação também denunciou medidas da companhia Vale e pediu a redução de danos no impacto da empresa no assentamento da Vila Diamante Negro, no município de Igarapé do Meio.

Também no dia oito de março, foi divulgado um estudo que revelou alguns dos tipos mais comuns de violência cometidas contra mulheres em São Luís. O levantamento utilizou como processo processos que correram na justiça, mostrando que 34% das mulheres foram submetidas à violência psicológica e 29% são vítimas de agressões físicas.

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Alagoas

Trabalhadoras rurais se concentraram na manhã de terça às oito da manhã na Praça Centenário em Maceió em defesa às mulheres. Elas também realizaram protestos na Delegacia da Mulher e no Palácio do Governo.

A ação começou na segunda—feira (7) em algumas cidades do interior e já na terça-feira muitas das manifestantes estavam acampadas na Praça do Centenário para realizar o ato principal na capital.

Manifestação em São Paulo. Foto: Rodrigo Zaim/ R.U.A Foto Coletivo

Rio Grande do Sul

A frente feminina do MST e o Movimento de Atingidos por Barragens (MAB) ocuparam na terça-feira a sede da empresa Yara Fertilizantes, em Porto Alegre.

Muros da empresa foram pixados pelas manifestantes com dizeres como "assassinos" e "veneno=morte". Não houve nenhum tipo de confronto. A Yara Fertilizantes foi escolhida como um dos símbolos do agronegócio e da utilização de agrotóxicos.

A entrada do prédio do Incra chegou a ser bloqueada pelo protesto, impedindo a entrada e a saída de funcionários. Um dos servidores chegou a gritar que as manifestantes deveriam ir trabalhar.

Paraná

O bicho pegou em Quedas do Iguaçu quando um grupo de mulheres do MST invadiram um viveiro e destruíram 1,2 milhão de mudas de pinus que estavam sendo preparadas para o reflorestamento.

Segundo o MST, cerca de cinco mil mulheres participaram da ação, pertencente à Jornada Nacional de Luta das Mulheres Camponesas. Disse também que as mulheres exigem que a área utilizada pela empresa Araupel, uma fazenda de 35 mil hectares, para fins de reforma agrária.

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Manifestação em São Paulo. Foto: Rodrigo Zaim/ R.U.A Foto Coletivo

Rio de Janeiro

Triste notícias da Vila Autódromo. A carioca Maria da Penha Macena, um dos símbolos femininos de luta da comunidade, teve sua casa demolida sem aviso prévio pela Prefeitura do Rio.

Ironicamente, a demolição ilegal aconteceu no mesmo dia que Penha recebeu uma homenagem pela Assembleia Legislativo do Rio de Janeiro.

Acompanhamos a situação da comunidade Vila Autódromo. Lá já eve até P2 se infiltrando na área se fazendo de jornalista independente.

São Paulo

Mulheres se reuniram no vão livre do MASP para a realização do ato pelo Dia Internacional de "luta das mulheres"pelo Dia Internacional de "luta das mulheres". Elas seguiram pela Avenida Paulista, desceram a Augusta e terminaram a manifestação na Praça da República. O ato pediu a legalização do aborto, a reforma previdenciário e o fim da violência contra às mulheres e o racismo.

Treta durante a manifestação em São Paulo. Foto: Rodrigo Zaim/ R.U.A Foto Coletivo

Os já costumeiros pixos feministas voltaram a ilustrar os portões de ferro de comércios na Rua Augusta. Houve também uma treta quando uma mulher no carro de som gritou "Fora Dilma".

Uma nota de esclarecimento publicada pelo coletivo Juntas do PSOL defende que o confronto foi motivado por causa de algumas mulheres e homens que queriam sequestrar a pauta do dia oito de março para transformá-lo em um protesto contra o golpe, defendendo a presidente Dilma e o ex-presidente Lula.

Manifestação em São Paulo. Foto: Rodrigo Zaim/ R.U.A Foto Coletivo

Segundo o coletivo, uma militante do PSTU foi interrompida quando pediu que os manifestantes voltassem a se concentrar na pauta das mulheres. Daí, começou uma treta com os militantes do PT, que defendiam discutir a defesa do governo, e a oposição da esquerda que não concordava com a ação.