Fotos de uma convenção de peluches humanos na América

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Fotos de uma convenção de peluches humanos na América

Os "furries" adoram animais, reais e imaginários. Na verdade, gostam tanto que até se vestem com fatos peludos e coloridos e juntam-se todos para celebrarem a sua paixão.

Este artigo foi originalmente publicado na VICE USA.

A estigmatização dos "furries" [como são conhecidos os fãs e membros da comunidade de peluches humanos], a perseguição e o trolling online de que são alvo, é algo que tem sido recorrente desde que começaram a aparecer nos media mais mainstream e em séries de televisão como CSI, ER, ou Entourage. Sempre retratados de uma forma rude e discriminatória, do género "olhem para estes freaks pervertidos". No entanto, a realidade é que os "furries" e os "fursuiters" são, no geral, das pessoas mais simpáticas, amorosas e respeitadoras que se podem conhecer. Pessoas que, por acaso, se sentem melhor consigo próprias quando vestem os seus fatos de pêlo customizados e assumem plenamente as suas personagens inspiradas em criaturas antropomórficas.

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Tal como acontece na maior parte dos grupos sociais mais underground, o melhor sítio para encontrares todos os teus amigos é numa convenção e a Biggest Little Fur Con (BFLC), que se realiza em Reno, Nevada, nos Estados Unidos da América, não é excepção. Todos os anos há cerca de 50 convenções do género no país e a BFLC é a que mais rapidamente tem crescido, tendo triplicado o número de participantes em apenas três anos. Desta vez foram cerca de três mil e 500, tornando-a a terceira convenção a nível nacional. O evento dura quatro dias e, de acordo com os organizadores, tem mais-valias para a cidade na ordem dos 3.5 milhões de dólares [cerca de três milhões de euros].

Com um misto de nervos e excitação saltei para o avião que me levou à maior cidade pequena norte-americana para a minha primeira convenção e onde me encontrei com Martin Freehugz, um amigo "peludo" que me deixou ainda mais interessado nesta subcultura.

À chegada ao hotel fui recebido por uma horda impressionante de "fursuiters", que juntos representavam praticamente todo o reino animal (o real e o imaginário, claro). Dragões, lagartos, veados, lobos, raposas (montes de raposas), águias e, claro, os inventados, como o adorável Anjo Dragão Holandês, saído directamente de um qualquer conto de fadas.

Na BFLC o divertimento, a fofice e a criatividade estão por todo o lado. Há Yahtzee em tamanho real, karts, jogos de consola, jogos de tabuleiro e quantidades abusivas de dança. À noite, uma série de DJs vestidos a preceito animam a multidão com música EDM e trance. Perder-me no som e nas luzes, entre aqueles animais peludos foi uma experiência transcendente. Dei por mim atordoado e de lágrimas nos olhos, a transbordar de alegria de uma forma que não estava à espera.

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Percorri os corredores do hotel com Martin/Freehugz vestido com o seu fato de lobo azul e ele parecia conhecer toda a gente. De facto, toda a gente parecia conhecer toda a gente - não davas dois passos sem veres alguém a tirar fotos com um "fursuiter". Tornou-se para mim óbvio que muitos deles são autênticas celebridades e há alguns até extraordinariamente famosos e donos de um séquito de seguidores online assinalável.

Outras das celebridades da convenção são os artistas, aqueles que desenham as representações peludas, as chamadas "fursonas", numa variedade de meios e cenários, como acessórios artesanais, pins, bandas desenhadas e por aí fora. Tudo à venda num espaço próprio, onde o público está mais do que disponível para gastar dinheiro. Segundo a organização, os vendedores podem facturar em conjunto entre 100 a 200 mil dólares [90 a 175 mil euros aproximadamente].

Depois de uma noite de dança, abraços (os "furries" adoram abraços) e leite com chocolate minado, deu-se o muito antecipado Fursuit Festival, onde cerca de mil e 500 "fursuiters" se reuniram para uma foto gigante antes de voltarem ao bailarico, aos jogos e a sessões organizadas de fotografias uns com os outros. O meu coração estava cheio de alegria.

Abaixo podes ver mais fotos da convenção e aqui encontras outros trabalhos fotográficos de Zak Krevitt.