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Militantes que Colhiam Assinaturas contra Corrupção na Paulista Receberam R$ 100

Flagramos membros da ONG pagando as 10 garotas que trabalharam durante a manifestação deste domingo (15) em São Paulo.

Foto: Foto Coletivo R.U.A.

O Movimento Liberal Acorda Brasil contratou dez garotas para atuar coletando assinaturas anticorrupção no protesto pró-impeachment deste domingo (15), que rolou na Avenida Paulista. Cada uma delas levou R$ 100 pelo trabalho, segundo me relatou uma das representantes do Acorda Brasil, Alessandra Andrade.

Enquanto eu almoçava no restaurante Subito, dentro do Conjunto Nacional, testemunhei membros da ONG pagando as garotas que atuaram na manifestação. O acerto de contas foi feito numa área fechada para o acesso público, no mezanino, às 17h44. Um policial militar estava de pé, a poucos metros do grupo, dentro do restaurante.

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Foto: João Paulo Charleaux.

Durante o período de dispersão do protesto que pedia a saída da presidente Dilma Rousseff (PT) e o fim da corrupção, grupos de militantes se revezavam numa mesa sobre a qual havia maços de notas e planilhas feitas à mão, nas quais uma organizadora do movimento dava baixa depois de acertar as contas. As meninas deixavam o uniforme do Acorda Brasil sobre a mesa e saíam em seguida. Nenhuma delas quis falar para a reportagem.

Foto: Foto Coletivo R.U.A.

Conversei com a Alessandra Andrade no carro de som da ONG. Ela confirmou o pagamento, mas disse que a ação foi algo restrito. "A gente tinha só dez meninas colhendo as assinaturas. Todos nós somos voluntários, todas as pessoas que você está vendo com a camiseta do Acorda (são voluntárias), menos elas, porque a gente vê muita responsabilidade nessas assinaturas. Então, como nós temos de ficar atendendo pessoas, recebendo, a gente achou que quem deveria estar com a prancheta na mão tinha de ter um profissionalismo", disse.

Questionada sobre as denúncias de pagamento no último protesto realizado pela CUT, em 13 de março, Alessandra disse: "Não representa a opinião do povo, das ruas, não é popular. Quem quer, está aqui como eu, ralando desde ontem [sábado], dormindo pra liberar caminhão, e nós estamos fazendo isso do bolso". Para a organizadora, o pagamento para as dez pessoas é uma "questão de responsabilidade".