Tudo o que sabemos até agora sobre o ataque suicida em Manchester
Serviços de emergência na Manchester Arena. Foto por Peter Byrne/PA Wire/PA Images

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Tudo o que sabemos até agora sobre o ataque suicida em Manchester

Pelo menos 22 mortos e 59 feridos, sendo que vários estarão em estado considerado muito grave, depois da explosão no final de um concerto de Ariana Grande na Manchester Arena.

Este artigo foi originalmente publicado na VICE UK.

Na noite de ontem, 22 de Maio, um bombista suicida fez-se explodir na Manchester Arena, em Manchester, Inglaterra, matando pelo menos 22 pessoas - incluíndo crianças - e deixando feridas mais de 50. O ataque - que ocorreu às 22h33 [mesma hora em Lisboa], no foyer do recinto, numa altura em que o público que tinha acabado de assistir a um concerto de Ariana Grande começava a sair - foi o mais mortífero em território britânico desde o registado em Londres a sete de Julho de 2005.

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Às 11h10 da manhã de hoje, 23 de Maio, a primeira-ministra Theresa May discursou à nação, à porta de Downing Street. May disse que muitos dos feridos correm risco de vida e anunciou também que as autoridades julgam já ter conseguido identificar o atacante, um homem, mas que por agora não a irão revelar. A responsável sublinhou também que todos os actos terroristas são cobardes, mas que este, em especial, destaca-se "por uma apavorante e doentia cobardia" ao ser dirigido a crianças. Ainda durante o dia de hoje, Theresa May desloca-se a Manchester.

Testemunhas relataram nas redes sociais terem ouvido um forte estrondo depois das luzes do recinto se terem acendido no final do concerto, tendo algumas partilhado vídeos do pânico que se seguiu. Uma das pessoas que estava na Arena, Jessica, disse à BBC radio: "Ouvi um grande estrondo e depois toda a gente começou a correr em direcção ao sítio onde nós estávamos, a gritar e a chorar. Houve muita gente a atropelar-nos para tentarem sair"

Ao longo da noite, começaram a surgir mais relatos, com testemunhas a descreverem o cenário depois da explosão. "Toda a gente entrou em pânico", disse Isabel Hodgins à Sky News. E acrescentou: "O corredor estava cheio, cheirava a queimado e havia muito fumo à medida que íamos conseguindo sair".

Andy Holey, que estava no exterior do recinto para apanhar a mulher e a filha que tinham ido ao concerto, disse à BBC: "Houve uma explosão e voei literalmente uns 10 metros, das portas onde estava até às portas ao lado. Quando me levantei vi corpos no chão […] foi, definitivamente, uma explosão e com alguma força. Aconteceu perto das bilheteiras, à entrada da Arena".

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Outras testemunhas confirmaram terem visto pregos e parafusos espalhados pela zona do foyer depois da explosão, o que sugere que se tratava de uma bomba com materiais para infligir o maior dano possível.

às seis da tarde de hoje terá lugar uma vigília em Manchester, no Albert Square, revelou o mayor local, Andy Burnham.

Numa declaração pouco antes das três da manhã, o chefe da polícia da Zona da Grande Manchester, Ian Hopkins, avançou: "Até termos mais informações, estamos a tratar desta situação como uma ataque terrorista. Estamos a trabalhar com a rede nacional de contra-terrorismo e os serviços de inteligência do Reino Unido".

Às 07h04 da manhã, Hopkins garantiu que se tratou de um ataque levado a cabo por um homem sozinho que carregava consigo um dispositivo improvisado que acabou por detonar. O atacante morreu na explosão.

Os serviços de emergência chegaram em grande número ao local pouco depois da explosão, com 60 ambulâncias e 400 agentes da polícia destacados para a operação. O serviço de ambulâncias salientou que tinha transportado 59 pessoas para os hospitais e tratado várias pessoas feridas no local, incluíndo "ferimentos por estilhaços", de acordo com a BBC.

Cerca das seis e meia da manhã, a Secretária dos Assuntos Internos, Amber Rudd, emitiu um comunicado em que declarava: "Isto foi um ataque bárbaro, que pretendeu deliberadamente atingir aqueles ais vulneráveis da nossa sociedade - jovens e crianças num concerto de música pop [..] Ainda hoje estarei reunida com as autoridades e a primeira-ministra, para que possamos ter mais detalhes sobre o ataque, pelo que, para já, não posso fazer mais comentários".

