FYI.

This story is over 5 years old.

Comida

O restaurante que te faz feliz

Se estás a passar por uma separação, o mais normal é que chores em frente a uma pizza ou uma caixa de gelado, certo? Errado.

Na foto, Emily Arundel.

Se estás a passar por uma separação, o mais normal é que chores em frente a uma pizza ou uma caixa de gelado, certo? Errado. Aguenta os cavalos com essa dose de queijo extra porque não vai fazer-te sentir melhor. Refila o que quiseres, mas é bem melhor afogar as mágoas num smoothie de banana e aveia.

A serotonina, como se sabe, é um neurotransmissor. É um dos grandes responsáveis pelo teu humor. Este químico também está relacionado com o apetite, a digestão e o sono – basicamente, todas as coisas que mantêm um gajo saudável e funcional. Por isso, Emily Arundel, uma empreendedora de Melbourne, vai abrir um restaurante / centro de fitness chamado Serotonin Kitchen (Cozinha Serotonina), cujo objectivo é melhorar o estado de espírito dos seus clientes através de um menu rico em serotonina.

Publicidade

A ligação entre saúde e felicidade não é novidade, de certeza que já reparaste que quando comes mal, sentes-te mal. A Emily acha que a ligação é mais directa do que podemos imaginar. Trabalhou com dietistas e nutricionistas para criar receitas que favorecem um bom estado, tanto mental como físico.

VICE: De onde é que surgiu a ideia de deste "Café Serotonina"?

Emily Arundel: Durante a minha vida experimentei todo o tipo de dietas. Sempre me mantive em forma e saudável, pratiquei basquetebol, remo, etc. Há cinco anos atrás experimentei a dieta detox, a paleolítica, fui vegetariana e vegan, crudivorista e frugívora – foi um período recreativo e de descoberta. Assim que consegui conectar com o meu corpo, pude fazer exercício e isso fez-me sentir melhor. Comecei uma dieta rica em plantas e carboidratos, como é o caso da batata doce, da banana, da quinoa, e do açúcar amarelo.

Depois tentei perceber porque é que esses alimentos me faziam sentir bem e foi assim que cheguei à dieta da serotonina. Todos os ingredientes que eu comia continham triptófano, que é o que depois se converte em serotonina.

​Drª. Judith Wurtman dedicou 30 anos de estudo e a sua tese de Doutoramento a esta dieta. Escreveu cinco livros sobre o tema. É a minha base científica para entender a dieta da serotonina. Colaborei com um nutricionista, um dietista e um cientista da comida para construir receitas que façam o teu corpo libertar esta monoamina.

Publicidade

Antes falaste numa dieta baseada em plantas. Queres dizer, vegetariana?

Sim, mas não. Eu não uso aos termos vegetariano ou vegan porque são palavras estigmatizadas. Está baseada em plantas, mas não é estritamente vegetariana ou vegan. Podemos vir a incluir insectos no nosso menu. É uma hipótese em aberto.

A dieta influenciou directamente o teu humor?

Sim, quando era adolescente tive uma depressão. Também tinha mudanças de humor com muitos altos e baixos. Quando entendi que a comida me fazia sentir bem, descobri que era por causa da serotonina, porque esta estabiliza as tuas emoções. Pessoas ansiosas, depressivas ou com problemas de sono têm níveis baixos de serotonina. Por isso, estabilizá-la, comer bem, e aumentar o teu cardio estabiliza o teu humor.

A Drª. Wurtman também estudou a forma como a comida afecta pessoas com doenças mentais?

Ela fez entre ​40 e 50 estudos relacionados com este tema. O dietista que trabalha conosco, Renee, escreveu a sua tese de doutoramento em saúde visceral. Noventa e cinco porcento da serotonina ​é absorvida pelas vísceras, e foi através deste descobrimento que se fez a ligação entre a serotonina e a depressão e ansiedade. Hoje em dia também a ​relacionam com a hiperactividade e o déficit de atenção, especialmente relacionado com crianças.

Como é que transformamos isto em menu?

Também tenho um bar de sumos e smoothies, todos ricos em serotonina. E pronto, o pequeno-almoço, almoço e jantar é feito à base de uma cozinha bastante comum e de diferentes culturas – japonesa, mexicana, vietnamita – onde só incluímos esse tipo de ingredientes. As bananas são ricas em serotonina, a batata doce, os bróculos, o tomate e o ananás também. E especialmente alimentos como o feijão, as lentilhas, o grão de bico e os cereais integrais.

Publicidade

Quão conclusiva é esta teoria, sobre que alimentos são mais ricos em serotonina e como o corpo reage a eles?

Há ​muita pesquisa feita sobre este tema, a Drª. Judith Wurtman fez uns gráficos onde mostra a percentagem de triptófano na comida, que depois se transforma em serotonina. É sobre isto que estou a trabalhar, e é à base desta informação que crio os meus menus.

Que quantidade de comida tens de comer para aumentar os teus níveis de serotonina?

Depende da comida em si. Mas cada refeição que preparamos é bastante completa.

O exercício físico é essencial neste processo?

Trabalhamos com personal trainers, instrutores de yoga, e outras coisas divertidas, como cães treinadores. Vamos abrir um centro de fitness na porta ao lado, e teremos várias actividades relacionadas com cardio.

Quando é que abre?

No início de 2015.

Obrigada pelo teu tempo e atenção.