'Abaixa que é tiro', uma série fotográfica com mulheres trans
Manauara. Foto: Camila Falcão

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Sexo

'Abaixa que é tiro', uma série fotográfica com mulheres trans

Sombra, luz natural e identidade de gênero registradas pela paulistana Camila Falcão.

Foi num trabalho voluntário, clicando distribuição de camisinhas pela rua, que a fotógrafa paulistana Camila Falcão teve contato mais próximo com mulheres transgênero e travestis. Além de documentar a ação, ela fazia um retrato dessas garotas e, depois, enviava por WhatsApp. A diversidade de corpos e padrões estéticos, então, a encantou. Daí surgiu o estalo para ir mais a fundo no tema e produzir a série fotográfica Abaixa que é tiro.

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Camila conheceu algumas dessas mulheres pela internet. Com outras, bateu papo em eventos ou debates sobre gênero. Foi assim com Onika (foto abaixo). "Brinco que, quando a vi pela primeira vez, em um sarau, ouvi violinos tocarem de tão encantada que fiquei", relembra.

Onika. Foto: Camila Falcão

Onika topou fazer as fotos e, no dia em que se viram novamente, a prosa foi longa. "Conversamos muito, principalmente sobre a transição dela, que me contou sobre a hormonização, seus efeitos psicológicos e também sobre as mudanças em seu corpo." Transfobia e assédio também permearam o papo durante os cliques. "Mulheres trans são muito assediadas", menciona Camila.

As fotos acontecem nas casas das fotografadas ou num lugar em que elas se sintam mais confortáveis. O pedido da fotógrafa costuma ser um só: a entrada de luz natural no ambiente – referência que compõem todas as imagens da série. Depois, elas decidem o figurino, as maquiagens e os acessórios.

Dodi (esq.) e Alice e Gabrielle (dir.). Foto: Camila Falcão

"Evito algumas cores", pontua Camila. O que é bastante perceptível em Abaixa que é tiro, composta por cores fiéis, pouco tratamento aparente e um jogo constante de sombra e luz.

Vez ou outra rola um pedido específico. Quando a fotógrafa viu Lucy (abaixo) de colant em uma determinada ocasião, achou que casaria bem com sua paleta de cores e pediu que ela levasse a roupa no dia das fotos.

Lucy. Foto: Camila Falcão

Amara Moira, importante ativista transgênero e autora do livro E se eu fosse puta, também foi clicada por Camila para a série.

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Fã da fotógrafa americana Nan Goldin, conhecida por suas imagens íntimas e por retratar a comunidade LGBTQ de uma maneira que poucas pessoas haviam feito até então, Camila tem um objetivo: "mostrar que, assim como existe uma pluralidade de corpos cisgênero [pessoas que se identificam com o gênero que lhes foi atribuído], existe a mesma pluralidade de corpos trans".

Mais fotos da Camila Falcão abaixo, no site dela e também no Instagram.

Magô. Foto: Camila Falcão

Alina. Foto: Camila Falcão

Gabrielle. Foto: Camila Falcão

Amara. Foto: Camila Falcão

Terra. Foto: Camila Falcão

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