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VICE Sports

Tudo de estranho que você pode esperar da Copa do Mundo

É o bingo da Copa, minha gente.

Coloque a latinha de breja de lado e tire esse sorriso amarelo da sua cara porque a Copa do Mundo FIFA 2018 finalmente começou. Três anos de planos de não beber quase todos os dias da semana estão prestes a acabar. Os dias sem futebol que você ansiava por pontuar com coisas simples e bonitas como o segundo tempo de Polônia e Senegal finalmente chegaram ao fim.

Apesar da inundação de amistosos, perfis de jogadores, esquemas táticos e tudo mais desde que o Gotze marcou o gol da vitória no Rio, ainda não conseguimos nos curar da febre. Faltando apenas algumas horas, chegou o momento de olhar mais uma vez para quem e o que vai virar o equilíbrio da sua vid. É hora de uma última chamada dos bodes expiatórios, zebras e craques que, provavelmente, vão render alguns meses de terapia de casal.

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Então aproveite essa última prévia da Copa do Mundo.

A tempestade de merda espanhola

Cara, quem imaginaria uma coisa dessas? O time internacional mais organizado do mundo – a equipe que vem jogando junta desde a adolescência, os mestres do sistema de academia, os reis da transição gerencial suave – resolvem demitir um técnico NA VÉSPERA DA COPA.

Claro, o sistema deles é basicamente pensado para lidar com esse tipo de coisa – mas a ideia de uma grande cisma e subsequente vexame é boa demais para resistir. Como você gostaria de ver a Espanha cair? Um Sergio Ramos em prantos se recusando a sair de campo tá de bom tamanho pra mim.

O último suspiro de Sepp Blatter

Foto: Marcello Casal Jr./ABr / CC By 3.0

A Copa do Mundo 2018 vai ser a primeira desde que o grande homem foi obrigado a se aposentar, mas isso não quer dizer que sua presença não será sentida. O longo cronograma do torneio significa que, como um DJ Rashad pária, ele vai continuar influenciando a cultura mesmo não estando por perto.

Com sua frente oriental a apenas algumas horas de distância, e o pesadelo futurista do Catar chegando em 2022, parece que ainda estamos vivendo na era de Blatter. Seu espectro será visto e ouvido em quase todas as partes da Copa do Mundo: na cerimônia de abertura com Robbie Williams, na partida entre Rússia e Arábia Saudita na sequência, nos outdoors da Gazprom, nos comerciais do intervalo da Gillette, na presença militar, nas piadas sexistas, nos abusos de direitos humanos e no sentimento inescapável de que alguém, em algum lugar, está fazendo uma puta grana com tudo isso.

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Dá quase pra imaginar o velho assistindo orgulhoso de seu chalé em Gstaad, observando os procedimentos de cima como o Mufasa olhando pro Simba. Aprovando em silêncio enquanto o reformador indefeso Gianni Infantino tenta esconder o envelope marrom no bolso de trás da calça. “Todo homem tem um preço”, ele repete para si mesmo enquanto toma outro gole de Remy Martin.

Zebras malucas

Ricardo Quaresma e Cristiano Ronaldo. Foto: ITAR-TASS News Agency / Alamy Stock Photo

Sempre tem isso: uma nação abençoada com um time cheio de gente do Villarreal e individualistas do Ligue 1 que acabam jogando pra caralho na Copa. Pense na Costa Rica em 2014, o Senegal em 2002 e Camarões em 1994. É sempre muito daora de ver e torcer.

Pessoalmente, aposto no Senegal mais uma vez. Eles têm um time decente cheio de talentos da Premier League (mas um goleiro emprestado na segunda divisão turca), e têm um pedigree para surpresas. Mas se você quer uma escolha mais razoável, fique com a Polônia: uma boa base, um baita atacante que joga no Bayern de Munique, mas jogadores demais do West Brom para realmente acertar na mosca.

