É claro que já existe um game do João Doria

Quem diria que um dia o prefeito de São Paulo, João Doria, seria um personagem em um game para celular? Todo mundo. Todo mundo diria. O prefeito mostra tanto interesse em parecer moderno na internet, que não é surpresa para ninguém que ele acabasse em um joguinho genérico para Android.

Super Doria SP, lançado no mês passado na Google Play, é um runner em que o prefeito vira um super herói que luta contra os piores pesadelos da sociedade paulistana: "A cidade de SP está sendo invadida por mortadelas e pichadores, então é hora para o Super Doria!", diz a descrição do jogo, sem um pingo de sarcasmo.

Curiosamente, o criador do jogo, Felipe Rodrigues, não vive em São Paulo, apesar dele claramente amar a cidade: "Fui a São Paulo apenas uma vez para ir à Campus Party", disse o desenvolvedor, "mas foi nesta visita que me encantei com São Paulo e passei a pesquisar mais sobre ela, talvez algum dia eu me mude para São Paulo!".

Rodrigues se identifica com o papo neoliberal de Doria, apesar de dizer não ser fã do prefeito. "Acredito que ele está trabalhando bem e com políticas que até então eram raras no Brasil. Como ele sempre diz (e eu fiz questão de por essa fala e várias outras no jogo), 'Sou um gestor, um administrador'", disse o desenvolvedor, basicamente soando como um fã do prefeito.

O desenvolvedor alega que o jogo não foi uma encomenda do prefeito. "É um projeto próprio, trabalho com desenvolvimento de games e aplicativos", explicou. Além desse, Rodrigues tem mais dois runners publicados: um em que Lula foge de policiais federais e outro em que Dilma foge de pessoas aleatórias. Ambos usam sanduíches de mortadela como armas.

Como um runner, o jogo funciona bem, seguindo o molde clássico do gênero. De resto, é o que se espera de um free-to-play genérico. Os gráficos são básicos, o que faz com que Doria tenha uma cara de quem está eternamente segurando um peido, e as fantasias dele são tão ridículas no jogo quanto nas suas ações de marketing da vida real (tem até uma roupa de Super Mario azul, com direito a um D no chapéu, que ainda estamos esperando o prefeito usar).

O pior de tudo, no entanto, são os pichadores. Não bastava eles serem usados pela campanha de imagem do Doria e serem retratados todos brancos no jogo, eles têm que fazer pixos tão zoados como os que estão nos muros de Super Doria SP também?

Em geral, o jogo decepciona. Ficam aí os votos para que a inevitável continuação que deve ser lançada na campanha para presidente em 2018 seja um pouco mais divertida.

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