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Fascistas Ingleses Tomaram Sua Primeira Coça em Brighton no Fim de Semana

Mesmo que ainda existam pessoas na Marcha da Inglaterra que só queiram pintar a bandeira na cara, os eventos tendem a terminar dominados pelos membros islamofóbicos da Liga de Defesa Inglesa e uma sopa de suástica com vários grupos dissidentes de...

Depois de sete meses de escuridão e vento gelado, os cidadãos de Brighton acordaram no sábado para aproveitar aquele clima ensolarado que não te faz querer se matar. Mas se eles pensavam que iam passar um fim de semana relaxante curtindo a praia, estavam muito enganados, já que sua cidade seria invadida por algumas centenas de encrenqueiros de ultradireita no domingo à tarde.

A Marcha pela Inglaterra é uma celebração ostensivamente divertida e familiar do orgulho inglês no Dia de St. George. E mesmo que ainda existam pessoas que só querem pintar a bandeira da Inglaterra na cara, cantar “Jerusalem” e falar sobre como o Churchill era foda, os eventos tendem a terminar dominados pelos membros islamofóbicos da Liga de Defesa Inglesa e uma sopa de suástica com vários grupos dissidentes de extrema direita.

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A marcha acontece já há alguns anos, e os antifascistas locais sempre se mobilizam contra isso. Ano passado, essa mobilização mal-vinda teve tanto sucesso em humilhar os participantes da Marcha, que o Casuals United (um bando de hooligans de extrema direita) voltou para se vingar um mês atrás, só para virar motivo de piada na cidade.

Ao invés de mudar a marcha para uma área mais acolhedora e racista, a Marcha pela Inglaterra transformou Brighton em sua Stalingrado. Um morador me disse: “Eles vêm para cá porque é o lugar mais de esquerda e pró-gay da Inglaterra”. Eles não aguentam o fato de terem sido vencidos pelo que, na visão deles, é um bando de bichas comunistas. E como memória e visão também estão em falta para esse pessoal, eles continuam voltando todos os anos.

E 2013 não foi diferente, então fomos para a avenida beira-mar ver um monte de idiotas fascistas bêbados levarem a pior de novo.

Chegamos na avenida e uma fila de veículos da tropa de choque criava um muro impenetrável onde a marcha e os antifascistas deveriam se encontrar. Cerca de 700 policiais da tropa de choque de lugares tão distantes quanto Wales estavam se preparando para a maior operação que Brighton via em anos.

A tática da polícia era levar os participantes da Marcha pela Inglaterra até lá de ônibus, deixar o pessoal marchar, depois levá-los de volta antes que sequer vissem qualquer pessoa de Brighton. E, inicialmente, essa tática pareceu funcionar, mas fascistas que não estavam nos ônibus sancionados pela polícia começaram a chegar, adicionando um frisson de imprevisibilidade à situação.

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O comparecimento antifascista foi forte, reunido em uma rotatória próxima do aquário e distribuindo cartazes antifascistas entre si. Mas a presença da polícia era tão grande que ficamos imaginando se um dia no Centro de Vida Marinha não seria mais divertido do que assistir pessoas vaiando umas às outras através de um muro de dez metros de espessura feito de policiais e veículos.

Felizmente, um pouco de vida do charco deu sinal de existência na forma de 12 ou mais capangas da Marcha pela Inglaterra, que acharam que seria uma ideia fantástica aparecer na frente de uma multidão bem maior de antifascistas.

As pessoas desse lado correram para xingar os caras, com apenas uma grade separando os participantes da marcha e o mar antifa que latia de raiva. O cara do black bloc que você vê aqui sendo atacado, tinha pulado a barreira para invocar com cinco ou seis caras visivelmente maiores que ele, mas logo se viu em desvantagem diante dos pés e mastros de bandeira deles.

Os fascistas utilizaram tudo o que aprenderam em décadas de brigas de bar e estavam ainda mais motivados por aquela confiança que vem com várias Stellas de aperitivo antes do almoço. Por alguns segundos, o homem mascarado pareceu estar em sérios apuros e, em certo momento, quase me convenci de que os participantes da marcha iam começar a fazer aquele negócio de: “Por que você está se batendo, por que você está se batendo?” — o que deve ter sido tenso até para o mais apático dos antifas.

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Mas alguns amigos dele apareceram para o resgate, bem a tempo de salvar o cara de uma vergonha para a vida inteira. Punhos voaram e os combatentes tropeçaram numa confusa pilha de membros balançando — alguns racistas, outros não. É difícil definir o nível de xenofobia de um membro quando você não consegue ver a cabeça acoplada a ele.

Todo mundo levantou e voltou para seus respectivos times. O Time Inglaterra voltou para trás da cerca como um bando de ovelhas vendo o fazendeiro com a pinça de castração vindo na direção delas. Esse policial “coordenador de atividades” de colete azul bebê era tudo o que havia para proteger o grupo da multidão antifa que atirava garrafas.

