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Tudo que sabemos sobre a 24ª fase da Operação Lava Jato

O ex-presidente Lula está no foco da operação e foi conduzido coercitivamente para prestar depoimento à Polícia Federal.

Foto: Ricardo Stuckert/Instituto Lula

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva terminou seu depoimento à Polícia Federal às 11:41 após ser conduzido coercitivamente nesta sexta (4) para prestar esclarecimentos na 24ª fase da Operação Lava Jato. Lula foi acusado de ter recebido valores originados do esquema Petrobras por meio da destinação e reforma do triplex e do sítio em Atibaia e também da entrega de móveis de luxo nos dois imóveis, além da armazenagem de bens por transportadora.

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Segundos os procuradores do MPF, há indícios que Lula teria recebido R$ 770 mil das construtoras OAS e Odebrecht "sem justificativa econômica lícita". Há também "fortes indícios" de que o ex-presidente recebeu pagamentos dissimulados que somam R$ 1,3 milhão da OAS, entre janeiro de 2011 e janeiro de 2016 para a armazenagem de itens retirados do Planalto. O Ministério Público também investiga os pagamentos feitos em favor do Instituto Lula e da LILS Palestras originados de empresas que são investigadas na Operação Lava Jato.

A mais nova fase da operação, chamada de Aletheia, expediu 44 mandados judiciais, 33 deles de busca e apreensão e 11 de condução coercitiva. O presidente do Instituto Lula, Paulo Okamoto, foi outro alvo da operação para prestar esclarecimentos. A casa do ex-presidente em São Bernardo do Campo, o sítio em Atibaia e mais alguns locais também foram revistados pela Polícia Federal. Ainda não foram divulgados os demais investigados nesta da Aletheia.

A condução de Lula ao depoimento foi altamente celebrada pela oposição e também muito criticada por Afonso Florence (BA), líder do Partido dos Trabalhadores na Câmara, que considera a "operação ilegal e política, que ataca o Lula, o PT e, principalmente, as conquistas populares". A ação na manhã desta sexta chegou a mobilizar praticamente todo o prédio da Polícia Federal de São Paulo, que suspendeu o atendimento ao público para se dedicar inteiramente ao caso.

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Como previsto, a condução coercitiva de Lula à Polícia Federal no ao Aeroporto de Congonhas gerou diversas brigas entre militantes pró-governo e a oposição. Nessa manhã, houve um confronto físico na frente da casa de Lula, assim como no Aeroporto de Congonhas onde alguns manifestantes hostilizaram políticos do PT.

Em nota, a página oficial do Lula postou essa manhã que "o Instituto Lula jamais ocultou patrimônio ou recebeu vantagem indevida, antes, durante ou depois de governar o País. Jamais se envolveu direta ou indiretamente em qualquer ilegalidade, sejam as investigadas no âmbito da Lava Jato, sejam quaisquer outras". As redes sociais do Instituto também questionaram a atuação do Ministério Público Federal e disse que sempre colaborou na investigação da Lava Jato.

Duas manifestações públicas, contra e a favor de Lula, estão sendo marcadas. O MBL (Movimento Brasil Livre) anunciou que fará uma manifestação no MASP nesta sexta, às 19h, em defesa da Operação Lava Jato. Já a militância do PT convocou todos "os amigos do presidente Lula e todos os defensores da democracia do país a fzerem atos em todas as cidades onde há diretores do PT". O partido designou uma manifestação às 18 horas na quadra do Sindicato dos Bancários no Centro de São Paulo.

O cerco político sobre a presidente Dilma Rousseff e, principalmente, Lula começou a fechar especialmente depois da publicação da capa da revista Istoé, que divulgou a delação premiada do senador Delcídio do Amaral que teria descrito minuciosamente a decisão de Dilma em manter na Petrobras os diretores investigados no Petrolão. Porém, o próprio Delcídio afirmou em nota que desconhece as informações concedidas na reportagem.

As últimas semanas vêm sendo consideradas "emocionantes" no noticiário político. O também ex-presidente Fernando Henrique Cardoso foi alvo de denúncias por manter um esquema off shore para sustentar sua ex-amante (ele será investigado pela PF para saber se houve o crime de evasão de divisas) e na última quinta (3) o presidente da Câmara Eduardo Cunha foi considerado réu pelo STF pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

Com a deflagração da 24ª fase da Lava Jato, foi registrada uma queda no dólar que chegou a ser cotado abaixo de R$ 3,70. A fragilidade do governo Dilma e a iminência do processo de impeachment teve reações claras nos investidores da bolsa de valores, sendo bem recebido pelo mercado, que entende a possível troca de governo como um rumo positivo para o cenário econômico do país. No entanto, a possibilidade de instabilidade econômica com o impeachment não deve ser descartada, podendo mexer negativamente com os investimentos no país.

Enquanto a coletiva da Polícia Federal não acontece, a notícia agora é que dezenas de militantes pró-Lula estão se reunindo no Aeroporto de Congonhas para prestar apoio ao ex-presidente.

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