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Psicólogos descobriram um jeito de fazer as pessoas desconfiarem de notícias falsas

As pessoas geralmente têm mais facilidade em reconhecer notícias falsas quando entendem como elas são geradas e usadas para manipular.

Esta matéria foi originalmente publicada na VICE UK .

Graças a uma administração presidencial que defende "fatos alternativos" como outra coisa que não apenas um sinônimo para mentiras, notícias falsas e a divulgação intencional de desinformação está em ascensão. Recentemente, alguns pesquisadores de Cambridge, Yale, e da George Mason University decidiram estudar a maneira como as pessoas sucumbem a essa epidemia, e descobriram um método que impede essas notícias de se espalharem de um jeito similar a maneira como os médicos usam vacinas.

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No estudo, os pesquisadores apresentaram a dois mil participantes norte-americanos duas afirmações diferentes sobre aquecimento global — um gráfico com fatos mostrando que 97% dos cientistas acreditam nas mudanças climáticas provocadas pelo homem, e outra de uma petição falsa dizendo que "hipóteses do aquecimento global causado pelo homem não têm validação científica", assinada por milhares de nomes falsos indo de Charles Darwin até as Spice Girls.

Os cientistas descobriram que quando as pessoas tinham visto o gráfico factual, elas tinham 20% mais chance de concordar que havia um consenso científico sobre aquecimento global. Quando os participantes viam apenas a desinformação, eles tinham 9% mais chance de acreditar que o aquecimento global não tem validação científica. Quando os participantes viam as duas informações lado a lado, a maioria das opiniões não mudava da do começo da experiência.

"A atitude de muita gente quanto ao aquecimento global não é muito firme", disse o autor do estudo Sander van der Linden depois do experimento. "Elas têm consciência de que há um debate acontecendo, mas não têm certeza no que acreditar. Mensagens conflitantes podem fazer as pessoas evitarem apontar o que acreditam."

No entanto, quando os cientistas introduziram um alerta geral sobre desinformação, do mesmo modo como a vacina introduz um vírus no corpo, as pessoas geralmente tinham mais facilidade em reconhecer as notícias falsas.

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Os pesquisadores fizeram isso oferecendo dados extras junto com a informação factual, explicando que grupos com segundas intenções políticas geralmente tentam convencer o público de que há uma discordância entre os cientistas e muitas vezes empregam táticas de distorção — como assinaturas falsas — para manipular as pessoas. Quando os participantes viam a petição falsa depois do gráfico, elas tinham mais chance de entender isso como notícia falsa, e 6,5% mais chance de concordar que há um consenso científico sobre aquecimento global.

"Desinformação é algo que se gruda, espalha e se replica como um vírus", disse van der Linden. "A ideia é fornecer um repertório cognitivo que ajude a construir uma resistência à desinformação, então da próxima vez que a pessoa cruzar com algo assim ela estará menos suscetível."

A boa notícia é que a inoculação funcionou igualmente independentemente da afiliação política individual (mesmo que republicanos tivessem estatisticamente mais tendência a se deixar levar pelas informações falsas que os democratas). Então acho que agora os jornalistas precisam alertar todo mundo sobre "fatos alternativos" e táticas de notícia falsa, apresentando suas próprias reportagens baseadas em fatos.

Imagem via usuário do Flickr Tony Markham.

Tradução: Marina Schnoor

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