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Millennials brasileiros falam o que pensam da geração Z

"Parece que está todo mundo muito certo, é o problema da polarização."
Foto: Banco de imagens Pexel.

Você já sabe que os nascidos entre os anos 1980 e 1999 pertencem à geração Y, os Millennials, a geração do lacre. Os mais novos, pós virada do milênio, nascidos no começo dos 2000 fazem parte da chamada geração Zs, a iGeneration, tcc como a geração "mimimi".

Para além das definições geracionais vindas da sociologia, fato é que um millennial não sabe se poderá se aposentar, o sexo não parece grandes coisas e o futuro segue incerto. A geração Z, por sua vez, ainda tem muito a aprender. Esses jovens, hoje quase atingindo a maioridade, logo estarão na universidade e serão os próximos a concorrer uma vaga no mercado de trabalho. A geração Z é feita sobretudo de pessoas que desconhecem o analógico e vivem conectadas boa parte do tempo — talvez algo bem parecido com nós millennials em lento processo de amadurecimento.

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Outro dia, a geração Z falou o que realmente pensa do millennials. Hoje invertemos o rolê. Abaixo você lê o que a geração Y pensa sobre seus contemporâneos da geração Z:

Murilo, 24 anos, analista de sistemas, São Paulo

"Acho que toda geração tem um sentimento de achar que a próxima está toda errada. Acho que é uma geração que por já ter nascido digital, aprende muito mais rápido. Na verdade, a geração Z aprende a aprender, [tem] menos amarras no aprendizado, muito acesso à informação, porém, muita pressão por ter que ser a geração da alta performance."

Camilla, 24 anos, publicitária e youtuber, São Paulo

"É bem confuso falar sobre eles. Gosto de pensar que a maioria já vai ter uma noção diferente do mundo. É uma geração que cresceu justamente com a internet, vai ser o futuro que não conheceu um mundo sem [internet], não viu exatamente a revolução. Acho que é a primeira geração, nos tempos modernos, que tem — e vai ter — mudança drástica nos quesitos de valores, novas perspectivas de vida, sociedade."

Tomás, 25 anos, analista de projetos, São Paulo

"É uma geração que já nasceu com muita informação na mão, [informação] rápida e disponível via internet e isso acaba tendo duas consequências: a primeira é a formação de uma geração muito empoderada, de formação e de posicionamentos também. Isso ficou muito claro naquela paralisação das escolas, que eu nunca tinha visto, uma galera tão nova fazendo um movimento daquele. Vejo isso refletido na questão do feminismo nas meninas de hoje, cada vez mais cedo, uma questão que não era vista com tanta facilidade.

E por outro lado, temos um empoderamento pro radicalismo, a pessoa pode se emponderar de algo ruim. Vemos alguns casos de alunos em escolas batendo continência para a foto do Bolsonaro. Acho que é uma geração com perfil político muito interessante, não sofreram graves distúrbios de regime nesse período, mas pela questão da informação, isso acaba os aguçando mais politicamente.

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É uma geração que se afastou um pouco do offline. É uma geração extremamente online, desde o início e que dificilmente tem uma relação mais íntima com a natureza. Não é que a gente não tenha esse perfil, mas essa geração não consegue vislumbrar uma vida sem isso."

Renan, 23 anos, estudante de jornalismo, Osasco

"Eles estão sendo acometidos por um mal, que na verdade não está prejudicando só eles, está prejudicando todo mundo. Parece que está todo mundo muito certo, é o problema da polarização, a galera está esquecendo que tanto a esquerda, quanto a direita têm ideais boas e ruins. Tenho medo que eles acabem achando que a política seja isso: luta de classes, direita e esquerda, essa coisa muito a ferro e fogo."

Ana, 22 anos, produtora, São Paulo

"Vejo que a geração Z está perdida politicamente. Eles vêm sendo pressionados a apoiar um sistema que vai contra o seu bem viver e o seu desenvolvimento. Os jovens periféricos são obrigados a financiar e desenvolver um sistema assassino e capitalista com o seu sangue e suor em troca de nada. Abdicam dos estudos, do lazer e vida afetiva para trabalhar e engordar o mercado profissional. Penso primeiro no racismo, preconceito e discriminação como as maiores idiotices da atual e de todas as gerações, ainda que hoje seja mais idiota ainda pensar dessa forma. Hoje a situação está ainda mais crítica quanto a alienação e dominação do povo pelo governo corrupto. Me coloco como nascida em outra geração e me aposso do dever de lutar e exigir com que as realidades sejam cada vez mais diferentes."

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Rodrigo, 29 anos, analista de informação São Paulo

"São pessoas privilegiadas, pois já nasceram 100% com o mundo virtual e possuem habilidade extraordinária para se adaptar a ele. Ao mesmo tempo, estão mais expostas, pois tudo o que fazem é registrado para todos verem e saberem. Fica difícil saber se é uma geração de mentalidade mais 'boba' ou se na minha época éramos assim também, apenas não há tanto registro. Como estão mais conectados, seus pensamentos infantis influenciam muito mais outros da mesma geração. É preciso achar uma forma de ensinar valores melhores a eles, pois eles são o futuro e vão influenciar nossas vidas a curto prazo."

Anna Victória, 24 anos, estudante de publicidade, São Paulo

"Acredito que os millennials são muito ativos, cheios de objetivos, conquistas e verdades absolutas. Já a geração Z está muito confusa ainda. Não tem uma orientação sexual definida, sem propósitos, sem metas, tudo é muito fluido e superficial. É uma geração que tem uma falsa sensação de liberdade e rebeldia.

A única verdade é a obsessão pela própria imagem. A libido foi canalizada para o consumo rápido e imediato. Há uma capacidade de verborragia sem consistência real. Imagino essa galera em um festival de música alternativa cheio de segurança, com uma roupa super alternativa de 2 mil reais."

Rauan, designer, 22 anos, Macapá

"Acredito que eles devem se enxergar muito mais fácil num sistema globalizado, sinônimo de rapidez, tecnologia, essa questão de modernidade, de novidade, e dentro do meio deles, já há empreendedores, youtubers, várias personalidades que dão um jeito de aparecer, mostrar quem eles são — algo que eu nem pensava na minha idade. E é bom mesmo que eles façam isso, sabendo que os concorrentes são pessoas da minha geração, eles têm que se preparar.

Mas assim como a minha geração, eles estão meio que dentro de uma certa bolha, porém, diferente da minha geração, que cresceu tendo referências muito mais voltadas à família. Eles vão destruir totalmente essa realidade que até a minha geração teve. Os moldes familiares, os relacionamentos já são totalmente diferentes e isso é o que eles vão passar para a geração futuras, que estão ainda engatinhando."

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