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Um mês sem poder fazer sexo

Aquela vez em que tive a vagina avariada por causa de uma DST.

Há uma altura da vida em que algumas mulheres ouvem três palavras que mudam tudo. "Tens VPH." Ou seja, o vírus do papiloma humano. A doença sexualmente transmissível mais comum, uma espécie de primo mauzão da herpes. Pode evoluir para cancro no colo do útero ou na vulva, por exemplo. Comigo aconteceu há cerca de dois anos e meio. Deu-me imenso material humorístico, claro. Piadas sobre a possibilidade de morrer antes dos 30, hilariante. Foi assustador (daí as piadas) e o absoluto contrário de qualquer coisa que podem ter visto na Girls. Depois de me terem diagnosticado VPH num papanicolau, era tempo de fazer uma colposcopia antes do passo lógico seguinte, uma biópsia. Não é agradável. Dói muito. A seguir, esperei alguns dias para saber os resultados, por outras palavras: para descobrir o quão iminente estaria um cancro. Foi a segunda vez que passei por isto, da primeira passou sozinho. Desta vez, não tive tanta sorte. Duas biópsias num período de tempo curto — deviam ter cartões de fidelidade para estas coisas. Espero que a terceira seja de borla. O médico ligou-me e não tinha grandes notícias. Queriam queimar-me o colo do útero com lasers. Estou a parafrasear, claro, mas dá para perceber a ideia. Liguei a uma amiga que já tinha passado pelo mesmo e foi aí que ela me largou a bomba. "Não podes usar tampões. E esquece fazer sexo durante seis semanas, pelo menos. Tem de sarar." De repente, a perspectiva de ficar sem sexo assustava-me mais do que a ideia de um médico me tirar uma ceninha do corpo que podia evoluir para cancro no futuro. "Mas não dá para, tipo, brincar à porta?", perguntei eu. A minha amiga riu-se e contou-me a história medonha de uma conhecida que se lembrou de brincar com um vibrador. Acabou a noite no hospital. Desliguei o telefone. Aqui estava a minha nova vida, doente e celibatária. Com a vagina estragada e tudo. "Nunca mais ninguém me vai querer." Não meço a minha vida pelo sexo, mas houve qualquer coisa naquilo, não poder fazer sexo nem me masturbar, que me deixou terrivelmente abalada. Senti-me cara a cara com a mortalidade, ganhei imenso medo ao cancro no colo do útero ou na mama. Doenças que nos roubam a feminilidade. Sei que ser mulher não é só isso, mas é uma cena muito primária e elementar. Não dormi assim com tantos gajos na vida, mas dormi com um número suficiente deles para me tornar "promíscua" aos olhos de algumas pessoas. Nos piores momentos, pensei que talvez isto fosse um castigo pela minha vida sexual aventureira. Claro que não era o caso, mas experimentem estar acordadas às três da manhã, sozinhas e sem conseguir dormir, a pensar que talvez morram em breve — passam-vos ideias malucas pela cabeça. Andava com uma pessoa na altura e tive de lhe dizer o que se estava a passar, que estava doente e que não podia fazer sexo, porque assumi que não iria conseguir desculpar-me durante um mês inteiro. Isto afastou-nos, ele deixou de querer estar comigo, mas mais tarde desculpou-se com outras razões. Senti-me profundamente rejeitada, uma puta usada. Sou muito melodramática, sim. Lá me queimaram o colo do útero, lá sangrei por uma semana, lá me caíram coisas horríveis do corpo. O sexo não era uma das minhas preocupações, mas depois parei de sangrar, fiquei melhor. E a vontade de fazer sexo foi voltando. E como. Queria sexo, queria foder ou masturbar-me, pelo menos. Qualquer coisa. Mas não podia fazer nada. Na terceira semana, fui invadida por uma calma zen. Senti-me menos excitada. Apreciei o facto de não ter de partilhar a minha cama. Ia sair à noite e saía mais cedo com a desculpa de ter a vagina avariada. Entretanto, a minha vagina já está a funcionar (ainda que não tão bem como antes) e não perdi tempo nenhum. Percebi que não preciso de sexo, mas que é uma coisa que adoro fazer. E quero fazê-lo o maior número de vezes até morrer. Mais Kat George?
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