Os fascistas tinham acabado de conseguir se esgueirar para trás do cordão de isolamento quando a polícia montada apareceu e decidiu que era imperativo confiscar a faixa do black bloc. O que eles não conseguiram fazer. Aí houve um período de confusão enquanto a polícia meio que tentava encurralar todo mundo, antes de desistir e agir como se nada tivesse acontecido.

Esse policial médico solitário tentou exigir que um membro do black bloc tirasse a máscara. A resposta, por incrível que pareça, foi um não, o que deixou o policial meio sem graça.

Uns cem metros acima da estrada e descendo uma rua lateral, um grupo de fascistas tentou se esconder numa agência de apostas depois de ser perseguido por antifas com bombas de tinta.

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Alguns policiais foram pegos no meio da confusão, mas conseguiram seguir com aquela expressão estoica impressionante que a gente não costuma esperar de homens com a cara um pouco suja de tinta.

De volta à rotatória, o caos reinava. A polícia montada perseguia pessoas com a impressão muito errada de que a possibilidade de ser pisoteado por cavalos convenceria alguém a tirar a máscara. Por alguns minutos, até esqueci que a extrema direita tinha alguma coisa a ver com o rolê todo. Qualquer contramanifestante em que a polícia conseguia pôr as mãos era revistado.

Tipo esse cara, que usou sua captura como oportunidade para deitar um pouco, refletir e relaxar mesmo com a confusão que se desenrolava à sua volta.

Isso na verdade não era má ideia, porque pouco tempo depois outro grupo fascista se precipitou de uma rua lateral pronto para tretar, só para acabar cercado dos dois lados.

Veja como foi:

A polícia conseguiu limpar uma rota para que os fascistas pudessem fugir, mas não antes de alguns mísseis atingirem seus alvos. Fique atento ao skinhead de óculos e capuz branco. Figurativamente falando, os fascistas levaram uma ovada. Literalmente falando, eles tomaram latas de cerveja cheias na cabeça, o que provavelmente é mais doloroso.

Muitas das ruas que levavam à avenida beira-mar (ao longo da qual a marcha estava ocorrendo) estavam bloqueadas pelos cordões da polícia, como aquela usada pelos escrotos do Balzin' Squad como pano de fundo para o calendário promocional deste ano.

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Esses bloqueios não eram problema para os antifascistas locais que — conhecendo o território — conseguiram chegar até a avenida pelas ruas laterais.

Quando chegaram lá, alguns fascistas estavam esperando por eles e uma briga começou. Um antifascista que parecia meio assustado me disse: “Não vimos os caras. Eles foram para cima de mim e do meu amigo assim que chegamos”.

Mas o elemento surpresa não se mostrou particularmente efetivo, com os fascistas em menor número levando uma bela coça. Antes da polícia apartar a briga, o ar se encheu com o som de punhos e botas encontrando crânios neonazistas.

Quando a briga acabou, tivemos finalmente a primeira visão da pequenina Marcha pela Inglaterra. Acho que todos vão concordar comigo que, se a raça inglesa (seja lá o que for isso) algum dia precisar de alguém que a defenda, esses são os caras que com certeza vão preservar nossa linhagem.

O pessoal de Brighton se alinhou com a rota da marcha, entoando gritos de guerra como: “From the station to the sea, Brighton will be fascist-free” (algo como “Da estação ao mar, Brighton será livre de fascistas”, em tradução livre). Ou o simples e efetivo grito de “Pinto pequeno!”. Enquanto isso, alguém com um enorme aparelho de som começou a tocar bem alto hinos gays como “I Will Survive”, combatendo a intolerância com ferocidade fabulosa.

A marcha em si já era a maior piada. Os patriotas orgulhosos tinham permissão para marchar cerca de 400 metros pela avenida, longe o suficiente para ver essa faixa antifa pendurada no topo de um prédio próximo. Depois eles marcharam pelo mesmo caminho — sem discursos nem nada — de volta para seus ônibus e para suas casas.

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Acabamos voltando para a rotatória enquanto o grupo fascista se movia lentamente para fora da cidade, ouvindo esse cara contar sobre como era importante ele ter vindo de Liverpool até aqui. Porque mesmo não concordando fundamentalmente com porra nenhuma do que ele defendia, pelo menos tínhamos a obrigação de nos impressionar com o comprometimento dele com a causa.

E foi isso. Rumores de que uma família muçulmana foi atacada por racistas — o que não foi confirmado — devem bastar para garantir que se eles voltarem ano que vem, Brighton vai recebê-los com uma multidão similar determinada a acabar com a graça deles.

Siga o Simon e o Henry no Twitter: @SimonChilds13 e @Henry_Langston

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