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- Eu sou dançarino.
- Hummm. E tem namoradum?
- Não, não tenho, mas quem sabe eu encontro um aq… E a drag queen, que infelizmente eu não sei o nome, foi embora sem deixar eu terminar de responder. Os meus 15 segundos de fama se transformaram em "Xô, sai pra lá, ninguém quer saber da sua vida". Quando desci do palco, fui encontrar os meus amigos na pista, mas eles estavam mais interessados em dançar encoxando as pessoas em volta do que em expressar um feedback sobre a minha performance. Obviamente, me dei conta de que quem brilha nos shows são sempre as drags, nunca os dançarinos. Tanto que encontrei a Rita no fumódromo tirando fotos com várias pessoas que se diziam suas fãs. Um verdadeiro meet and greet, com direito a mão na bunda e sorrisos de miss. Depois da muvuca ao redor dela, fui trocar uma ideia: - Gui, me fala um pouco sobre a Rita von Hunty. Por que você faz esses shows?
- Eu sou o Guilherme, mas também sou a Rita. É com ela que eu me expresso melhor, me sinto um ser humano mais completo e feliz. Os shows, eu faço pra transmitir a minha mensagem.
- E qual é essa mensagem?
- Toda vez que eu subo no palco ou falo com alguém sobre isso, a minha intenção é combater qualquer tipo de preconceito. As drags, travestis, transgêneros e gays sofrem todo tipo de violência, seja física ou psicológica – a nossa luta é diária. O Brasil é um dos países com maior violência contra essas classes: as pessoas simplesmente não aceitam nada que seja diferente delas mesmas. E me fala: por que eu sou pior ou melhor do que alguém só por usar salto alto, peruca ou maquiagem? O corpo é meu, e somente eu posso decidir o que fazer com ele.No dia seguinte, além da ressaca, uma coisa martelava dentro da minha cabeça: "Ser dançarino de uma drag queen, com toda certeza, foi um dos melhores freelas da minha vida".