
Pode-se dizer o mesmo da minha coleção de jogos. Lá pelas três da manhã, eu desabava na frente do PlayStation pelo resto da noite. Mas os grandes hits da época — Stranglehold, Resistance: Fall of Man, Dead Rising — não eram muita coisa e, inevitavelmente, minha cabeça começava a divagar. Eu tinha acabado de ser diagnosticado com depressão e estava tomando ISRS (inibidores seletivos da recaptação da serotonina). Nem mesmo a infinidade de distrações oferecidas a um menino branco de classe média estava ajudando.Com a exceção de Max Payne. Este jogo mais velho, lançado em 2001, dialogou comigo nesse momento da minha vida, primeiro porque o personagem principal, o epônimo Max, estava num período difícil também. Em um exemplo clássico daquele péssimo tropo narrativo "da mulher na geladeira", a mulher e a filha pequena do Max são mortas no início do jogo e ele parte em busca de vingança. É besta, pretensioso e tem um quê de história em quadrinho, e não tinha muito a ver com a vida de um menino adolescente que estava estudando para as provas, mas o Max e eu estávamos, indiretamente, na mesma sintonia. Ele estava sofrendo.À minha maneira, eu também estava. Além disso, todos os personagens dos outros jogos que eu tinha eram heróis bonitos e descomplicados. Da mesma forma que os adolescentes que estavam sempre trepando e ficando muito chapados de Skins me faziam sentir deslocado, os protagonistas de queixo quadrado de Modern Warfare e Uncharted me acanhavam.
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