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E acrescentou: "A grande cidade de Manchester já foi afectada pelo terrorismo anteriormente O seu espírito não quebrou; a comunidade continuou. Desta vez, o ataque atingiu o que demais vulnerável a nossa sociedade tem. A intenção era provocar o medo; a sua intenção é dividir. Mas não vão ter sucesso".

No Twitter, a Polícia Metropolitana anunciou que hoje as ruas de Londres vão ter um reforço de agentes, na sequência do ataque. Na Escócia, a polícia também aumentou a presença nas ruas, com o responsável local, Phil Gormley - antigo membro da unidade de contra-terrorismo - a dizer: "Enquanto parte da resposta alargada do Reino Unido a estes eventos, a polícia escocesa continuará a rever todos os planos de segurança e de operações. Isto inclui assegurar que os agentes armados e todos os recursos especializados são devidamente destacados".

A Universidade de Manchester avisou os estudantes de que alguns exames podem não ocorrer hoje, mas que devem, no entanto, dirigir-se de qualquer forma ao local e hora que estava previamente agendado.

Devido ao ataque, os paridos políticos britânicos suspenderam a campanha para as eleições gerais. Numa declaração, Theresa May sublinhou: "Estamos a trabalhar para estabelecer todos os pormenores. Os nossos pensamentos estão com as vítimas e com as famílais daqueles afectados". Jeremy Corbyn publicou uma declaração no Twitter, cujo início dizia: "Estou horrorizado com os acontecimentos de ontem à noite em Manchester. Os meus pensamentos estão com as famílias e amigos daqueles que morreram e ficaram feridos".

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O mayor de Manchester, Andy Burnham declarou: "Londres uniu-se [depois do 7/7] e da mesma forma, Manchester, na sua forma única, vai unir-se, manter-se forte e junta. É isso que nós somos. Eles não vão ganhar. Estamos de luto - fomos magoados hoje - mas, como disse no início, somos fortes e esta cidade já lidou com dias difíceis no passado e vai voltar a fazê-lo agora".

Líderes mundiais, incluíndo os primeiros-ministros do Canadá, Justin Trudeau, do Japão, Shinzo Abe, ou de Portugal, António Costa, bem como , por exemplo, o presidente chinês, Xi Jinping, enviaram já as suas condolências. Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, por sua vez, emitiu um comunicado em que diz: "Estamos absolutamente solidários com a população do Reino Unido. Tantos jovens, bonitos e inocentes a viverem e a desfrutarem das suas vidas, assassinados por 'losers' malvados. Não lhes chamarei monstros, porque eles iam gostar do termo. Entenderiam que é um grande nome. A parti de agora vou chamar-lhes 'losers', porque é o que eles são. São 'losers'. E vamos ter mais. Mas, lembrem-se, eles são 'losers'". "Esta ideologia maléfica tem de ser obliterada, totalmente obliterada", acrescenta.

Esta manhã, várias pessoas que estavam no concerto criticaram as medidas de segurança na Manchester Arena, garantindo que sacos e malas não teriam sido devidamente verificados. Uma pessoa disse no Twitter: "Ao ter estado no concerto em Manchester, não fico surpreendida que alguém tenha conseguido entrar com alguma coisa no recinto. A segurança era péssima… Apenas uma verificação de malas, nada de detectores de metais, ou revistas a quem entrava a partir da estação de Victoria", relata o The Guardian.

Actualização 14h15: O auto-proclamado Estado Islâmico reivindicou o ataque. O grupo terrorista divulgou uma declaração em árabe através do seu canal central de notícias, em que louva os acontecimentos em Manchester.

Um homem de 23 anos terá entretanto sido detido pelas autoridades por alegadas ligações ao ataque.

Esta notícia está em constante desenvolvimento, pelo que será actualizada sempre que haja novas informações.

Localmente há dois números de telefone disponíveis para quem procure informações sobre familiares: 0161 856 9400. Para assistência o número é o 0161 856 9900.