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Sexo

A primeira vez que me fizeram sexo oral

Foi um momento que nunca mais esqueci.

Este artigo foi originalmente publicado pela VICE USA.

Pela primeira vez em dois anos, fui a casa passar o Natal e dei por mim no meu quarto de adolescente a olhar para fotos antigas. Por entre aqueles vislumbres da minha pessoa enquanto adolescente boazona, com pouquíssimos pêlos na sobrancelha e umas calças brancas de cintura baixa, destacaram-se vários álbuns que espelhavam dois anos da minha puberdade. Em quase todas essas fotos estava a agarrar-me a um gajo, o meu namorado do liceu. Conhecemo-nos através da Internet. Na altura, estava obcecada por ser grega e ele estava obcecado por trance e foi assim que eu, ^Da_LiL_MaRiA^, conheci o MinistryOfSound, num chat do mIRC. Quem imaginaria que, aos 15, uma simples pergunta, formada por anacronismos (i/s/ddtc) me iria levar a várias "primeiras coisas" da minha vida: a primeira vez que conheci alguém online, a primeira vez que me apaixonei, a primeira vez que tive sexo oral e, sim, a primeira vez que tive sexo que envolvesse um pénis e uma (a minha) vagina. Foi também com ele a primeira vez em que deixei que um gajo despejasse mel em cima das minhas mamas para depois as lamber. Felizmente, foi também a única.

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"Estava vestida como se fosse a Rachel de Friends (um vestido sem alças que se arrastava pelo chão), as minhas sobrancelhas finas como um lápis, a pele branca, transparente, como a da Christina Ricci".

De todas as fotos de nós os dois juntos, há uma que evoca a mais doce das recordações. Foi tirada no baile de finalistas da escola dele, em 2000. Ele era uns anos mais velho do que eu e frequentava o colégio católico masculino, nas proximidades da minha escola privada para meninas de bem. O colégio católico era conhecido por ser o antro dos mauzões. Por isso, senti-me a rapariga mais fixe do Planeta por ir ao baile. Especialmente porque ele tinha carro. Estava vestida como se fosse a Rachel de Friends (um vestido sem alças que se arrastava pelo chão), as minhas sobrancelhas estavam finas como um lápis, a pele branca, transparente, como a da Christina Ricci, o cabelo arranjado e o batom com sabor a ameixa a completar o meu bom aspecto. Ele estava a usar gravata. Sei isso porque a encontrei guardada no meu guarda-roupa. O baile foi no salão principal de um hotel finório. Os rapazes tinham alugado vários quartos para fazerem uma after-party. Percebem para onde é que isto está a caminhar? Os meus pais não me deixaram ficar para essa festa, porque todos eles tinham acabado de fazer 18 anos e, legalmente, já podiam beber, mas eu queria que algo acontecesse nessa noite. Não creio que estivesse pronta para fazer sexo, mas queria muito fazer sexo oral ao meu namorado.

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Na altura, namorávamos há coisa de seis meses e eu era virgem. Ele já tinha tido relações com outras raparigas antes de eu aparecer, o que me deixava doida. Mas lembro-me perfeitamente de não estar pronta para ter sexo. Hoje em dia, bastam meia dúzia de copos de vinho e alguém dizer-me que sou parecida com a Natalie Portman para me convencer. Contudo, no passado, o álcool ainda não afectava as minhas decisões sexuais. Estava sóbria e era pura, apesar de estar vestida como a mulher de um mafioso. Era tudo muito bonito e, ao mesmo tempo, muito horrível. A meio da festa, fomos para o quarto. No elevador, sublinhei que ainda não estava pronta para ter sexo. Mas o meu corpo estava eléctrico: sabia que queria ser tocada e sabia que queria tocar. Desde o minuto em que vesti aquele vestido. "Mas, sabes, quero tentar e talvez fazer outras coisas", disse-lhe eu. Para outras coisas, estava eu pronta. Até aí, só tinha sido masturbada por putos e acho que estava à espera que, desta vez, as coisas corressem melhor (se um gajo mais novo do que tu te metesse os dedos, perceberias do que estou a falar). Chegados ao quarto, começámos logo a curtir. E, mais do que o baile, mais do que a conversa no elevador, ou mais do que qualquer coisa que tenha acontecido nessa noite, lembro-me, distintamente, dele sentado de joelhos, uns minutos depois. Estava empoleirada na ponta da cama, com as minhas pernas bem abertas e ele a descobrir-me. Essa foi a primeira vez que alguém me comeu assim. Fingi estar a adorar, mas a verdade é que estava demasiado sóbria e pensativa para conseguir relaxar e deixar acontecer. Estava, desesperadamente, a tentar guardar todos os pormenores na minha memória, mais preocupada com o facto daquilo estar a acontecer do que, propriamente, com o prazer que me estava a dar.

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"Nunca me senti tão adulta e sexualmente relevante. Era, a partir de então, um membro do mundo da luxúria adulta. Isso fez-me sentir desproporcionalmente sensata".

A parte mais estranha disto tudo é que não me consigo lembrar se lhe fiz um broche, ou não. O meu primeiro de sempre. Estou convencida de que deve ter acontecido, mas a única certeza que tenho é que me senti fascinada por me terem feito sexo oral num quarto de hotel, estando eu a usar um vestido comprido. Nunca me senti tão adulta e sexualmente relevante. Era, a partir de então, um membro do mundo da luxúria adulta. Isso fez-me sentir desproporcionalmente sensata. Recordo-me de quando estávamos a voltar para a festa. Ia voltar a vestir as minhas cuecas e ele parou-me: "Não o faças, ficas mais sexy sem elas." Guardei-as na minha mala de mão, enquanto íamos de mãos dadas para o elevador. Quando chegou, entrámos, silenciosamente, ainda de mãos dadas. Quando as portas se fecharam, olhou para mim e disse: "Amo-te". Não sei se já me tinha dito isto antes, mas foi, sem dúvida, a altura mais apropriada em que mo disseram. "Também te amo", respondi. Quando as portas se abriram, apertei-lhe a mão e regressámos à festa. Gostava mesmo dele. Amava-o tão imprudente e impensadamente como se ama alguém quando somos adolescentes. Foi a cara dele que escolhi para ser esfregada na minha vagina pela primeira vez. Estava com uma moca amorosa, pelo facto de ser amada por alguém que não fosse a minha mãe. O meu sangue pulsava depois deste primeiro encontro sexual. Dancei o resto da noite sem roupa interior. Depois, os meus pais foram-me buscar.


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