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Opinião

Óscares 2019. O livro da amizade, as minorias e a menstruação

"Green Book" arrecadou o principal troféu, "Roma" foi Cuáron por três vezes e "The Favourite" ficou aquém das expectativas.
realizador de Green Book recebe o Óscar
Contra as expectativas dos mais "romanos", Green Book levou a melhor na categoria de Melhor Filme. (Foto por Valerie Macon/AFP/Getty Images, originalmente publicada aqui)

A nonagésima primeira edição dos Óscares, que aconteceu nesta madrugada de segunda, 25 de Fevereiro [hora portuguesa), não foi de encher o olho, mas confirmou o esforço da Academia em celebrar uma indústria menos dominada pelo homem e pela raça branca.

Em paralelo à diversidade, não houve um vencedor inquestionável e a lista de estatuetas ficou distribuída de maneira bastante equilibrada (apesar de Green Book ter levado o mais importante de todos).

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Em dezasseis tópicos, eis o que sobressaiu no palco do Dolby Theatre, em Los Angeles, na mais esperada festa de Hollywood.

Apresentadores

Mesmo sem um anfitrião em específico, houve passagens engraçadas e a reter através de Tina Fey, Trevor Noah ou a dupla Melissa McCarthy e Bryan Tyree "Atlanta" Henry, que aludiram aos coelhos em The Favourite.

Desnecessário

Ter os Queen a abrir o evento com Adam Lambert na voz. Cumpre, mas é pouquíssimo para a memória do outro.

Discurso

Spike Lee pediu a mobilização de todos para ficarem do lado do amor contra o ódio, nas eleições em 2020 (o cineasta recebeu o Óscar para Melhor Argumento Adaptado por BlacKkKlansman); e Olivia Colman pela mistura do lado descontraído, "funny" e sem esconder aquele encantador nervoso miudinho por ter sido a escolhida - ver clip abaixo.

Elas

Hollywood premiou-as com diversos Óscares e dá sinal de que o estado patriarcal da indústria está a mudar. Make women always great!

Lady Gaga e o Gentleman Gago

A interpretação de "Shallow" foi perturbante (tema que acabaria por vencer a categoria de Melhor Canção). Gaga mostra que domina esta coisa de cantar, enquanto Bradley Cooper parece estar a fazer karaoke de si próprio.

Maior Derrotado

O filme The Favourite estava nomeado para dez categorias e perdeu em quase todas as frentes. Olivia Colman (Melhor Actriz) foi a excepção.

Menstruação

Para quem não sabia que esta palavra fazia parte de uma das temáticas de um dos filmes a concurso, foi estranho e, ao mesmo tempo, gratificante ver um conjunto de mulheres a celebrarem o Óscar de Melhor Documentário de Curta-Metragem por Period. End of Sentence. O trabalho feito na Índia é dirigido por Rayka Zehtabchi. Um assunto insólito num acontecimento deste tamanho ou o #MeToo a dizer presente!

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Minorias

A noite foi dos negros e dos mexicanos, mas também houve relevo para asiáticos - mesmo que tenham nascido nos states - e o "egípcio" Rami Malek (Melhor Actor por Bohemian Rhapsody). O espanhol começa a ser a segunda língua oficial do certame.

"O" livro

Como a VICE Portugal previu, Green Book era quem mais tinha chances de retirar o último Óscar de todos a Roma. E foi o que aconteceu. A cor da amizade e esperança que não deves deixar de ver. (Ver vídeo abaixo na hora da consagração)

O meu nome é Aparicio, Yalitza Aparicio

A protagonista de Roma devia ter ido ao palco, numa das três vezes que Alfonso Cuarón subiu para receber o Óscar (Realizador, Fotografia e Filme Estrangeiro). Quem sabe a "empregada" lá vá estar numa das próximas edições.

Pausa

O intervalo foi preenchido com perguntas inesperadas a alguns dos nomeados, com discursos passados de outros vencedores, ou a descobrir curiosidades de prestigiados cineastas (como Kathryn Bigelow). Nada mal.

Rei e Rainha nada secundários

Mahershala Ali (por Green Book) e Regina King (em If Beale Street Could Talk) são do melhor que se vê por estes dias nos ecrãs. As estatuetas que levam para casa - na categoria de Actor e Actriz Secundário/a - são o prenúncio de que vamos ouvir falar deles mais e mais e mais.

Surpresas

Glenn Close e Christian Bale não terem vencido nas categorias de Melhor Actriz e Actor, respectivamente. Close é já a nomeada que mais vezes perdeu e nunca ganhou. Sete ao todo. Roma também viu o "livro verde" a levar a melhor no derradeiro envelope.

Transmissão do evento

Podia ter escolhido a Fox com os comentários dos radialistas da RFM, mas preferi a versão intocável da Fox Movies. Nem todos são Maria Botelho Moniz e Rui Pedro Tendinha a opinar sobre cinema… E, já agora: foi impressão minha (e do meu aparelho televisivo) ou houve uns ruídos chatos ao longo da transmissão?

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Vencedores

Green Book (três Óscares), Roma (três), Bohemian Rhapsody (quatro) e Black Panther (três). Mais: todos os que se opõem aos ideais de Trump.

Vá lá… que recebeu qualquer coisa

First Man, obra que fala sobre o lado pessoal e familiar de Neil Armstrong, durante a sua preparação para ir à Lua com a restante equipa escalada do Apollo 11, recebeu o Óscar para os Efeitos Especiais. Sinceramente, esta obra merecia outros sublinhados por parte da Academia ao invés de outras estrelas pouco brilhantes…

aqui a lista completa de vencedores. Acima, vê o clip do Washington Post sobre a 91ª Cerimónia dos Óscares.


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