Foi difícil conter a emoção e até a sensação de estranhamento quando vimos uma chamada no Facebook para participar da Oficina de Teta Lírica da artista recifense Marie Carangi de 28 anos. A proposta era a mais simples possível: se posicionar na frente de um teremim com os peitos desnudos e tentar movimentá-los na intenção de fazer o máximo de barulho possível. Prevendo ser um workshop fora do comum, fomos lá conferir esse encontro entre o primeiro instrumento eletrônico da história e… peitos femininos.O teremim é um dos primeiros instrumentos eletrônicos do mundo. Foi patenteado em 1928 pelo inventor russo Léon Theremin e é composto por antenas de metal que emitem sons a partir do movimento das mãos que controlam o volume e a frequência sem precisar tocar no instrumento. Ele foi usado popularmente a primeira vez em 1966 na faixa "Good Vibrations" do grupo californiano The Beach Boys.A ideia de usar os seios femininos como instrumento de composição começou quando de Marie fez seu trabalho de conclusão do curso de Arquitetura e Urbanismo na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) que consistia em colocar um banquinho de madeira em lugares e situações diferentes e oferecer cortes de cabelo para um público desconhecido. A performance-serviço foi batizada de "Peluqueria Carangi" e, a partir desse trabalho e mais diversas pesquisas de corpo, som e movimento da artista, nasceu a performance da "Teta Lírica" a qual colamos para aprender mais na Casa do Povo."Oferecer essa oficina veio com a vontade de compartilhar com outras mulheres essa sensibilização do corpo que venho descobrindo através dessa performance do teremin", explica Carangi. "É trabalhar essa escuta do corpo e ao mesmo entender como ele reage dentro desse campo sonoro. E as tetas estão menos acessíveis nos nossos gestos diários."Junto com a gente, mais duas mulheres e também artistas apareceram no workshop. Seguindo as instruções de Marie, pegamos uma meia calça, cortamos os pés e os fundilhos para ela virar uma espécie de segunda-pele e fizemos dois buracos para liberar os seios. Isso, além de ser visualmente bonito, acabou sendo prático pros peitos pularem e não doerem que nem o inferno.Foi uma sensação esquisita estar só com os seios de fora e sentindo como só a presença deles conseguia produzir um som imperativo no campo do teremim. Cada peito fazia um som diferente, variando com a desenvoltura das participantes. A nossa repórter, dura que nem uma pedra, sofreu um pouco para se soltar, mas logo estava rebolando e mexendo os peitos na frente do instrumento e fazendo um barulhão.Passando aquela vergonha protocolar, todo mundo estava soltinha na frente do instrumento e mexendo o corpo de todas as maneiras possíveis para criar sons dos mais agudos aos mais tenebrosos que pareciam trovões."[O intuito] também é experimentar a capacidade de composição a partir de movimentos gerados nesse campo do instrumento. É favorecer também que cada pessoa e cada teta desenvolver e descobrir uma composição própria a partir dessa experiência lírica", diz Marie.Leia mais no Noisey, o canal de música da VICE.
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