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Tudo o que importa sobre o Grammy 2019

Cardi B. (E algumas outras coisas).
Cardi B
Cardi B. Foto: Divulgação

Por incrível que pareça, o Grammy 2019 não foi tão doído de assistir quanto ele geralmente é. Claro, rolaram as apresentações intermináveis de country, as homenagens bregas, um Red Hot Chilli Peppers subindo no palco e tudo o mais, mas se me perguntassem eu diria que o desse ano foi de longe o Grammy mais interessante em muitos anos: muitas vitórias do rap, muitas vitórias de mulheres, muitas apresentações boas, a Alicia Keys completamente chaplex chamando os shows e categorias.

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Mas se você não se alimenta de cultura pop lixo como eu e estava sem tempo irmão pra ficar acordado até as três da manhã em pleno domingo — ninguém pensa no trabalhador brasileiro pra fazer premiação nesse horário —, eu separei aqui alguns dos melhores momentos da 61ª edição do Grammy. Vamos ao que importa.

Alicia Keys

Como dito anteriormente, tinha momentos em que a apresentadora da noite, a ilustríssima Alicia Keys, parecia estar mais pra lá do que pra cá e até demorava pra sacar quando a premiação voltava no intervalo e ela tinha que voltar a falar. Mas ela compensou esses momentos com uma apresentação lindíssima em que ela tocou dois pianos ao mesmo tempo (!), cantou Lauryn Hill e falou sobre as canções de amor que ela queria ter escrito, terminando com uma versão de "Empire State of Mind". A conclusão é que a Alicia Keys pode fazer o que ela quiser.

Mulheres que tocam guitarra

A maior vergonha do Grammy 2019, com toda a certeza, foi a Janelle Monáe ter saído de lá de mãos abanando depois de ter feito um disco maravilhoso como o Dirty Computer e recebido duas indicações — Álbum do Ano e Clipe do Ano por "Pynk". Mas ela decidiu honrar essa premiação vergonhosa mesmo assim e fez uma apresentação perfeita de "Make Me Feel", provando que ela é, de fato, o Prince dessa geração.

Outras mulheres que tocam guitarra também arrasaram no palco: H.E.R., que ganhou os prêmios de Melhor Álbum de R&B e o de Melhor Performance de R&B por "Best Part", com o Daniel Caesar; uma apresentação conjunta de St. Vincent e Dua Lipa, que ganhou o prêmio de Artista Revelação, e até a Lady Gaga, que não estava exatamente tocando guitarra mas fez uma apresentação bem roqueira e, digamos, emocionada de "Shallow" (que rendeu alguns memes depois).

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Cardi B

Falem o que quiser, mas pra mim a Cardi B foi a grande vencedora desse Grammy. É verdade, ela não ganhou o prêmio de Melhor Álbum do Ano, mas ela teve a honra de se tornar a primeira mulher artista solo a ganhar na categoria de Melhor Álbum de Rap (a única outra antes dela havia sido a Lauryn Hill com os Fugees por The Score, lá em 1997) pelo seu disco de estreia, Invasion of Privacy. No discurso de vitória do prêmio, ela foi o mais Cardi B possível e disse que "talvez devesse começar a fumar maconha" porque estava nervosa demais pra falar.

Mas nem todo mundo ficou feliz com essa escolha: a Ariana Grande jogou um shade no Twitter no momento em que Cardi subiu no palco. Depois, ela apagou os tweets e explicou que a indignação era porque seu ex-namorado Mac Miller (que faleceu em setembro do ano passado) havia sido indicado na mesma categoria. De qualquer maneira, Cardi lidou com a situação com elegância e postou um vídeo no Instagram em que ela dedicava a vitória ao Mac Miller e dividia o prêmio com ele. Pra fechar uma noite de vitórias, ela ainda fez uma performance incrível de seu single novo "Money" e fez todo mundo se perguntar se ela e o Offset realmente voltaram ou não, andando com ele pra lá e pra cá pela premiação.

Vitórias do hip hop

O Grammy tem uma história longa de esnobar o hip hop (ou, quando muito, encaixá-lo naquela categoria ridícula de "Urban/Contemporary") e a música negra num geral, mas nesse ano parece que um singelo avanço foi feito nesta direção. "This Is America", o polêmico clipe/música do Childish Gambino, fez a rapa nos prêmios e levou os de Melhor Clipe do Ano, Gravação do Ano, Canção do Ano e Melhor Colaboração de Rap — apesar de não ter aparecido para recebê-los — e ainda garantiu que o Young Thug (!), creditado como compositor na música, ganhasse seu primeiro Grammy.

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Outro rapper a faturar seu primeiro Grammy foi o Future, que ganhou junto a Kendrick Lamar, Jay Rock e James Blake por "King's Dead" como Melhor Performance de Rap. Jay-Z ultrapassou o Kanye West como rapper com maior número de Grammys depois de receber um por Melhor Álbum Urbano Contemporâneo por Everything is Love, o disco em parceria com a Beyoncé.

Até o Drake apareceu por lá, coisa que não acontecia há alguns anos, pra receber o prêmio de Melhor Canção de Rap por "God's Plan" (o que parece ter deixado o Pusha T um tanto puto). Mas nem tudo é vitória, claro: enquanto o Drake estava fazendo um discurso sobre a não-importância de prêmios como o Grammy para artistas que lotam estádios e recebem reconhecimento comercial (o que vale, claro, pra maioria dos rappers indicados), seu microfone foi cortado de repente e ele deixou o palco.

Travis Scott e James Blake

Eu fiquei um pouco chateada quando foi divulgado que o Drake se recusou a se apresentar no Grammy porque confesso que eu queria muito ver um "Sicko Mode" ao vivo no palco da premiação, mas felizmente a apresentação do Travis Scott acabou sendo, de qualquer maneira, uma das melhores coisas da noite. Ele subiu no palco com James Blake, Mike Dean, e até o Philip Bailey do Earth Wind and Fire e começou com uma performance discreta de "Stop Trying to Be God". Mas a coisa cresceu bem rápido e desembocou numa galerona subindo no palco pra acompanhar ele cantando "No Bystanders", num clima bem Kanye West cantando "All Day" no Brit Awards 2015. Desculpa Janelle e Cardi, mas dessa vez eu vou ter que nomear o Travis como a melhor apresentação da noite.

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21 Savage

Esse último item não é um destaque, mas a falta de um: Cardi B, Drake e Post Malone subiram no palco do Grammy na noite de ontem — este último pra fazer uma apresentação acompanhado do Red Hot Chilli Peppers — e já fizeram parcerias com 21 Savage, que está preso há mais de uma semana por causa de seu status incerto de imigração nos Estados Unidos. Nenhum desses artistas fez qualquer menção à prisão do rapper, que estava indicado a Gravação do Ano e Melhor Colaboração de Rap por sua parceria com Post, "rockstar". O único momento em que sua ausência foi citada foi pelo produtor Ludwig Göransson, que subiu ao palco para aceitar o prêmio de Gravação do Ano por "This Is America".

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