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Sexo

O Brasileiro que faturou o Oscar do pornô

Uma entrevista com Gil Bendazon, a máquina de produzir pornografia que abocanhou um prêmio no AVN Awards 2013 com a série "Big Wet Brazilian Asses".

O Gil Bendazon não curte muito aparecer. Você vai sacar melhor lendo a matéria.

Se Oscar para você é assistir os comentários do Zé Wilker ou do Rubens Ewald Filho na TV, penar com aquela tradução simultânea e ver um monte de artista hollywoodiano às lágrimas, tirando a cueca pela cabeça, então pega essa entrevista que eu fiz com o Gil Bendazon. Ele foi o primeiro diretor brasileiro a abocanhar um prêmio no AVN Awards (Adult Video News) 2013, mais conhecido mundo afora como “o Oscar do pornô”. A categoria era “Best Ethnic Series”. E, olha só que maravilha, o Gil levou a parada para casa com a série “Big Wet Brazilian Asses”. Sublime.

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Verdadeira máquina de produzir pornografia para fora do país, o cara faz um filme por mês em parceria com estúdios gringos, como Elegant Angel e Combat Zone. Primeiro eles são lançados lá e depois podemos degustá-los por aqui. Perguntei a ele como funciona o pornô no Brasil, como vivem os atores tupiniquins e como a internet, pipocando vídeo pirateado e amador o tempo todo, fodeu esse mercado. Leia abaixo.

VICE: Você faturou o prêmio no AVN Awards. Isso é inédito para um brasileiro. Como foi?
Gil Bendazon: Isso foi muito importante para mim, pois eu tinha um ego pessoal e queria muito ganhar esse prêmio. Aqui no Brasil as pessoas só conhecem o AVN, mas se você pesquisar irá ver que, com a mesma série, ganhei o Urban X Awards, que ninguém conhece. Mas objetivo é objetivo.

Todo mundo sabe que, se tem uma coisa que não falta neste país, é mulher com bunda grande, mas o que eu quero saber é: como rolou a ideia de fazer essa série de filmes?
Para quem não sabe, sou sócio de três pessoas. Na época em que começamos, em 2006, eu já sabia que em breve iria fazer algo. Em 2007, comecei a dirigir. Como tenho um padrinho e sócio, o Patrick Collins, ficou mais fácil de entrar no mercado norte-americano. Mas nem tanto, pois as exigências são grandes. Enfim, conseguimos atingir nosso objetivo. E, como na época essa série tinha acabado de ganhar como melhor série e melhor cena de sexo anal, resolvemos fazer uma versão brasileira.

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Além da bunda, o que você buscava nas atrizes da série?
Beleza, sexo rápido (não hard), tesão, pegada, entrosamento. Lançamos apenas dois filmes dessa série por ano para ter um melhor aproveitamento do elenco.

Capa do filme vencedor.

Quem consome mais os vídeos de mulheres bundudas? Os gringos ou os brasileiros?
Até 2008, 2009, eram os gringos. Mas, a partir de 2010, o consumidor brasileiro entendeu que é no Brasil que se tem a mulher mais bonita, mais gostosa. Para e repara. Você vai entender o que eu falo.

Como rola a parceria entre você e os estúdios gringos, como Elegant Angel, Combat Zone, entre outros?
Com a Elegant Angel, acontece da maneira mais clara possível, pois somos sócios no Brasil. E com a Combat Zone, Third World, Amateur District, Platinum X e algumas outras, somos fornecedores (parceiros) deles.

Quantos filmes você faz por ano?
No máximo 12. Um por mês. Se precisar, fazemos mais, mas a média é um por mês.

Quantos vão para fora do país e quantos ficam apenas por aqui?
Todos os filmes produzidos por nós são lançados primeiro nos EUA e depois no Brasil.

Quanto tempo um filme leva para ficar pronto?
Em média, 30 dias. Alguns são mais rápidos e outros, mais devagar. Além de produzir, dirigir e filmar, eu mesmo finalizo as edições dos meus filmes.

Você consegue fazer uma grana legal com isso?
Não. Hoje em dia não vivo mais só do pornô. Faço também vídeos institucionais, making of, comerciais.

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Por que é mais barato fazer filmes pornôs no Brasil do que na gringa? Muitos atores vêm para cá gravar. Tem a ver com o custo de produção, como cachê de atores e locação, ou é um lance mais burocrático?
A produção sai mais barata.

As atrizes e os atores pornôs brasileiros vivem bem de grana? Como é a vida dessa galera?
Alguns sabem administrar bem o sucesso de um bom trabalho e conseguem vários outros. Através disso vendem shows, fazem programas e por aí vai.

Quais são as perspectivas do pornô brasileiro?
Com essa mudança brusca da mídia de DVD para a internet, creio que em mais um ano comece a melhorar, pois todos os sites vão precisar de conteúdo novo.

A internet e a pirataria foderam a indústria pornô. Como vocês fazem para continuar na ativa? Foi preciso se reinventar para competir com tantos vídeos caseiros e pirateados?
Sim, pois hoje você acaba de lançar um DVD e amanhã ele já está livre na internet, de graça para quem quiser assistir. Reinventar não é a palavra certa, mas hoje temos que vender os direitos do mesmo filme para várias outras finalidades.

Li uma entrevista onde você diz que, nos EUA, a atriz americana é tratada como uma pornstar, e aqui no Brasil ela é tratada como uma puta. Por que você acha que os brasileiros ainda são tão conservadores quando o assunto é pornografia?
Sim. Falo isso pois conheço os dois mercados e te garanto que a diferença é brusca em relação a essa questão. Lá, uma pornstar é tratada como qualquer pessoa e, aqui no Brasil, se uma garota falar que é atriz pornô, é tratada como uma vagabunda. Essa é a verdade. Ainda existe muito preconceito – mas muito mesmo – aqui no Brasil.

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Conheço muita mulher que gosta de pornô, mas a maioria reclama que os filmes são muito machistas. É sempre uma mina chupando um cara e o cara gozando na cara dela. O que você pensa sobre isso?
Concordo com elas, mas nosso mercado ainda é voltado ao consumidor homem. Creio que em breve será diferente. Hoje, quando se fala em uma feira voltada ao sexo, já se pensa em putaria, mas, pelo contrário, hoje as feiras são voltadas ao consumo de produtos sensuais. Em breve, não muito longe, os filmes também serão assim, voltados mais ao público feminino.

Você pensa em parar de fazer filme pornô?
Não penso, não, e penso mais além: quero poder fazer filmes ou vinhetas para novos formatos de mídias que estão por vir.

Siga a Débora Lopes no Twitter: @deboralopes

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