Este artigo foi originalmente publicado no JORNAL DE LEIRIA e a sua partilha resulta de uma parceria com a VICE Portugal.No final deste século, a zona dos estaleiros navais de Peniche e da área industrial envolvente pode ficar submersa na maré alta, assim como o porto de abrigo da Nazaré e o troço da marginal que está em frente, bem como a área que circunda as margens do troço final do rio Alfeizerão entre Alcobaça e Nazaré. Estes cenários são projectados no estudo Cartografia de risco costeiro associado à subida no nível do mar como consequência das alterações climáticas, elaborado por uma equipa da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (FCUL).
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Segundo o estudo, em 2050, o distrito de Leiria, por exemplo, terá cerca de 3.800 pessoas a viver em zonas vulneráveis à subida do nível do mar, tendo sido considerado um aumento médio de um metro até ao final do século. Nesse momento, as projecções feitas pela equipa coordenada por Carlos Antunes estimam que o número de pessoas afectadas pela subida do mar no distrito possa ultrapassar as 5.500.De acordo com as projecções, em 2050, as zonas vulneráveis abrangerão áreas com cerca de 2.940 edifícios, número que, no final do século, subirá para perto de 4.000. Peniche e Alcobaça estão identificadas como as zonas de maior risco no distrito leiriense, estimando-se que a subida do mar ameace, em 2100, perto de 1.430 habitantes e 614 edifícios, no primeiro caso, e quase 1.130 residentes e 1.232 construções, no segundo (146 mil é o número estimado de pessoas residentes nas áreas costeiras portuguesas vulneráveis à subida do nível do mar de acordo com o cenário traçado para 2050. Esse número poderá chegar aos 225 mil, em 2100, com o aumento das zonas vulneráveis).
Em declarações ao Jornal de Leiria, Carlos Antunes explica que os cálculos foram efectuados com base nos Censos de 2011, cruzados com dados de cartografia de inundação e de vulnerabilidade física costeira, “num cenário extremo de maré”, coincidente com “período de praia-mar e um temporal semelhante ao Leslie”, que, no ano passado, deixou um rasto de destruição na região. “O que fizemos foi, perante estas condições, calcular o potencial de inundação e contabilizar quantos edifícios e residentes podem vir a ser afectados”, adianta.
Em declarações ao Jornal de Leiria, Carlos Antunes explica que os cálculos foram efectuados com base nos Censos de 2011, cruzados com dados de cartografia de inundação e de vulnerabilidade física costeira, “num cenário extremo de maré”, coincidente com “período de praia-mar e um temporal semelhante ao Leslie”, que, no ano passado, deixou um rasto de destruição na região. “O que fizemos foi, perante estas condições, calcular o potencial de inundação e contabilizar quantos edifícios e residentes podem vir a ser afectados”, adianta.
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O investigador da FCUL frisa que o trabalho tem em consideração “o pior cenário possível”. Mas, sublinha, “como se tem visto, não é assim tão improvável de acontecer”. Aliás, os cenários podem, inclusive, vir a ser mais gravosos. Isto porque, as projecções do estudo têm em conta uma subida de um metro do nível médio do mar, sendo que um estudo publicado a 24 de Maio na revista científica Geoscienses aponta para uma subida de dois metros, ou seja, o dobro do valor considerado pelos investigadores da FCUL.“Em Portugal, 34% da população reside na faixa de dois quilómetros ao longo da linha de preia-mar”, adverte Carlos Antunes, frisando que o objectivo do estudo “não é alarmar, mas sensibilizar” e criar “uma ferramenta de orientação” no planeamento, na tomada de decisões e na adopção de medidas de adaptação. “Por exemplo, se tenho um prédio numa zona frequentemente inundada, posso abandonar o primeiro piso. A construção de obras de engenharia pesada, como diques e barreiras de contenção de água, é outra medida possível, assim como o recuo planeado das populações residentes nas zonas de perigosidade elevada”, refere o investigador, notando, contudo, que “cada caso é um caso” e defendendo a necessidade de os municípios “estudarem as intervenções com a população e com outras entidades”.
O Programa da Orla Costeira de Alcobaça -Cabo Espichel (POCACE), aprovado em Abril último em Conselho de Ministros, aponta já a necessidade de “dar prioridade à retirada de construções que se encontrem nas áreas críticas de relocalização em Água de Madeiros (Alcobaça), Vale Furado (Alcobaça), praia da Consolação (Peniche), Foz do Sizandro (Torres Vedras), Cova do Vapor (Almada), parques de campismo da Costa da Caparica (Almada) e Fonte da Telha (Almada)”. O documento defende ainda o desenvolvimento de “intervenções prioritárias de retirada e renaturalização das áreas edificadas em faixa de salvaguarda que revelam maior perigosidade, nomeadamente das situações identificadas” naquelas praias.
O Programa da Orla Costeira de Alcobaça -Cabo Espichel (POCACE), aprovado em Abril último em Conselho de Ministros, aponta já a necessidade de “dar prioridade à retirada de construções que se encontrem nas áreas críticas de relocalização em Água de Madeiros (Alcobaça), Vale Furado (Alcobaça), praia da Consolação (Peniche), Foz do Sizandro (Torres Vedras), Cova do Vapor (Almada), parques de campismo da Costa da Caparica (Almada) e Fonte da Telha (Almada)”. O documento defende ainda o desenvolvimento de “intervenções prioritárias de retirada e renaturalização das áreas edificadas em faixa de salvaguarda que revelam maior perigosidade, nomeadamente das situações identificadas” naquelas praias.
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Classificada no POCACE como área crítica, a praia de Água de Madeiros tem sofrido derrocadas de arribas, situação que, como noticiou na última semana o JORNAL DE LEIRIA, está a assustar moradores e a preocupar autarcas. Segundo o presidente da Câmara de Alcobaça, Paulo Inácio, o Município já alertou a Agência Portuguesa do Ambiente (APA), que tem a jurisdição do local. “Só com o consentimento da APA se pode fazer alguma intervenção”, frisou.
Leiria com plano para as alterações climáticas
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Na ocasião, Raul Castro defendeu ainda que “no que diz respeito à salvaguarda do nosso território, vivemos um tempo em que não basta apregoar boas intenções duas ou três vezes por ano, quando se comemora o dia da árvore, da água, ou outra efeméride ambiental. Esta é uma luta diária”.
Maria Anabela Silva é jornalista do JORNAL DE LEIRIA.Segue a VICE Portugal no Facebook, no Twitter e no Instagram.Vê mais vídeos, documentários e reportagens em VICE VÍDEO.
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