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Sexo

A complicada relação entre sexo e masturbação

Por que você não deve se sentir mal se seu parceiro estiver se divertindo sozinho.
Imagem via fiy13/Getty Images

Esta matéria foi originalmente publicada no Tonic .

Vamos supor que você está num relacionamento sério e descobre que seu parceiro se masturba regularmente. Como você se sentiria?

Algumas pessoas, segundo pesquisas, dizem se sentir desconfortáveis. Quando alguém num relacionamento continua se masturbando, há essa ideia equivocada de que a pessoa não está transando o suficiente. Sendo honesto, às vezes isso é verdade — masturbação pode servir como um substituto para a falta de sexo.

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Ainda assim, outras pessoas dizem não se incomodar em saber que seu parceiro toca uma de vez em quando. E, mais uma vez, estudos sugerem que, em vez de ser uma causa de preocupação, masturbação pode ser um sinal de que as coisas vão bem — um complemento de uma vida sexual ativa e feliz. Quando as pessoas estão transando mais, dizem as pesquisas, isso aumenta o desejo por todas as atividades sexuais — incluindo a que praticamos sozinhos.

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Então qual a questão aqui? Masturbação é um substituto para falta de sexo, ou um sinal de uma vida sexual ativa? Ou um pouco dos dois? Felizmente, um novo estudo — sim, outro estudo — lança luz nesse assunto.

Dessa vez, pesquisadores norte-americanos examinaram dados de uma pesquisa nacional com mais de 15 mil adultos nos EUA com idade entre 18 e 60 anos. Como parte da pesquisa, os participantes respondiam se tinham se masturbado nas últimas duas semanas. Os pesquisadores também perguntavam se eles tinham feito sexo naquele período e se estavam contentes com a quantidade de sexo que estavam fazendo.

Surpreendentemente, parece que as pessoas que tinham e não tinham se masturbado faziam uma quantidade de sexo similar no geral. Em outras palavras, não havia muita ligação entre o que as pessoas estavam fazendo com seus os parceiros e o que estavam fazendo sozinhas. No entanto, isso acontecia porque a ligação entre masturbação e frequência de sexo era, como os autores da pesquisa colocaram, "mascarada", o que significava que isso dependia de outra coisa. Especificamente, do "gênero" do participante, além de como ele se sentia sobre a quantidade de sexo que estava fazendo.

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"Quanto mais sexo essas mulheres faziam, mais elas queriam se masturbar."

Entre as mulheres contentes com sua vida sexual, o sexo frequente estava ligado a possibilidade maior de masturbação. Em outras palavras, quando as mulheres estavam atendendo ou excedendo sua quantidade de sexo desejada, a masturbação tomava um papel complementar — quanto mais sexo essas mulheres faziam, mais elas queriam se tocar.

E quanto a mulheres que não estava fazendo tanto sexo quanto gostariam? Acontece que elas se masturbavam tanto quanto, independentemente de não transar ou transar várias vezes por semana. Então, enquanto a frequência sexual e masturbação estavam ligadas para mulheres felizes, elas não tinham nada a ver entre si para mulheres que estavam infelizes na cama.

"Para os homens infelizes, masturbação serve como um substituto para o sexo."

E o padrão era muito diferente para os homens. Entre caras que estavam felizes com sua vida sexual, não havia ligação entre quantidade de sexo e possibilidade de masturbação. Então, caras felizes têm a mesma chance de se masturbarem não importa a frequência de suas transas. Mas para os caras insatisfeitos, quanto menos sexo eles faziam, mais possibilidades eles tinham de descabelar o palhaço. Isso sugere que, para os homens infelizes, masturbação serve como um substituto para o sexo.

Também vale mencionar que, no geral, os homens relataram se masturbar mais que as mulheres, e pessoas insatisfeitas relataram se masturbar mais que pessoas satisfeitas sexualmente. Mas enquanto homens satisfeitos e mulheres insatisfeitas tinham uma probabilidade parecida ao se masturbar (cerca de metade dos dois grupos fazia isso), homens insatisfeitos se masturbavam mais que todos os grupos. As mulheres satisfeitas eram as que se masturbavam menos.

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"Não é apropriado dizer que a masturbação é um substituto ou um complemento para o sexo."

Então, o que isso nos diz? Primeiro, isso muda fundamentalmente a maneira como pensamos sobre a ligação entre sexo e masturbação. Isso é muito mais complexo do que pensávamos antes, e não é apropriado dizer que a masturbação é um substituto ou um complemento para o sexo — em vez disso, a masturbação pode servir aos dois papéis, com papéis específicos dependendo da pessoa.

Essas descobertas também nos dizem que temos mais chances de nos masturbar dependendo de como nos sentimos sobre nossas vidas sexuais, mais do que da quantidade de sexo que estamos fazendo. Em outras palavras, quão ativos somos sexualmente não importa tanto quanto se sentimos ou não que nossas necessidades sexuais estão sendo atendidas.

Outro ponto extra do estudo é que a masturbação parece servir para papéis diferentes para homens e mulheres; no entanto, os autores do estudo alertam contra pular para essa conclusão. Eles argumentam que o gênero deveria ser visto como uma proxy para o nível de desejo sexual, baseado em descobertas de pesquisas de que homens tendem a ter mais desejo sexual que as mulheres. Diante disso, eles argumentam que para pessoas com níveis de desejo sexual mais baixo — não importa o gênero — masturbação tem mais chances de tomar um papel complementar quando as necessidades sexuais estão sendo atendidas. Em contraste, para aqueles que têm níveis de desejo mais alto (tanto homens como mulheres), a masturbação tem mais chances de ser um substituto para o sexo quando isso não está disponível. Então, o ponto aqui é que a masturbação não tem um significado inerentemente diferente para homens e mulheres — em vez disso, o significado é diferente para pessoas com mais ou menos desejo.

Resumindo, a relação entre o sexo e a masturbação é muito complicada. Às vezes, masturbação é um sinal de uma vida sexual não satisfatória; em outros casos, você pode estar totalmente contente com sua vida sexual e se masturbar mesmo assim.

Justin Lehmiller é diretor do programa de psicologia social da Ball State University, uma faculdade afiliada ao Instituto Kinsey, e autor do blog Sex and Psychology . Siga o cara no Twitter .

Tradução: Marina Schnoor

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