Este artigo foi originalmente publicado na VICE EspanhaComo o próprio admite, Juan José Padilla já deveria estar morto. Nos últimos 25 anos, tornou-se um dos mais famosos toureiros espanhóis e facilmente reconhecido pela pala no olho, que começou a usar depois de o corno de um touro lhe ter atravessado a cabeça. Duas vezes. Os acidentes fizeram com que perdesse o olho esquerdo fracturasse o crânio e ficasse surdo de um ouvido. A pala negra que utiliza tanto dentro como fora da arena, granjeou-lhe a alcunha de "El Pirata". Noutras ocasiões já sobreviveu a cornadas na garganta, coxa e peito.
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Por cada aficcionado que o tem como herói, há muitas outras pessoas que o vêem como a cara de uma actividade responsável pela morte de milhares de touros todos os anos e um símbolo da crueldade extrema para com os animais. Padilla acredita que os críticos têm direito à sua opinião, desde que não o insultem e à sua família quando anda pelas ruas da sua cidade natal, Jerez, no Sul de Espanha.Conversei com Padilla e questionei-o sobre as suas experiências de quase morte, o seu amor pelas touradas e sobre como lida com as criticas.
VICE: Porque é que te tornaste toureiro?
Juan José Padilla: Tinha sete anos quando enfrentei um touro pela primeira vez. O meu pai sempre quis ser toureiro e partilhou essa paixão connosco. Os meus três irmãos tentaram ser toureiros, mas acabaram por vir a ser assistentes de toureiros. Na região de Cadiz havia imensas quintas com criação de gado e o meu pai costumava levar-me a algumas para eu tourear.Quantos touros já mataste?
A minha estimativa é que terei morto provavelmente cerca de cinco mil touros adultos nos 25 anos que levo como toureiro. Tanto em treinos, como nas mil e 500 touradas profissionais em que participei.Alguma vez te sentiste mal por matares um animal?Na nossa cultura aprendemos que os touros nascem para serem mortos na arena. Por vezes, quando o touro tem um bom desempenho, não o quero matar. E a verdade é que isso acontece muitas vezes. No entanto, o director da corrida obriga-me a fazê-lo, não há outra hipótese. Pode ser frustrante, mas faz parte do trabalho.
VICE: Porque é que te tornaste toureiro?
Juan José Padilla: Tinha sete anos quando enfrentei um touro pela primeira vez. O meu pai sempre quis ser toureiro e partilhou essa paixão connosco. Os meus três irmãos tentaram ser toureiros, mas acabaram por vir a ser assistentes de toureiros. Na região de Cadiz havia imensas quintas com criação de gado e o meu pai costumava levar-me a algumas para eu tourear.Quantos touros já mataste?
A minha estimativa é que terei morto provavelmente cerca de cinco mil touros adultos nos 25 anos que levo como toureiro. Tanto em treinos, como nas mil e 500 touradas profissionais em que participei.Alguma vez te sentiste mal por matares um animal?Na nossa cultura aprendemos que os touros nascem para serem mortos na arena. Por vezes, quando o touro tem um bom desempenho, não o quero matar. E a verdade é que isso acontece muitas vezes. No entanto, o director da corrida obriga-me a fazê-lo, não há outra hipótese. Pode ser frustrante, mas faz parte do trabalho.
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Gostas de animais?Claro que sim, adoro animais. Tenho animais de estimação em casa. Vejo o touro como um colaborador - um animal especial que admiro e respeito. O touro é a minha vida e o meu mundo e admiro a sua coragem. É por causa dessa coragem que uma tourada é uma corrida e um espectáculo. O espectáculo não existiria sem a corrida.Alguma vez tens medo quando actuas?
Os toureiros têm sempre medo antes de uma tourada. Em primeiro lugar, porque estamos a arriscar a vida e, em segundo lugar porque tentar levar a cabo um desempenho artístico com um touro é bastante complicado.Já sofreste vários ferimentos graves ao longo da tua carreira. O que é que se sente quando um touro carrega e, literalmente, te despedaça?
Sinto compreensão. Verdade seja dita, não guardo qualquer rancor em relação ao touro - ele está apenas a fazer o seu trabalho. O touro tem de se defender, atacando-nos. O preço que pagamos por sermos toureiros é o risco de sermos trespassados pelos cornos, ou até morrermos.E o que sentes quando matas um touro?
Não me sinto nem feliz, nem triste. Sinto apenas que fiz o meu trabalho.
Depois da actuação cortas algumas partes do touro como troféu - como as orelhas, ou o rabo. O que é que fazes com elas?
Ou levo-as para casa e guardo-as, ou ofereço a amigos e familiares. São um símbolo muito pessoal de orgulho, porque lembram aos toureiros todos os seus feitos.Quanto ganhas por cada tourada?
Não posso revelar publicamente o valor que me pagam, mas posso dizer que, infelizmente, a crise teve um forte impacto no mundo das touradas. É cada vez mais difícil atrair o público, o que acaba por afectar os nossos salários.Irias beber um copo com alguém que seja anti-touradas?
Claro que sim, porque não? Desde que a pessoa seja bem educada e simpática. Respeito os ideais das outras pessoas e espero que elas respeitem os meus. Compreendo a sua posição desde que tenham argumentos válidos e podemos até ter uma discussão saudável. Mas, tenho os meus princípios. Acredito que o espectáculo que damos defende-se a si próprio. Quando participas, quando assistes, consegues senti-lo. Sente-se verdadeiramente, vive-se verdadeiramente e também se pode morrer verdadeiramente.
Os toureiros têm sempre medo antes de uma tourada. Em primeiro lugar, porque estamos a arriscar a vida e, em segundo lugar porque tentar levar a cabo um desempenho artístico com um touro é bastante complicado.Já sofreste vários ferimentos graves ao longo da tua carreira. O que é que se sente quando um touro carrega e, literalmente, te despedaça?
Sinto compreensão. Verdade seja dita, não guardo qualquer rancor em relação ao touro - ele está apenas a fazer o seu trabalho. O touro tem de se defender, atacando-nos. O preço que pagamos por sermos toureiros é o risco de sermos trespassados pelos cornos, ou até morrermos.E o que sentes quando matas um touro?
Não me sinto nem feliz, nem triste. Sinto apenas que fiz o meu trabalho.
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Depois da actuação cortas algumas partes do touro como troféu - como as orelhas, ou o rabo. O que é que fazes com elas?
Ou levo-as para casa e guardo-as, ou ofereço a amigos e familiares. São um símbolo muito pessoal de orgulho, porque lembram aos toureiros todos os seus feitos.Quanto ganhas por cada tourada?
Não posso revelar publicamente o valor que me pagam, mas posso dizer que, infelizmente, a crise teve um forte impacto no mundo das touradas. É cada vez mais difícil atrair o público, o que acaba por afectar os nossos salários.Irias beber um copo com alguém que seja anti-touradas?
Claro que sim, porque não? Desde que a pessoa seja bem educada e simpática. Respeito os ideais das outras pessoas e espero que elas respeitem os meus. Compreendo a sua posição desde que tenham argumentos válidos e podemos até ter uma discussão saudável. Mas, tenho os meus princípios. Acredito que o espectáculo que damos defende-se a si próprio. Quando participas, quando assistes, consegues senti-lo. Sente-se verdadeiramente, vive-se verdadeiramente e também se pode morrer verdadeiramente.