Ou que tal voltar nossa torcida depois do inevitável pós-Inglaterra nos bandidos envelhecidos de Portugal? Fonte, Alvez, Pepe e o próprio CR7 já dominaram a arte de saber quando o juiz está olhando e isso pode contar muitos pontos mesmo diante de árbitros de vidro, digo, de vídeo.

Veteranos errantes

Da última vez, apostei no Shola Ameobi para maior artilheiro. Nem lembro se ele jogou ou não, mas uma parte de mim gosta da ideia de torcer para um jogador em sua última chance – alguém que você lembra da adolescência, ainda aparecendo inexplicavelmente no Olympiakos ou no Guangzhou Evergrande. Um jogador da mesma idade da Katy Perry, mas que em termos de futebol é praticamente um Highlander.

Quando se trata de veteranos, o foco da mídia vai estar no Iniesta, mas francamente estou muito mais interessado no canto do cisne de John Obi Mikel (Nigéria), na redenção de Ricardo Quaresma (Portugal) ou no conto de fadas de Tim Cahill (Austrália).

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Famosos de uma Copa só

Toda competição tem um desses – um jogador que se torna uma das compras mais caras da temporada. Os últimos torneios nos deram o inescrutável James Rodriguez, o mercurial Milan Baros e o maverick El Hadji Diouf – tipos chamativos que fazem alguns gols nas fases de grupo, só para acabarem saindo de Lyon por €40 milhões e com muitas perguntas sem resposta. Não sei por que, mas os pais deles são sempre os empresários.

Violência de berma

Os hooligans não são mais os mesmos. Eles foram castrados, depilados, colocados numa dieta low carb, gentrificados e possivelmente red-pillzados. As bestas carecas dos primórdios foram obrigadas a se aposentar há muito tempo pelos preços dos ingressos, proibições de entrada no estádio e angina. No lugar deles vem uma nova raça afluente de bermas burgundy, corte de cabelo Mark Noble, livros do Carlton Leach e memes “free Tommy”. Eles vêm de lugares que não têm times na primeira divisão e assistiram episódios suficientes de The Real Football Factories para saber um pouco sobre os torcedores do Spartak. Eles estão estranhamente quietos nas últimas semanas.

Keisuke Honda

Aos 31 anos, Keisuke Honda é um astro da Copa do Mundo desde que me lembro. Uma verdadeira lenda do torneio, ele encapsula a sensação global da coisa toda, um jogador que parece existir fora o futebol de times, entrando na nossa vida a cada quatro anos com um corte de cabelo sensacional e aparições soberbas. Com o futebol cada vez mais estudado, jogadores que vêm com esse nível de intriga e empolgação são raridade. Enquanto ele ainda faz isso, valorize o cara. Ele é o Carlos Valderrama da nossa época.

O fiasco belga

Não deixe os aquecimentos te enganarem. Se tem uma coisa em que eu apostaria todas as minhas posses (um notebook e alguns conjuntos de moletom, se você quer saber) é na Bélgica fazendo um torneio abaixo do esperado. Já disseram mais de uma vez que eles são a nova Holanda: um time imensamente talentoso – descolado, avançado tecnicamente, com um goleiro top – mas a equipe ainda parece estranhamente fraturada.

As pessoas estão mais interessadas na Bélgica agora porque eles foram bem nas classificatórias, mas isso não importa. A Copa do Mundo é uma questão de craques; por isso os alemães, italianos e brasileiros ganham, e os holandeses, belgas e argentinos não. Quando Martinez cortou Radja Nainggolan, eles perderam o seu grande craque – só porque ele não joga pelo sistema deles e curte beber e fumar. Espere lágrimas na cara ruivinha de Kevin De Bruyne lá pelas quartas de final.

Eficiência alemã

Quando ninguém sabe quem vai ganhar, a Alemanha vai ganhar. Pode apostar a aposentadoria da sua vó.

@thugclive

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