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Motherboard

​A saga de uma vítima da venda fracassada de um programa de espionagem

Hoje preso na Mauritânia, o guarda-costas Cristian Provvisionato é a síntese dos efeitos colaterais da corrida global pelas armas digitais.

Na noite do dia 13 de agosto de 2015, após passar o dia aproveitando o verão italiano com sua noiva em uma praia próxima à Genoa, Cristian Provvisionato, 42, um guarda-costas corpulento mas de aparência afável, notou que havia perdido uma ligação de seu chefe.

"É uma emergência. Preciso que alguém vá para a Mauritânia", lhe disse Davide Castro, funcionário da Vigilar, empresa de segurança e investigação particular.

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Castro, 33, prometeu que aquele seria um trabalho simples. Segundo ele, Provvisionato iria apenas substituir um outro homem que teve de voltar para casa. Seu trabalho seria escoltar um técnico de outra empresa chamada Wolf Intellligence para uma reunião com representantes do governo local. No encontro, a Wolf Intelligence apresentaria um produto que permitiria que as autoridades mauritanas espionassem seus cidadãos.

"Não se preocupe", disse Castro à Provvisionato em um email. "Estou aqui para te ajudar. Você não está sozinho."

O trabalho seria bem remunerado: 1.500 euros por semana mais um bônus de 3.000 caso a venda fosse bem-sucedida. Apesar da Mauritânia ser um país africano pouco conhecido, a proposta parecia imperdível — tanto que a noiva de Provvisionato lembra ter dito, com humor, que "se você não for, eu mesma vou".

Mal sabia Provvisionato que o que deveria ser um trabalho simples se revelaria um pesadelo.

O guarda-costas italiano logo se viu — ao que tudo indica por acidente e sem nenhum conhecimento prévio — no meio de uma espinhosa negociação internacional. Em pouco tempo, ele se tornaria vítima da disputada corrida da vigilância digital, na qual empresas de todo o mundo oferecem a agências governamentais a tecnologia necessária para hackear e espionar criminosos, terroristas e, ocasionalmente, dissidentes e jornalistas.

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