A serenidade dos fãs, horas antes da Final da Eurovisão em Lisboa
Todas as fotos por André Dias Nobre.

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Festival Eurovisão

A serenidade dos fãs, horas antes da Final da Eurovisão em Lisboa

A festa dos seguidores do Festival, para lá do fogo de artifício, da excitação hedonista e das lantejoulas, pela lente do fotógrafo André Dias Nobre.

Saltámos do primeiro para o último, passámos o testemunho a Israel, organizámos uma edição que marca definitivamente uma nova, brilhante e moderna era da Eurovisão segundo o The Guardian, ou uma edição que, apesar de momentos musicais inexoravelmente espectaculares fora de competição - Salvador e Caetano, Ana Moura e Mariza, Beatbombers, Branko & companhia -, na sua essência não foi mais que "uma montanha de lixo", garante o El País.

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E de um #allaboard apolítico e inclusivo até à medula, arriscamo-nos agora a um #allagainst, ou algo do género, numa edição de 2019 imediatamente tornada refém da tensão política e de uma polémica ("polémica" é um understatement, bem sabemos) chamada Jerusalém. Bem, mas agora esse "problema" já não é nosso. Da organização portuguesa, entenda-se. Portugal organizou e aparentemente organizou com a categoria que se nos reconhece nesta coisa de levantar do nada mega eventos de sucesso. Na senda de uma Expo 98 e de Euro 2004 - mas com o extra "redes sociais" a ajudar ao clássico "botabaixismo" nacional - safámo-nos lindamente e não me fodam com os "milhões que são pagos por todos nós" e os ataques terroristas e a piroseira e o azeite e o que é que isto interessa para o país que sofre e o buraco da RTP e o inglês da Catarina Furtado e o ópio do povo e música não é isto e porque é que a VICE escreve sobre isto

Eh pá, a sério vão-se foder! Deixem-nos respirar um bocado. O Mundo mudou. Muda todos os dias. Habituem-se. A vida é muitas coisas. Vivam-na. Ou deixem vivê-la. Saíam das vossas zonas de conforto, ou então destilem os vossos ódiozinhos nos vossos muraizinhos, com os vossos amiguinhos e deixem o resto do Universo gostar ou não gostar do que bem lhe aprouver. Façam memes com o Toy e com a Netta, com as galinhas, com o Sobral, com o Dr. ACtivism, com o diabo que vos carregue… ou então, sabem o que é que também podem fazer? Não verem e irem salvar o Mundo fora dos vossos quartos bolorentos e teclados gordurosos.

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Se houve coisa que a Eurovisão em Portugal nos voltou a lembrar (ou pelo menos a quem se esquece a cada refresh nas timelines da vida) é que ainda vamos tendo alguma liberdade. Sim, liberdade. De ouvir, de ver, de viajar milhares de quilómetros para conhecer gente, vibrar com música, ou com algo que para alguém é música, esquecer por um bocado a merda de Mundo em que, por enquanto, vamos sobrevivendo. E esquecer por um bocado não é preocupares-te menos. É só esquecer por um bocado. Foi para isso que inventaram o entretenimento.

E foi para isso que Lisboa se encheu durante mais de uma semana de fãs da Eurovisão. Uma espécie muito particular de fãs, como aqui já mostrámos. Enquanto País, guardámos em nós tanta coisa importante depois da Expo e do Euro (sim, para além da estupidez dos estádios desnecessários), que não era nada mau que também soubéssemos guardar alguma coisa disto.

No sábado, 12 de Maio, dia da Final do evento, o fotógrafo André Dias Nobre andou pela Eurovision Village, no Terreiro do Paço, em Lisboa, a observar esses fãs e captou em imagens uma certa beleza cândida e serena, por entre a habitual excitação over the top. Já eu, vi na televisão e ri-me no Twitter (Alex D'Alva, desculpa, não conseguimos!). Porquê? Porque me apeteceu.

Vê mais fotos do André Dias Nobre abaixo e acompanha o seu trabalho aqui e no Instagram.


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