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Drogas

Sim, você pode ser alérgico a maconha

Com o visível aumento do consumo da erva, sobe também o registro de efeitos colaterais relacionados à verdinha, como nariz escorrendo e coceira nos olhos.

Foto por Jackson Fager.

Muita gente está chapando sem medo nos EUA nos últimos tempos. A proibição está retrocedendo, e os americanos estão comemorando com muitos muitos becks e bongs. Alguns, no entanto, estão notando efeitos colaterais que geralmente não eram associados à maconha, como nariz escorrendo e coceira nos olhos. Segundo alergistas, essas pessoas estão descobrindo que têm alergia a maconha.

Alergia a maconha não é incomum, apesar das pesquisas ainda serem muito preliminares para mostrarem exatamente os números do problema. Mais de 20% da população têm alergias sazonais — o que significa ser alérgico a plantas e pólen. E como maconha é uma erva, com pólen e tudo, pessoas que sofrem com esse tipo de alergia podem ser alérgicas a maconha.

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"Com a maconha cada vez mais legalizada e com as pessoas ficando menos relutantes em falar sobre ela com seus médicos, acho que vamos ver mais pessoas relatando esse problema", disse William Silvers, alergista e professor da Universidade do Colorado. Silvers publicou um editorial em fevereiro apontando o aumento desses casos em seu consultório, e pedindo a alergistas que perguntem aos pacientes sobre uso de maconha "sem julgar". Uma revisão de pesquisa de 2015, publicado no Annals of Allergy, Asthma, and Immunology, também apontou um aumento nos relatos de alergia a maconha.

Silvers disse que a maioria dos pacientes que ele vem tratando por alergia a maconha são fumantes habituais ou pessoas que trabalham na indústria nascente da droga, por isso lidam com a erva regularmente. Um paciente de 28 anos, por exemplo, mostrou uma congestão nasal extrema logo depois de começar a trabalhar com poda de maconha; ele acabou desenvolvendo tosse crônica e espirros também. Outro paciente que trabalhava numa plantação desenvolveu uma coriza persistente, coceira nos olhos, tosse seca e coceira nas mãos com eczema, que pioravam quando ele estava no trabalho.

Apesar de menos comum, outras pessoas mostraram sinais de alergia pelo uso de maconha. Quando o morador de Denver Sergei fuma, seu nariz começa a escorrer e seus olhos coçam. Achando que todo mundo experimentava isso quando fumava, Sergei só percebeu que tinha uma alergia quando seu médico comentou casualmente sobre isso. "Eu nunca tinha ouvido falar em alergia a maconha, então isso nunca me ocorreu", ele disse a VICE. "Eu achava que aqueles eram efeitos normais."

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Enquanto coriza, coceira ou vermelhidão nos olhos, e uma probabilidade de desenvolver asma e problemas respiratórios geralmente serem pequenas no começo, elas pode se tornar mais severas enquanto o sistema imunológico se sensibiliza ao alérgeno pela exposição. "Você pode ser exposto de cinco a dez vezes antes de ter uma reação", disse Silvers.

A legalização da maconha levou a um aumento do uso de cepas mais potentes da erva, o que também pode resultar em reações mais fortes. Até agora, Silvers já viu um caso de anafilaxia, um tipo mais sério de resposta alérgica que pode incluir vômito, erupções cutâneas e problemas respiratórios graves. Há outros casos documentados de anafilaxia, incluindo o de um policial lidando com maconha como parte de uma investigação, e, mais assustador, um caso resultado de uso intravenoso de maconha.

Alergia a maconha pode ser desencadeada de várias maneiras. Algumas pessoas podem ter uma reação apenas por inalar a fumaça, outras podem ter problemas ao engolir alimentos com maconha ou manipular brotos e folhas. Em todos os casos, o remédio infelizmente é o mesmo: ficar longe da erva.

Silvers também esclareceu: se a reação, como a de Sergei, é suave, não parece tender a piorar, e se o problema é só nariz escorrendo e coceira nos olhos, tomar um anti-histamínico antes de fumar ajuda. Tentar versões comestíveis e vaporizadores em vez de um baseado também pode ser útil, segundo o alergista.

"Mas se começar a desenvolver asma, é preciso analisar bem o que você está fazendo", ele acrescentou. "Você pelo menos tem que estar disposto a falar sobre isso com seu médico, e é preciso entender que talvez você tenha que mudar seus hábitos."

Tradução: Marina Schnoor

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