Foto por Foster Huntington.
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Foster Huntington: Simplesmente apercebi-me que uma vida corporativa e standardizada não me iria fazer feliz. Tinha um emprego de sonho, mas, após um ano e meio, soube que não importava quanto dinheiro podia ganhar, porque sabia que não ia ser feliz a desperdiçar a minha vida num escritório em Manhattan.Então pode dizer-se que estás contra o chamado "establishment"?
Estou contra a ideia de que temos de ter uma casa, um emprego das 9 às 5, dois filhos, um carro novo e uma casa para sermos felizes.E do que é que vives enquanto estás na estrada?
Faço consultoria e direcção de arte. É algo que posso fazer a partir do meu portátil e enquanto estou na estrada, o que me permite trabalhar fora de um escritório.O que acharam os teus familiares e amigos quando lhes contaste os teus planos?
No princípio não gostaram nada. Quando era mais novo, a minha mãe queria que fosse advogado e já aí a muito custo conseguia suportar a ideia de eu me dedicar ao design gráfico. Mas deixar tudo isso e mudar-me para uma carrinha foi bastante duro para ela. O meu melhor amigo tentou fazer-me mudar de ideias. Segundo ele, eu estava a estragar tudo.
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Este interesse surgiu verdadeiramente uns meses depois de me mudar para a minha furgo, quando conheci outras pessoas que, tal como eu, viajavam nas suas carrinhas. Este tipo de vida dá-te a oportunidade de fazer algo totalmente diferente e divertido com a tua vida.Qual foi a parte mais difícil desta viagem?
Os problemas com a furgoneta. É muito cansativo.E qual é a parte mais fácil?
Reduzires a tua vida e aperceberes-te de que podes viver com menos coisas e num lugar mais pequeno. Bem, os apartamentos de Manhattan também são pequenos, por isso vai quase dar ao mesmo.Quais são as melhores bandas de música para ouvir na estrada?
Ouço muito New Order, Pink Floyd, The Grateful Dead, Warren Zevon, Dire Straits, Animal Collective e Talking Heads.Do que é que sentes mais falta da vida na cidade?
Sinto falta de um lugar onde possa comprar café, comer em bons restaurantes e ter um grupo de amigos com quem possa estar regularmente.E do que é que não sentes falta nenhuma?
Não sinto falta dessa sensação de não poder escapar do ruído constante e do movimento de uma cidade. Adoro dormir em lugares cujo único ruído que escutas durante a noite é o cantar dos grilos.É perigoso viajar numa furgoneta pelos Estados Unidos?
Penso que não, mas há gente que te dirá o contrário.Imagino que tenhas conhecido gente muito interessante.
Claro. Conheci tanta gente interessante que é difícil escolher uma só pessoa. Cyrus Sutton, Trevor Gordon, Jay Nelson, Dan, Chris y Keith Malloy, Maddie Joyce e muitos mais. O factor comum a todos é que os conheci enquanto viajavam e são pessoas que arriscaram e acabaram por ser recompensados.
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Cresci a fazer snowboard, por isso quando não havia neve, pegava no skate. No pequeno terraço da minha casa tinha uma mini rampa onde patinava com os meus amigos. Comecei a surfar quando fiz 20 anos. O surf reúne tudo o que mais gosto no snowboard e no skate. É uma combinação entre a sensação de deslizar sobre a neve, mas em cima de uma prancha. É muito importante para mim.Qual será o próximo passo?
Não tenho bem a certeza. Gostaria de continuar o que estou a fazer através da internet, que me pudesse permitir ganhar a vida com projectos como Home is where you park it. Gostaria de fazer mais projectos como este.Fala-me um pouco sobre o livro que vais publicar: Home is where you park it.
É um livro com fotografias das minhas furgonetas favoritas, que tirei ao longo destes dois anos de viagem. Será uma espécie de coffe table book. Estou a trabalhar no livro com o Doubleday & Cartwright, um estúdio criativo de Nova Iorque.A publicação deste livro marcará o fim da tua viagem?
Em algum momento terei que encontrar um lugar e estacionar, se bem que terei sempre uma furgoneta. Tem sido uma grande fonte de inspiração e felicidade e não posso afastar-me disso. Existirá sempre uma furgoneta na minha garagem, até morrer.És mais feliz agora que há dois anos?
Estou muito contente por ter dado este passo e ter deixado para trás a minha vida em Nova Iorque. Agora tenho mais liberdade em relação à minha vida e passo mais tempo a fazer o que realmente amo. Posso dizer, sem dúvida alguma, que sou mais feliz, sim.
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