Há alguns anos, quando alguém pensava em ser músico, os lugares de vocalista e de guitarrista eram, quase sempre, os mais desejados. Talvez por representarem posições de maior relevo em bandas clássicas (assim de repente, lembramo-nos dos Beatles e Rolling Stones), estes lugares eram, invariavelmente, preferíveis aos de baterista, baixista e teclista.Ikutaro Kakehashi, inventor dos sintetizadores Roland, mudou o cenário ao criar um vasto número de teclados electrónicos que mexeram - e de que maneira - na forma como vemos a música. Por este motivo, escolhemos 18 faixas para uma playlist em tributo ao japonês, falecido no início de Abril.
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Uma lista em que as mulheres estão muito bem representadas (e não é por nenhuma admiração particular pela Associação Capazes), há romantismo e sensualidade a rodos, muito pezinho de dança, uma ou outra dúvida existencial e diversos "monstros sagrados". Depeche Mode, Pink Floyd e Jean Michel Jarre não foram convocados, mas mereciam. By the way, não é obrigatório o uso da marca Roland - para isso, se calhar, vais querer espreitar aqui.
Juntar a voz sensual de Donna à mestria do compositor Giorgio Moroder, só podia dar uma mistura explosiva. Mistura que marcou o disco sound e tudo o que girou à sua volta. Bela maneira de começar este tributo.Quem concorda com a letra de Gabriel O Pensador sobre loiras, deve seguir imediatamente para a próxima canção. Nesta actuação ao vivo, antes do segundo minuto, Debbie Harry (com um outfit estranho e generoso) faz uma curta declaração política sobre o abuso do poder nuclear. Curioso. Ela era uma autêntica sex bomb.O filme que deu o Óscar de "Melhor Argumento Original" a Sofia Coppola, mereceu o título "O Amor é Um Lugar Estranho", na tradução em português. Duas décadas antes, Annie Lennox e Dave Stewart viviam intensamente (fora e dentro do estúdio) essa estranheza juntos.Incontornável êxito da música soul devia estar num manual para utilizadores, intitulado, "Como fazer as pazes de forma tórrida, depois de uma discussão sobre o último episódio de 'Big Little Lies'". A violência doméstica deve piar fininho.
Vê também: "Um pezinho de dança em Tóquio"
DONNA SUMMER – "I Feel Love" (1977)
BLONDIE – "Heart of Glass" (1978)
EURYTHMICS – "Love is a Stranger" (1982)
MARVIN GAYE – "Sexual Healing" (1982)
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HERÓIS DO MAR – "Só Gosto de Ti" (1984)
THE CURE – "In Between Days" (1985)
NEW ORDER – "Bizarre Love Triangle" (1986)
O poliamor soa a relação sentimental entre abelhas e a desculpa certeira para evitar coisas sérias a dois. Tendo este grupo aparecido após o fim dos Joy Division, "BLT" podia ser uma música dedicada a uma das frases que a personagem de Ian Curtis disse à esposa no filme Control. A propósito da questão se ele amava outra mulher, respondeu: "O que é que isso tem a ver connosco?". Bela saída…
HAPPY MONDAYS – "Kinky Afro" (1990)
Será esta a banda mais nárcotica e cool de Inglaterra? Há 27 anos, talvez fosse. Nessa época, os irmãos Ryder faziam malhas do caraças e meteram os brancos a dançar o seu viciante groove. Em palco, podia faltar tudo menos o amigo Bez a gingar o esqueleto, movido por aditivos que tornavam a espuma dos dias bem mais colorida.
PET SHOP BOYS – "Jealousy" (1990)
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BJORK – "Big Time Sensuality" (1993)
O grunge andava na mó de cima, os Blur acreditavam que a vida moderna era lixo e a Europa dos U2 era electronicamente Zoo. Assim do nada (bem, já dava que falar com os Sugarcubes), uma islandesa ironizava sobre o comportamento humano. Posteriormente, espalhou charme pelas ruas de Nova Iorque.
PULP – "Common People" (1995)
DAFT PUNK – "Revolution 909" (1996)
AIR – "Le Soleil Est Pres de Moi" (1997)
SUEDE – "She's in Fashion" (1999)
KRAFTWERK vs WHITNEY HOUSTON – "I Wanna Dance With Numbers" (2001)
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