Foto: Valter Campanato/Agência Brasil.
Deflagrada 15 dias antes do início dos jogos Olímpicos do Rio de Janeiro 2016, a Operação Hashtag investigou, em dez estados brasileiros, pessoas de planejar supostos ataques durante as Olimpíadas. Quase um ano depois, na última quinta (4), oito acusados foram condenados pela Justiça Federa.A 14ª Vara Federal de Curitiba acatou os argumentos do Ministério Público Federal (MPF) e condenou os réus pelos crimes de promoção de organização criminosa, recrutamento à prática de atos de terrorismo e associação criminosa, tudo com base na Lei Antiterrorismo, criada em 2010 pelo governo Dilma, como informa a Rede EBC.Como destrinchado em reportagem do portal Pública, o caso surgiu quando, em 6 de maio de 2016, a Divisão Antiterrorismo (DAT) da Polícia Federal (PF) recebeu um memorando enviado pelo adido legal no Brasil do Federal Bureau of Investigation (FBI), com a suspeita do órgão norte-americano de que brasileiros estariam utilizando as redes sociais em apoio ao Estado Islâmico.A partir dessa denúncia, a PF alardeou um esquema que deflagrava a possibilidade de terrorismo em solo brasileiro. O resultado foi a sensação de medo de um iminente ataque durante os Jogos. Houve até mesmo repercussão internacional sobre o caso.Em julho de 2016, o então ministro da Justiça Alexandre de Morais, por meio de uma coletiva de imprensa, falou sobre o esquema da operação, dizendo que o monitoramento do grupo acusado de terrorismo foi feito pelas redes sociais, inclusive pelo Whatsapp e Telegram, mesmo num período em que o país surtava com os bloqueios judiciais do uso do aplicativo — isso porque a empresa não compartilha informações de usuários à Justiça.Após o alarde da PF foram expedidos mais de 10 mandados de prisão pela 14ª Vara Federal do Paraná — o suposto líder do grupo morava em Curitiba. Foram emitidos então dois mandados de condução coercitiva e 19 de busca e apreensão no Amazonas, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul.Entre os 12 suspeitos, estava Valdir Pereira da Rocha de 36 anos, que tinha se entregado à PF e foi encaminhado para o presídio federal de Campo Grande. Em outubro de 2016, Valdir morreu após ser espancado por detentos dentro da Cadeia Pública de Várzea Grande, região metropolitana de Cuiabá.O juiz federal Marcos Josegrei da Silva condenou Leonid El Kadre de Melo, preso desde julho do ano passado, considerado como "líder máximo" entre os envolvidos. A pena total são de 15 anos, 10 meses e cinco dias de prisão, pelos crimes de promoção de organização terrorista, recrutamento com o propósito de praticar atos de terrorismo e associação criminosa.Alisson Luan de Oliveira, Luis Gustavo de Oliveira e Fernando Pinheiro estão com as prisões mantidas por representarem risco se forem colocados em liberdade. Os demais condenados: Hortencio Yoshitake, Israel Pedra Mesquita, Levi Ribeiro Fernandes de Jesus e Oziris Moris Lundi dos Santos Azevedo poderão recorrer em liberdade.Os réus respondem por por formação de quadrilha e corrupção de menores, já que dois menores participavam das conversas interceptadas em redes sociais – material que forma o núcleo principal da peça de acusação. O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) foi acionado e acompanhará a investigação, como informa o portal Pública.Siga a VICE Brasil no Facebook, Twitter e Instagram.
Publicidade
Leia mais: Tudo que sabemos sobre a operação que prendeu 10 pessoas suspeitas de terrorismo no Brasil
Leia mais: Por que só agora o Ministério da Justiça resolveu se importar com grupos de ódio no Brasil?
Publicidade