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Um há muito perdido guião de Stanley Kubrick acaba de ser descoberto

Um perito acha que terá sido considerado "demasiado arriscado" para a época.
Getty Images, STF / Staff

Este artigo foi originalmente publicado na VICE USA.

Hollywood pode vir a produzir um novo filme de Stanley Kubrick, apesar da morte do realizador há quase duas décadas, graças à recente descoberta de um guião que, segundo consta, Kubrick escreveu em 1956.

O professor e expert em Kubrick da Bangor University, Nathan Abrams, contou ao The Guardian que encontrou o guião no decorrer de uma investigação para o seu próximo livro, Eyes Wide Shut: Stanley Kubrick and the Making of His Final Film. O guião "perdido" pertence ao filho de um ex-colaborador de Kubrick e tem mais de 100 páginas. É baseado no romance de 1923 Burning Secret,

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do autor judeu e austríaco, Stefan Zweig. O livro conta a história de um homem que tenta cortejar uma mulher num spa de beleza, tornando-se para isso amigo do seu filho de 12 anos.

Abrams descreve-o como o "inverso" de Lolita, de Vladimir Nobakov, que Kubrick adaptou em 1962. Essa história, em que um homem casa com uma mulher para se aproximar da sua filha foi complicada de passar pela censura hollywoodesca da época. Abrams revelou ainda ao Guardian que acredita que o guião foi escrito seis anos antes da estreia de Lolita e, na altura, pode ter parecido "demasiado arriscado" para a indústria.


Vê: "O falso documentário que 'prova' que Kubrick forjou a aterragem na Lua"


Na opinião de Abrams, o guião é possível de ser produzido por realizadores da actualidade. E há até um precedente: o guião de Kubrick notoriamente adaptado por Steven Spielberg em 2001, A.I.: Artificial Intelligence.

Se Hollywood vai ou não aproveitar esta oportunidade já é outra questão. Andrew Birkin, ex-assistente de realização de Kubrick, dirigiu uma muito criticada adaptação de Burning Secret, em 1988. Enquanto o #MeToo continua a espalhar luz pela escuridão masculina da indústria, é questionável se será o momento certo para lançar uma história sobre um homem predador. E, tendo em consideração as supostas relações abusivas que Kubrick tinha com a sua equipa de filmagens e elencos, talvez seja mesmo melhor deixar este guião no passado.


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